NASCER DO SOL

53.

LUCAS.

Porra, garota filha da puta essa. Vem com esses papos maluco dela e depois fica aí se achando, mas deixa estar, bangu uma hora vira, então deixa achar que ela tá no comando.

- Ah, então você trabalha na empresa do meu marido? - a mãe dela perguntou e eu concordei com a cabeça. Peguei meu cigarro na carteira em cima da mesa e acendi. Já tinha trocado um papo com ela nesse meio tempo.

- E você namora ou já namorou? - olhei pra ela e ouvi o Felipe rir.

- Mãe, aho que já deu, né?! Vamos deixar ele respirar um pouco. - a maluca falou e eu observei ela de canto de olho. - As vezes ele nem gosta de tocar no assunto e você fica perguntando.

Terminou de falar e só respirei fundo, gosto de falar da minha vida mermo não, mas foda-se agora. Voltei a olhar pro mar e só respirei fundo sentindo aquela sensação tomar conta do meu corpo novamente. Sei que a mãe dela não perguntou por querer, só foi uma forma de querer saber mais. A Júlia falou aquilo e vi que ela também tava querendo saber, mas não quis se envolver.

- Hoje tô solteiro, mas já namorei. Na verdade já fui noivo. - peguei meu cigarro e traguei mais uma vez. Fechei meus olhos e tentei tirar as imagens da minha cabeça. Abri eles e vi todos ali me olharem, Felipe era o único que sabia até então. - Mas papo de passado mesmo.

- Desculpa se peguei espaço em tocar nesse assunto. - concordei com a mulher e eles pularam para outro assunto do Caio.

Moleque tava bom pra caralho na onda, um dos primeiros da tabela pra se classificar pra próxima etapa que ia acontecer nas próximas semanas.

- Puta que pariu, que ódio desse outro que quis pegar a onda dele! - ouvi a Júlia falar bolada e a galera também reclamar quando o Caio foi derrubado por um surfista.

O locutor falou que o o outro surfista vai ser penalizado por ter feito um cruzamento no Caio, já que isso é uma interferência no surf.

- Agora o Caio vai sair prejudicado? - a mãe dele perguntou, eu levantei já agoniado. - Meu filho deve tá respirando ódio, conheço ele.

- Vai não, o Caio tem direito de surfar mais uma onda além dessas dez, porque esses cruzamentos não pode acontecer. Ele tinha a prioridade da onda. - respondi e bebi da minha cerveja. - Moleque é bom demais, vai conseguir classificar fácil.

Quando ele finalizou a última bateria de ondas o locutor deu fim, geral aqui feliz pra caralho com ele classificado, mesmo ele ter sido prejudicado com uma bobeira que ele fez depois de ter sido cruzado.

- Coé, merece demais! Tô feliz por tu, irmão. - dei um toque nele e ele riu agradecendo.

- Esquece, pai manja pra caralho que até fazendo merda consigo sair na frente.

- Você é um desgraçado, tá?! Achei que tu ia ser desclassificado por aquilo.

- Ih Júlia, sabe como funciona essas parada, precisa ficar preocupada não, pô.

Deixei eles lá e fui pegar minhas tralha pra ralar peito, já tá quase final do dia e ainda íamos dar um giro por aqui agora a noite, e eu tô tô mortão pra ir virado. Pô, noite foi toda pra caralho.