98.

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LUCAS.

- Meu Deus, não foi sonho....

Ouço ela cochichar e passo o braço na cintura dela, querendo voltar a dormir. Ar tá gelado pra caralho e tem uma luz no quarto que não tá me deixando voltar a dormir, fora que minha mulher também não para de se mexer.

- Vamo dormir, problemão. Tá cedo ainda. - resmungo e abro os olhos. A garota tá simplesmente com a mão levantada analisando o dedo com a aliança. - Sabia que você me queria, mas agora tô achando que foi amarração sua.

- Amarração? Meu bem, Júlia Hardel não trabalha com coisa fraca. - responde.

Subo em cima dela já que não me deixa dormir e o silêncio se instala. Sua mão sobe e desce pelas minhas costas, uma calmaria tão boa. Dou um beijo na sua bochecha e depois na sua boca, descendo pro pescoço.

- Já que não dorme porque está toda emocionada vamo tomar um banhozão. - murmuro. - Hein?

- Vou ganhar alguma coisa com isso?

- Você já me tem e precisa de mais? - aperto sua cintura. - Coé, eu valho pra caralho.

- Uma garantia, não? - pergunta e eu nego com a cabeça. - Tá, quais são os planos para hoje? Ou tá achando que vamos ficar só entre sala e quarto?

- Muito melhor, coisa gostosa.

- Sai de cima de mim, anda, anda. - tenta me empurrar, mas meu corpo nem se move com as falhas tentativas. - Pode tirar seu cavalinho da chuva se tá achando que vou me contentar com pau e água.

Encaro ela e solto uma gargalhada.

- Não tá bom? Ah, pô, jurei que tava se amarrando.

- Uma hora o corpo pede arrego, né?! - fala e responde a si mesma na mesma hora. - É. Então se adianta, dá teus pulos para me entreter. Planos?

- Trilha bolada e depois banho de mar.

- Não, nem inventa. - contesta e eu saio de cima dela para levantar. - Trilha essas horas, Lucas? Tá maluco, eu não consigo andar nem meio quilômetro.

- Enjoada pra caralho, mané. - falo. A mão pesada dela estala no meu braço. - Se arruma aí pra gente ir que vou pegar um café.

Deixei ela lá reclamando sozinha e peguei algumas coisas pra levar pro quarto pra comermos. Quando chega lá a morena tá em frente ao espelho passando protetor nas tatuagens que ela tem e no rosto.

- Minha boca tá cortada por causa de ontem... - ela fala e eu olho pro seu rosto. Caminho até ela. - Mas nem senti na hora, só agora que escovei meus dentes.

- Tem certeza?

- Tenho, preto, eu pedi. Lembra? - pega com dedo o líquido branco e coloca bem na minha testa. - Ah, nem vem reclamar. Olha esse sol de matar e você querendo ficar sem protetor.

- Bagulho melequento, pô. Ninguém merece. - respondo e ela fica espalhando. Ainda desce pro meu corpo. - Tá bom, já chega, já deu.

- Tem que passar nessas tatuagens suas que você fez, tá maluco?

- Agora você que é tatuadora?

NASCER DO SOLOnde histórias criam vida. Descubra agora