NASCER DO SOL

75.

CAIO.

- Não vai dar um giro? Coé, qual o papo? - Lucas chegou falando e eu neguei com a cabeça.

Pô, tô puto pra caralho por ele estar com minha irmã, ela não ter me dado o papo antes ou dele mesmo é pior. Isso pra mim é falta de confiança, eu sabia de tudo já, só cego mesmo pra não ver, mas mandei o papo? Não, por mais que minha vontade era de prensar esse comédia na parede por tá dormindo com ela e falar pra ele se afastar.

Mas minha irmã ia ficar puta pra caralho e prejudicaria nossa relação que é foda. Mas esperei o tempo dela, mesmo que contra gosto. E quando ela falou os caralhos lá eu só falei que já sabia. Ia adiantar eu surtar? Dar de maluco? Não ia, pô. Só que tô sentindo meio baqueado por ela ter mentido pra mim, escondido. Tem nem como.

- Não vai chegar na Luísa? Maluca agora tá solteira, pá...- fala de novo. Queria pra caralho tá aproveitando junto da loira, mas ela mandou o papo que acabou de terminar e ainda não tá preparada e eu entendi.

- Tu tá maluco mesmo pra eu te socar, né?

- Mermão, tu tá doido pra isso, mas fazer o que se eu tenho a senha. - debochou e eu me segurei pra não ir pra cima dele. Moleque palhaço, pô. Acha que tá legal ficar pegando a irmã dos outros. - Fica tranquilo, Caio.

- Sei lá que porra vocês dois tem, mas se tu brincar com ela esquece irmandade, caralhos a quatro.

- Papo reto, tô com ela porque quero, sem esse papo de se envolver igual moleque e tchau. - respondeu e eu olhei pra frente vendo minha irmã e a Luísa cantarem juntas. - Mas segue teu coração, conversa com ela porque vocês tem futuro, só não vacila.

- Quero fazer diferente, dar pra ela tudo que merece, curtir tranquilo. Ela só tem que confiar em mim e no meu papo.

- Nunca troque um coração que te ama por olhares que te desejam, porque depois tu sente falta do coração que foi puro e te amou.

Ele fala isso e eu absorvo na intensidade de saber que é verdade. Eu troquei o coração que me amava, mesmo na época eu não sabendo, por apenas um bagulho de momento. E perdi a mulher da minha vida. Hoje eu tento de tudo pra fazer ela confiar em mim denovo, sem essas paradas de desconfiança, mas tô vendo que é foda.

Enquanto houver razões eu não vou desistir. Se for pra eu chorar, quero chorar por ti, porque não te esqueço. Vou te esperar passe o tempo que for, deixe bem guardado esse nosso amor.

Na mesma hora que eles cantam essa música ela me olha e eu sinto meu peito doer. Deixo a bebida ali e vou até onde as duas estão, ela me dá um meio sorriso e minha vontade é de beijar sua boca, cuidar dela da forma que merece. Seu olho tá meio brilhoso, como se quisesse chorar.

- Eu não posso te pedir nada, mas vamos conversar hoje? Só se tu quiser. - falo baixinho no ouvido dela e ela concorda.

- A gente vai daqui a pouco, pode ser? - concordo e abraço o corpo dela. - Ao encontrar você eu me perdi de mim. O que é que eu fui querer? Por que te amei assim? Sem alma e coração, você é tão ruim e agora que eu tô bem, cê quer voltar pra mim.

Senti uma lágrima dela molhar minha camisa e apertei o corpo dela no meu mais forte. Ela me olha e eu só começo a puxar ela pra gente sair daqui e ir se resolver. Eu sei que a Júlia vai chegar tarde em casa, então nem me preocupo muito com ela por agora.