NASCER DO SOL

45.

JÚLIA. 

Só queria dormir, mas quem disse que consigo com a Luísa e o Caio enchendo meu saco pra ir pra Saquarema?! Meu corpo tá todo ferrado porque o Lucas não deixou barato meu treino ontem, depois da luta ele me levou pra treinar superiores. Revirei na cama e me cobri com meu lençol tentando voltar a minha paz de espírito no soninho. 

- Vai morrer se ir hoje pra lá? Sextinha de leve, geral indo pra curtir. - meu irmão disse e eu fingi de morta. - Amanhã cedinho começa o campeonato de surf. 

- Para de ser falsa e levanta, Júlia. Vai ficar fazendo o que aqui? Nem festa tem. - Luísa se jogou na cama e eu tive que acordar de verdade. 

- Vou ficar aqui tranquilinha, quem sabe eu não apareça lá domingo... - resmunguei e e meu irmão bufou. - Se manca, Caio, você nem pode ficar pegando sol pelas tatuagens novas, não sei porque desse desespero. 

- Não adianta cortar minha onda não filhona, fora que já se cicatrizou... Perguntei pro Lucas e ele disse que tava suave, só passar protetor e hidratante. 

- Lucas? Ele tatua também? - a Lu perguntou e eu concordei. - Ele é a Barbie? Porque esse macho faz tudo, constrói casa, pilota, tatua... 

Não aguentei e soltei uma risada, meu irmão olhou nós duas e só saiu do quarto. Como já não tinha mais possibilidade alguma de dormir novamente, levantei e fui comer meu café da manhã junto deles. 

- Que parada é essa dele pilotar? - perguntou e eu olhei a Luísa fazendo uma careta. Contei pra ela sobre ele pilotar e sobre ter me levado na corrida, a garota falou tanta bobeira que só repirei fundo pra não surtar, porque foi cada uma... - Tá sabendo isso da onde, chatona? 

- Ele tava em Niterói participando de uma corrida aí, a Júlia sabe. - simplesmente quase engasguei. A Luísa quando quer consegue se a maior filha da puta, por Deus! - Calma, pelo amor de Deus. 

- Sabe do que, Júlia? Tava junto? - meu irmão me olhou e eu dei ombros, mas querendo matar a Lu.

- Que? Óbvio que não. Eu fui com uma amiga minha e sem querer nos esbarramos lá, nada demais. - respondi e dei um chute na canela dela. - Mas ó, não vou hoje não, talvez amanhã eu apareça por lá. - puxei o assunto anterior para desconversar e a Luísa me olhando toda debochada. 

- Hoje tem maior festa lá em Saqua pra piar, vamos. 

- Sério, nem rola. Preciso estudar pras minhas provas finais e meu tempo livre é esse aqui. 

Finalmente convenci esses seres insuportáveis quando querem sobre eu ir amanhã, já que eles não deixariam tão barato eu só dizer que não vou. Eles levantaram pra passar no Felipe e pegarem estradas,  ajudei a colocar as malas deles e a prancha do meu irmão em cima do carro e comecei a me despedir. 

- Cuidado, tá? Passa protetor, bebe muita água, não use essas coiseiras malucas junto dos meninos. Te amo muito! - abracei e ele deu uma risadinha concordando, mas sei que não vai seguir nada do que falei. - Tô falando sério, seu bobo. E amanhã eu apareço por lá, te mando mensagens avisando. 

A Luísa apareceu lá no estacionamento e fui pra abraçar ela dessa vez. Queria era saber como seria o clima no carro, porque ela acabou de dizer que o namorado dela vai junto deles. 

- Vai curtir, loirinha. Só te peço cuidado, mas sei que tu vai no embalo deles e isso é presepada na certa. Então só te peço um pouquinho de juízo, ok? - meu irmão buzinou e ela deu o dedo pra ele. - Me conta depois o que foi essas horinhas de ex ficante e namorados juntos... de quebra Felipe pra atazanar vocês. 

- Nossa, nem fala. Já estou com dor de barriga pensando que vou ter aguentar esses três. - ela respondeu e eu ri. - Ou vai dar muito bom ou vai dar muito ruim. E, na pior das hipóteses, se matarem. - meu irmão buzinou de novo e eu soltei ela. - Te amo, tá? Me liga qualquer coisa, menos quando eu estiver dando. 

Voltei pro meu apê e fui começar a estudar, pedi um almoço pra focar totalmente e não perder tempo. Essa última fase da faculdade, independente do curso, é a hora de testar se realmente é isso que você quer, porque sinceramente, é uma humilhação sem fim de nota, trabalho de conclusão de curso tirando noites de sono, conseguir cumprir a grade de horários sem ter que assistir aquelas palestras que a faculdade dá para conseguir pegar horas. Verdadeiro caos. 

Nem vi o tempo passar, tanto que só fui ver já estar início da noite porque meu celular começou a apitar sem espaço de tempo, quando abrir o grupo nosso estava lotado de mensagens. Respondi? Nadinha. Já devem estar aluados pra caramba. Entrei no instagram e comecei a ver da galera, geral na resenha na casa que meus pais que tem lá, inclusive os dois no meio. Parecem dois jovenzinhos, vivem direto com meus amigos quando tem algo do tipo, ou até mesmo eles vão na festa que eu e o Felipe agenciamos. 

Parei nos stories do Lucas, postado a segundos atrás, uma visão do mar, pelo que bem estou lembrada é da casa dele, um copo de whisky e a mão dele. Achei até meio estranho, porque até então, pelo que o Caio e o Felps comentaram, ele ia junto. Como quem não queria nada fui responder, né. 

dm, instagram on. 

em resposta a @lucasferrazz: pensei que estivesse junto da galera em saquarema

já falei que tu tem notificação ativada minha. prr, tem nem dois minutos que postei 🤪

saquerema só amanhã. e tu, tá aí?

- se manca vei, todo abestado.

que nada, tô aqui estudando e também só apareço amanhã por lá.

[foto]

ih, coé... tá sozinha?

- felizmente, mas acompanhada de vinho e livros com códigos que não estou entendendo nada😩

vem pra cá...

- tá maluco? preciso acabar com isso aqui.

tô falando sério, vem pra cá quando acabar e eu te ajudo a relaxar...
vou mandar a localização no seu wpp.

dm, instagram off.

Levantei a cabeça e fiquei duvidando né, mas não é que ele realmente me enviou? E pior ainda, estou realmente cogitando ir. Nem avisei nada, só visualizei e voltei a estudar o que precisava antes de finalizar.

Tomei um banho bem demorado, daquele que você sente estar renovada e comecei a pensar numa roupa, decidindo um vestido soltinho e comecei a arrumar meu cabelo. Por eu já estar levemente alcoolizada pedi um uber, peguei uma garrafa de vinho na adega e desci.

Paguei e desci, ele liberou minha entrada e eu peguei o elevador que dava direito pra cobertura. Apertei a campainha e fiquei esperando ele abrir, quando ouvi a porta ser aberta ele apareceu com aquelas bermudas de moletom e sem camisa.

- Porra, não é que veio mesmo, problemão.