NASCER DO SOL

14.

LUÍSA.

Depois que a Júlia foi embora, eu fiquei sem ânimo algum, todos ali sabiam que ela não está com dor de cabeça, ela não sairia sem avisar tanto a mim quanto ao Caio se estivesse com dor. Eu conheço muito bem minha amiga e, esse filho da mãe do Lucas, não contou nada, porque eu senti que ele sabe do motivo.

- Ih, qual foi? Tá fraquinha hein. – tinha acabado de tirar o celular da orelha quando o Caio chegou, a ligação caia em caixa postal e nada da Júlia atender. – Seu copo tá virando piscina.

Ignorei ele e voltei a ligar pra Júlia, o show tinha dado uma pausa e o meu novo boy deu sinal que ia subir aqui para me ver.

- Tá toda preocupada aí.

- Sua irmã! – já tava preocupada. – Você sabe muito bem, até mais que eu que ela não vai embora por causa de dor.

Ele fez uma cara de quem sabia também. Aí que ódio que eu tô de tudo e todos, parece que só eu não sei o motivo.

- Desembucha, Caio, pode ir falando.

- Caô com o pela saco do Gabriel. – pronto, foi falar o nome dele até me transtornei.

Não gosto dele de jeito nenhum, no começo até tentei gostar, mas não bateu, sabe? Sempre falei para ela, mas antes de tudo quero vê-la feliz, então me controlo.

- Tinha que ser! Rolou o que dessa vez? – já fui perguntando também, qualquer coisa já ia tirar satisfação onde é que ele estiver.

- Não sei também, vou ir pra lá agorinha, só tô esperando o Felipe aparecer aqui com o Lucas.

- Eu vou é agora, tô esperando o uber aceitar.

Assim que falei isso senti os dois braços na minha cintura, sabia já quem era.

- E aí linda, tá curtindo? – Jonathan falou me dando um cheiro no pescoço e o Caio fechou a cara total, era só o que me faltava. – Opa, quem é esse?

- Oi lindo, super! Só que aconteceu um problema com minha amiga e vou ter que ir agorinha. – retribui o selinho. – Esse aqui é o Caio, um amigo meu.

Era só o que me faltava viu, o clima péssimo entre ao dois. Que horror! As vezes eu acho que joguei pedras nas cruz, não é possível. Os dois se cumprimentaram lá e o Lucas saiu, deixando só nós dois ali.

- Queria ir com você, mas minha amiga tá precisando de mim, deu maior problema pro lado dela e eu sei que ela precisa de mim. - ele tinha me chamado pra ir pra casa dele, mas expliquei a situação.

- Não tem problema não, do jeito que tu fala dela sei que vocês são carne e unha.

- Obrigada por me entender, de verdade. Até chamei ela aqui, mas teve que ir e agora sobrou eu.

Dei mais uns beijos naquela boca gostosa e me despedi dele que inclusive já ia voltar a tocar, dei um abraço no Lucas, peguei a bolsa da Júlia e quando estava descendo as escadas o Caio me olhou dos pés a cabeça, ergui minha sobrancelha e fiquei olhando ele.

Nós temos uma química da porra, mas é impossível ficarmos juntos, já tentamos, mas não dá certo. Nós somos iguais e isso não funciona, além de que ele vive indo e vindo pro Rio.

- Tô indo lá, vou deixar a porta aberta pra quando você aparecer lá.

- Tá, não vou demorar não. Cuida dela por mim.

Nem disse nada. Ele sabia como lidar com a irmã dele, então ele que se resolva com ela depois, porque minha parte tô fazendo. Assim que pisei fora do bar encontro o Gabriel e uma garota, como dois casais. Não sei o que estavam conversando, brigando, mas vi que ali tinha traição. Minha vontade é de ir lá nele e desgraçar, mas o uber já tava me buzinando horrores e era questão de segundos para ele me largar ali.

Assim que eu cheguei no nosso apartamento encontrei ela deitada no sofá chorando igual criança, um choro sofrido. Minha única reação foi ir até ela e abraçar.

- Eu sei que você tá sofrendo meu amor, mas você tem que ser forte, tá me ouvindo?

- Aquele desgraçado me traiu, traiu...eu me sinto tão humilhada. – o choro forte vinha cada vez mais. – Eu sou tão ruim assim? Eu mereço passar por isso? O problemas sou eu?

- Eu sei, eu sei... shiii. O problema não é você e nunca será, quem errou foi ele.

- Mas por que? Eu amei aquele homem com todo meu coração e eu recebo isso em troca?

- Tem coisas que temos que passar para aprender, não tô dizendo que você tinha que passar por essa falta de caráter, mas na frente isso vai ser necessário pro seu crescimento. – fui falando e ela se acalmando, o rosto todo vermelho mostra o quanto ela já chorou. – Agora é você focar em si.

Fui conversando com ela até se acalmar, quando vi que ela já tava melhorzinha ajudei ela a tomar um banho e deitei com ela na cama. Foi bem rápido ela dormir, mas até involuntariamente as lágrimas continuavam a cair.

Ouvi a porta ser aberta e o Caio colocou a cabeça pra dentro, me levantei da cama e fui até lá.

- Como ela tá?

- Se sentindo humilhada, inferior. Conversei com ela, ela chorou bastante, mas é um dia de cada vez.

- Papo que eu tô num ódio fodido daquele otario. Ele deve tá achando que é  algum palhaço para tá brincando com minha irmã.

Fui pra cozinha e ele falou que viu os dois lá juntos. Nossa, meu ódio só aumentava. Minha vontade é de arrumar uma confusão gigantesca com ele por ter feito isso com minha irmãzinha.

- E aquele cara lá, é quem? – ele me encarou e ficou esperando minha resposta.

- Vai mudar o que em sua vida, Caio? – rebati a pergunta e ele bufou. – Só para avisar: você sabe muito bem que não é o único.

Saí de lá e fui em direção a sala, mas ele me prendeu no caminho impossibilitando minha movimentação.

- O que mais você precisa para entender que podemos dar certo?

- Já viu que duas pessoas iguais não combinam?

- De novo com esse papo?

- Caio, essa é a nossa realidade! – falei. – Me deixa passar, por favor, não quero ter essa conversa de novo e você também bebeu e agora eu estou me envolvendo com outra pessoa.

- Bebi, mas tô sóbrio o suficiente.

Ele deixou o caminho livre e eu passei pro meu quarto, não queria ter aquela conversa novamente tão cedo.

                                         Feliz Natal!🎄🎅