Meu pecado

Compras

Maxon: Sabe andar por aqui? - perguntou indiferente, rompendo o silêncio na carruagem.

Depois de composto, Maxon recobrou a sua frieza. America colocou um vestido azul turquesa, e agora engolia uma raiva irritante daquele homem.

Maxon: Posso mandar um empregado com você - disse ao deixá-la na frente da grande loja.

America: Como se você se importasse - Maxon revirou os olhos - Eu estou bem pode ir - disse dura. Eles não repararam, mas as pessoas em volta olhavam disfarçadamente, cobiçosos. Eram um belo casal. Maxon era o tipo de homem que fazia as mulheres suspirarem e America era delicada, com suas feições finas.

Atendente: Bom dia, posso ajudá-los? - disse saindo da loja, indo em direção ao casal.

Maxon: Minha esposa precisa fazer compras. Dê a ela o que precisar, não importa o preço - disse ainda encarando America.

Todos na cidade conheciam os Schreave. Sua fortuna desmedida assombrava a todos. O dono da loja, feliz da vida, assentiu e saiu. America encarava Maxon com raiva. Ele balançou a cabeça negativamente e saiu. America suspirou e foi as compras. Miriam precisava de tudo e ela comprou tudo. Vestidos, sapatos, escovas, roupinhas de baixo, sabonetes, perfumes, espartilhos, meias. Tinha comprado roupas que encheriam um guarda-roupas. Estava olhando um vestidinho quando Maxon voltou.

Maxon: Você termin... - se interrompeu ao ver o enorme monte de coisas que America separou - O que é isso tudo?

America: Coisas para Miriam - disse sem dar atenção.

Maxon: Miriam tem tudo o que precisa - disse friamente enquanto America olhava a renda do vestido.

America: É aí que você se engana. Ela não tem nada, parece um moleque - disse friamente - Eu vou ser como a mãe dela - America não viu, mas o maxilar de Maxon se contraiu absurdamente quando ela disse isso.

Maxon: Escuta aqui - ele disse entre dentes - Eu não sou o tipo de homem que volta atrás em uma decisão, então, não me provoque - ameaçou.

America: Jura? Pois deixa eu te contar uma novidade - ela se virou para ele, jogando o vestido rosinha no monte de coisas que compraria - Eu não sou o tipo de mulher que abaixa a cabeça. Então, não me subestime.

Maxon encarou America furioso. Ela correspondeu o olhar a altura. Estava com tanta raiva. E assim ficaram, azul e castanho, um lançando ódio contra o outro. Então, o olhar de Maxon se suavizou em um sorriso de deboche.

Maxon: Tudo bem - ele se virou para pilha de coisas - Mas isso - ele pegou um pequeno espartilho - Não vai - sorriu.

America empalideceu. Os vestidos não podiam ser usados sem os espartilhos, ficariam horríveis. Maxon era simplesmente insuportável. Mas ela sorriu. Veio preparada para isso.

America: Tudo bem, os espartilhos ficam - ela tirou o monte de espartilhos do bolo - Podemos ir?

Maxon a encarou supreso, mas achou graça. Foi até o dono da loja, que fez as contas e teve um surto de prazer quando Maxon lhe pagou tudo, em dinheiro vivo. Maxon voltou para carruagem, e America fingiu estar conferindo as compras. Mas quando ele saiu, ela tirou um pequeno bolo de notas do decote e comprou os espartilhos, misturando-os nos pacotes. Voltou para carruagem sorrindo, e foi em silêncio para casa. Quando chegaram, Maxon rumou para o escritório, organizar alguns papéis e America foi direto para o quarto de Miriam, com uma legião de empregados carregando caixas atrás dela.

America: Miriam? - chamou dando batidinhas na porta do quarto.

Miriam: Oi - Miriam adorava quando America lhe visitava, não era bom ficar sozinha - Ames? - disse assustada ao ver o corredor lotado.

America: Presentes - sorriu radiante e Miriam deu espaço para os empregados entrarem.

Quando terminaram, o quarto da menina estava cheio. Ela e America se divertiam rasgando tudo de velho que a menina tinha, roupas, lençóis de cama, tudo. Depois cuidadosamente, arrumaram as coisas novas. O guarda-roupas ficou abarrotado. Os dias foram se passando, e Miriam aprendia cada vez mais. Já sabia comer corretamente, e andar com as sapatilhas novas. Mas tinha dificuldade com os espartilhos.

Miriam: Não consigo... - America puxou o ultimo fio do espartilho - Respirar - olhou atônita para America, que deu o laço no cordão.

America: Está ótima - alisou a barriga da menina. Miriam começava a ficar vermelha - O segredo é respirar superficialmente - a menina tentou e pareceu melhorar - Agora senta - Miriam sentou com um pulo e cruzou as perninhas - Não! - a menina se encolheu - Assim.

America, que estava encostada na cama, foi até a cadeira do lado de Miriam. Sentou-se, deixando as pernas penderem pro lado.

America: Damas direitas nunca cruzam as pernas, apenas deixam elas ficarem gentilmente relaxadas - apontou para as pernas - Tenta.

Miriam já estava de pé, foi levemente até a cadeira e deixou as perninhas de lado. America sorriu e bateu palmas, abraçando a menina em seguida. America não sabia, mas Maxon estava a observando pela porta entreaberta.

Ele revirou os olhos, e balançou a cabeça negativamente, mas riu ao sair.

Logo um mês se passou. Miriam estava uma daminha. Numa manhã inesperada, Marlee e Carter retornaram.