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JÚLIA.

Me arrumei bem rapidinho pra gente poder ir almoçar, queria muito colocar um vestido, mas impossível porque não trouxe e porque estamos de moto.

Lucas saiu do banho e agora tá jogado na cama só com um short, esperando eu terminar de me arrumar. Os pais dele também vão ir, descobri inclusive que era para eles estarem aqui, mas de última hora tiveram que ficar no Rio.

- Tô leve pra caralho, por mim ficava aqui mesmo. - ele fala. Eu não sei que fogo é esse que se encostar um no outro a gente tá sem roupa.

Tivemos uma transa gostosinha lá na sauna, lentinha, mas que ficou com aquele gostinho de quero mais, sabe?

Ele levantou para pegar a camisa e eu penteei meu cabelo para podermos ir. Eu estou com uma blusa do Lucas junto de um short, não tinha condição alguma de eu colocar minha blusa porque ela é aberta na parte da frente, onde dá para ver as marcas vermelhas.

- Aô, viu aquela minha blusa branca não? - ele pergunta. Lerdinho demais, porque eu estou com ela já tem uma cota de tempo. - Que tava em cima da poltrona junto do meu short.

- Eu estou com ela. - respondo. Ele parece se ligar e fica prestando atenção, nem falou nada, só ficou me olhando. - Quer ela? Eu tiro e pego outra.

- Não, pode ficar. Tá gostosa, preta. - ele fala e abre o armário pegando uma bege over, super estilo dele. O closet lá do apartamento dele parece o daqui, a maioria tudo neutra, dá para contar as coloridas. - Meus pais já estão lá, vamo.

Descemos no restaurante e ele pega na minha mão, guiando até a mesa que seus pais estão, que quando nos vê, dão um sorriso simpático.

- Ahh, que lindos vocês juntos! - dona Marisa fala se levantando para nos receber. - Tá tudo bem? Carinha de quem tava fazendo meus netinhos.

- Calma lá, dona Marisa... - respondo, meia desconfortável. Mas evitando transparecer. ‐ Eu tô bem, e a senhora?

- Ótima, minha filha. - responde e eu vou cumprimentar o pai dele, que também me recebe caloroso com um abraço.

- Ih, coroa... tá brecado de beber? - Lucas pergunta pro pai dele que tá bebendo uma água com gás. - Pô, mãe, sacanagem fazer isso. Libera a loira pra ele.

- Ele faz o que quiser, né Augusto? - Marisa responde o filho e tira a mão do braço do seu esposo. - Vai beber, Júlia?

- Ainda não sei, não gosto muito de cerveja.

- Acredita que eu também não? - fala para mim e eu folheio o cardápio para decidir o que beber esquanto os outros dois decidem pedir um balde pequeno com cerveja. - Gosta de sangria?

Concordo e ela faz o pedido de vinho branco com frutas. É super refrescante e com esse calorzinho que tá vai cair super bem, pedimos também alguns frutos do mar e um arroz a piamontese para acompanhar. A companhia dos dois é tão agradável que eu facilmente ficaria horas só conversando, ouvindo as histórias deles. É um casal de admirar.

- O contraste dos dois é complementar, olha só. - ele ponta e eu viro a cabeça para vê-los dançar a música que está tocando. - Coroa paradão e minha mãe um furacão.

- Facilmente nós dois.

A mão dele entrelaçada na minha traz uma calma junto do vento que vem até nós. Dou um sorriso vendo os dois darem um beijinho e viro o rosto pro Lucas, onde ele também assiste dando um sorriso.

- Vem, sei que tu quer ir. - ele me chama e eu me levanto na mesma hora.

Vamos para o meio dos outros casais e começamos a dançar a música bem vibezinha, calma. Escoro minha cabeça no seu peito e fico fazendo um carinho por cima da sua blusa com as pontas dos meus dedos. A mão dele na minha cintura vai nos guiando, apesar de estarmos só nos mexendo de um lado para o outro.

Uma bolha. Onde só tem eu e ele.

- Eu quero guardar esse momento. - falo. - Que sejamos calmos igual a ele está sendo.

Viajo e sempre paro em você aqui, guardo amor por agora não vou partir. Tenho você para mim, eu sou tão ruim. Falo de amor mas nem me amo assim.

Cida começa a ser cantada e um arrepio se faz presente em meu corpo. Lucas sobe a mão para o meu cabelo e afasta ele, dando um cheiro em meu pescoço.

Roubando flores para sentir seu cheiro, sinto o cheiro do seu corpo...Veja bem, meu bem, a gente se perdeu. Veja bem, meu bem, ainda sou só seu.

E eu ainda espero e agora eu só quero um novo ciclo pra poder aliviar.

Olho para cima e me perco nos pensamentos. Fico nas pontas dos pés e dou um beijo na sua boca, no qual ele retribui dando um sorriso de canto...maldito sorriso que quebra todas as barreiras.

Todas as dores que passamos, e fortes fomos ficando. E dizem eles que agora nós somos só restos do que ficou.

Aqui eu já sei que não é só uma paixãozinha, é muito além. Sentimentos guardados para mim, que agora decifrei, só não posso expor ainda. Mas minha alma queima só de saber que encontrei uma razão novamente...

E o coração parou quando eu conheci você. Se pá tu me conhece, já sabe da minha vibe, aqui quando eu te toco tu para todo meu baile.

Me alegro em dizer que, nego, briso em você.

- Preta...

Viajo e sempre paro em você aqui, guardo amor pro agora, não vou partir.

- Júlia, tu quer namorar comigo?

A voz dele bem baixa e no pé do meu ouvido me faz parar. Você quer namorar comigo?

Choque.

Pisco diversas vezes, sem conseguir falar nada. Sendo que o sim está ecoando pela minha cabeça.

- Namoro?

- Tu aceita ser minha mulher? - pergunta novamente.

ACEITO.

- SIM!! Eu aceito. - respondo, entusiasmada e totalmente surpresa. - Sim, sim, meu Deus... eu aceito.

Ele solta uma risada gostosa e eu tombo minha cabeça para trás. Sem acreditar.

- Esquece, agora já era, minha mulher.

- Lucas, eu não estava esperando. - escondo minha cabeça no seu peito.

- Eu também não, mas aconteceu, eu senti que tinha que ser agora. - responde. - Bagulho não teve nada, tu merece e pá... mas eu tinha que fazer agora. Tu é a mulher que tá nos meus pensamentos desde a primeira vez, mas de um tempo pra cá se tornou impossível não ter você na minha vida.

- Tá tudo bem, eu..eu amei. Não me importo com essas coisas tradicionais. Você sabe como nós somos, que tudo é oito ou oitenta, nossa intensidade não nos deixa agir com calma.

A bolha é estourada quando a música para e cai a ficha que agora eu estou namorando.

Namorando. Tem noção?

- Que sejamos um para o outro tudo que precisar.

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora