NASCER DO SOL

148.

JÚLIA.

27 de setembro, 2023. - 25 semanas.

Hoje é sexta-feira, o que significa que também é aniversário da Marisa, minha ex sogra. Eu fiquei muito em dúvida se iria ou não no jantar que ela preparou, mas, por fim, decidi ir sim, minha relação com ela foi muito além de nora e sogra e sim de uma amizade que surgiu a partir do nosso carinho.

Eu estou usando aquele mesmo vestido que comprei dias atrás, com um salto que provavelmente vai acabar com meu pé e esperando o Lucas chegar para me pegar, já que segundo ele, seria melhor irmos juntos, que dependendo do horário que eu voltasse poderia ser perigoso, todo aquele drama dele de sempre.

A mensagem chega avisando estar me esperando lá na portaria. Pego o presente e minha bolsa e vou pro elevador, sentindo uma ansiedade por algum motivo que não sei. É como se nós estivéssemos saindo pela primeira vez. Saio da caixa metálica e caminho na direção dele, que está todo social e no preto, verdadeira perdição.

- Que isso, vai ter que dar uma voltinha pra eu ver melhor. - pega minha mão me girando, como sempre fazia antes. - Tá lindona, pô.

E eu sempre fico com vergonha. Ele sempre parece prestar atenção demais em mim, em como estou e todas essas coisas que te faz sentir única.

- Nada mudou, né? - falo baixinho, caminhando ao seu lado.

- Tu continua gostosa e é obrigação eu prestar atenção, não? Se não for eu, vai ser outro...

Eu não respondo. Entro no carro, coloco o cinto de segurança e vou o caminho todo pensando em tantas possibilidades. É estranho ficarmos juntos em um mesmo local só nós dois, sem assunto, só sentindo a presença.

Quando ele estaciona eu me vejo pelo espelho uma última vez, limpando o borrado do gloss. Ele desce do carro e fica me esperando, desço também e fico ao seu lado para entrar. A casa grande agora parece pequena com as pessoas, são algumas crianças correndo, rodas de pessoas conversando, e nós dois caminhando lado a lado com o olhar deles em nossa direção. Paramos na primeira mesa, alguns homens e o pai dele no meio.

- Caraca, parece que esse moleque cresceu mais! - um deles fala, levantando e abraçando o Lucas. - Tá homem mesmo, com barba e tudo.

- Pô, tio, e tu continua careca... - seguro a risada com a brincadeira deles. Ele pega na mão ali de cada um. - Essa aqui é a Júlia, mãe da minha filha.

- Oi, prazer. - aceno pra eles, que me analisam, focando na barriga.

- Essa é a menina que a Marisa é encantada e que tanto fala. - o Augusto fala, bebendo.

- Muito bonita, Luquinhas. - algum tio dele comenta. Eu desvio minha atenção e vejo a Dona Marisa vindo em nossa direção.

- Ahh, não acredito que você veio! - abre os braços para me receber. - Tá linda, minha filha. Muito feliz de te ter aqui.

- Ai, impossível não vir, né? Faz tanta questão de mim, que é até feio pensar em não vir. - respondo. - Parabéns, Marisa. Obrigada por sempre me tratar tão bem, te desejo tudo do melhor, sempre!

Solto o abraço entregando o presente pra ela. Depois o Lucas que vai dar um abraço na mãe, e ficam naquele chororô todo.

- Nem precisava de presente, vocês já me deram o maior deles. - passa a mão na minha barriga e eu dou um sorriso. -  Você já conheceu os homens da família, agora quero te apresentar para as mulheres.