A noite caiu, calma e fria. Para surpresa de America, Maxon veio para jantar. Ela viu o marido entrar, tomar banho, se vestir, e descer junto com ela. Os Schreave, pela primeira vez em tempos, jantaram em paz. Depois, cada um seguiu pro seu canto. America tomou banho, vestiu sua camisola, e foi se deitar em silêncio. Maxon fez o mesmo. A chuva, como sempre, caiu lá fora, violenta e impiedosa. America não conseguiu dormir direito. Estava enjoada. Comera demais no jantar. Estava relaxando, quieta, quando percebeu que o marido estava inquieto. Inquieto demais pra ele, que costumava ter um sono tranquilo. Depois de alguns minutos, ela veio perceber que ele tremia. Lutou pra ficar quieta, mas o amor dentro de si por aquela criatura era grande demais para deixa-lo agonizando daquele jeito.
America: O que você tem? - perguntou, rouca, no escuro.
Maxon: N-nada - respondeu baixinho, ainda tremendo.
America, não convencida, se levantou e acendeu as luzes. Além de tremer, ele soava. Ela se sentou ao lado dele, sem saber o que fazer. Nunca o vira assim.
America: Está queimando em febre - constatou, ao tocar a testa dele - O que... - ia perguntar o que era, quando viu a pontinha branca do curativo dentre os cabelos densos dele - Maxon, o que foi isso? - perguntou, olhando a extensão do curativo, oculto pelos cabelos.
Maxon: As-Aspen - respondeu, rindo, fraco, enquanto tremia.
America: Merda - murmurou, tirando as cobertas dele.
Maxon: O que você está fazendo? - reclamou, tremendo ainda mais quando ela lhe tirou a coberta e o puxou, fazendo-o se sentar - Pelo que me consta você s-sente n-nojo d-de mim - zombou, fraco.
America: Quer calar a merda da sua boca? - ele riu, e ela sorriu, antes de colocar a camisa seca.
America vestiu mais uma camisa e um casaco nele. Trocou a fronha suada, e pôs seu travesseiro junto, colocando-o deitado novamente, só que mais aconchegado. Ela foi até o armário e pegou cobertas mais grossas, cobrindo-o logo depois. Olhou o curativo, mas esse não precisava ser trocado, estava limpo.
America: O que você está sentindo? - perguntou, preocupada, tocando a testa do mesmo.
Maxon: Frio e dor de cabeça - assumiu, derrotado.
America pegou uma compressa no guarda-roupas, e molhou com água fria. Voltou e pôs na testa dele. Aliviou um pouco da dor de cabeça que ele sentia. Porém, o fez ser invadido por um sentimento ruim, ele não sabia nomear. Traíra ela o tempo inteiro, mas agora que era o momento dele sentir dor, a mesma o estava ajudando. America levantou, ia preparar algo quente pra ele beber, quando a mão dele se fechou em seu punho, não com a força habitual, mas segurando-a.
Maxon: Fique - murmurou, olhando-a.
America: Eu vou voltar - disse, perdida no olhar dele. Maxon assentiu de leve e soltou o braço dela. America pegou seu hobbie, vestiu e saiu as pressas.
Ela foi até a cozinha e fez um chá bem forte pra ele. Voltou pro quarto, o mesmo estava lá, do jeito que ela o deixou. America lhe deu o chá, ele agradeceu e bebeu. Pareceu ajudar. Pelo menos Maxon parou de tremer. Ela sentou ao lado dele, apoiando seus travesseiros na cabeceira da cama, e se encostando neles. Maxon conversou um tempo com ela. Eles até riam às vezes. Parecia que os problemas dos dois tinham ficado trancados do lado de fora do quarto. Depois de um tempo, devido ao chá, Maxon foi ficando sonolento, e ela encerrou a conversa, para deixa-lo descansar. Observou o marido cair no sono, tranquilamente agora. Tombou a cabeça para trás e suspirou. As coisas podiam ser tão diferentes. Estava pensando nisso, minutos depois, quando Maxon, afogado em seu sono, se virou pro lado, abraçando ela. A cabeça dele ficou pousada em seu seio, e metade do corpo dele por cima do dela. Maxon a abraçou, inconsciente. America prendeu a respiração, imóvel, olhando o marido. Mas ele continuou dormindo, e ela relaxou. Puxou o lençol e o cobriu direito. Depois de um bom tempo, se permitiu abraçar ele, pelas costas largas. Sentia tanta falta dele. Não sentia nojo agora. O perfume que vinha era dele mesmo. Aquele perfume masculino forte, que a embriagava. Foi assim que adormeceu.
Na manhã seguinte...
Kriss: Onde está Maxon? - perguntou a Carter, despreocupada, entrando na mansão Schreave.
Carter: Não se levantou ainda - respondeu, tranquilo.
Kriss esperou por meia hora. Nem sinal dele. Por fim, contra o aviso de Carter, rumou ao segundo andar. Aspen, Carter e Marlee foram atrás, por precaução. Se America tentasse enforcar Kriss, alguém teria que separar. A morena parou na porta do quarto de Maxon, a maçaneta estava aberta. Ela abriu a porta e travou.
Carter riu, despreocupado. Marlee sorriu, e abraçou o marido. Aspen riu também. Kriss ficou parada, com a cara transformada de ódio, observando a cena. America estava deitada, apoiada em seus travesseiros, e Maxon por cima dela, abraçando-a firmemente. Os cachos da ruiva estavam esparramados pelo travesseiro, uma mão dela o segurava pelas costas largas e a outra estava frouxa nos cabelos dele, evidenciando que ela estava o acariciando antes de dormir. Seu rosto estava inconscientemente abaixado, o que fazia seus lábios tocarem a testa dele. Maxon tinha o rosto meio aconchegado nos seios dela, e dormia tranquilo.
Aspen: Podia ter ficado sem ver essa - debochou, rindo, e saiu dali.
Carter tirou Kriss dali. A morena resolveu passear pelos jardins, para esfriar a cabeça. America acordou meia hora depois. O tempo continuava frio. Ela se espreguiçou, e então percebeu o corpo mole de Maxon sob o seu. Ela sorriu, e tentou se levantar. Mesmo inconsciente, Maxon segurou ela com os braços firmes. Ela fez uma careta, e tentou sair de novo. Sem sucesso.
Maxon: Fica quieta - pediu, com a voz baixa e rouca, mas sorria de canto.
America: Preciso me levantar - avisou, rindo.
Maxon, de muita má vontade, soltou ela. America se levantou, e vestiu seu hobbie. Ele observava ela abraçado a seu travesseiro, ainda sonolento.
America: Ainda sente alguma coisa? – perguntou, ajeitando o cobertor dele.
Maxon: Dor de cabeça. Frio - murmurou, cansado. Parecia ter levado uma surra.
America tocou a testa dele, e ele ainda tinha febre. Não tão forte quanto a da madrugada, mas ainda era febre. Ela se permitiu dar um beijinho na testa dele antes de sair.
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Meu pecado
RomanceAmerica e Maxon foram destinados por seus pais a se casarem. Ele era apaixonado por outra e ela não estava preparada para assumir um casamento com um dos filhos da familia mais famosa da cidade. Entretanto, mesmo sofrendo muito nas mãos de Maxon, Am...