A conversa

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O jantar foi normal. Marlee apareceu com Kile nos braços, o mesmo ressonava.

 Marlee apareceu com Kile nos braços, o mesmo ressonava

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Depois, todos foram para sala de estar. A chuva castigava os telhados do lado de fora. America sentou abraçada com Maxon, Marlee com Carter. Aspen havia ido dormir. Após isso, foram, cada um pro seu canto. America e Maxon ainda trocaram alguns carinhos antes de dormir, nada demais.

America acordou no dia seguinte com um bilhete ao seu lado, avisando que tinha saído. Ela se sentia disposta. Se arrumou, tomou café, e resolveu ir ver Nick. Passou uma hora e meia com o cavalo, mas ainda não se sentia pronta pra monta-lo de novo. Estava caminhando pelo jardim, quando Maxon apareceu, voltando da cidade, montado em seu cavalo. Ele sorriu, correspondendo ao sorriso dela, e desceu do mesmo que seguiu seu rumo.

Maxon a beijou brevemente e a acompanhou em sua caminhada

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Maxon a beijou brevemente e a acompanhou em sua caminhada. Só que a chuva que desabou os obrigou a voltarem correndo pro estábulo, aos risos.

 Só que a chuva que desabou os obrigou a voltarem correndo pro estábulo, aos risos

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Maxon: Olha só você - disse, afastando o cabelo molhado dela de seu rosto. Em seguida tirou seu terno e colocou em volta de seus ombros. Os dois se encararam por um segundo, mas logo tiveram outra crise de riso. O cabelo curto de Maxon gotejava água.

Assim ficaram por minutos. Ela se sentou num muro do estábulo e Maxon se sentou num banco alto que tinha, perto dela. America estava perdida em seus pensamentos, quando ele começou.

Maxon: Não quero que tenha rancor - disse, olhando para frente, como se estivesse sozinho - O que eu tive por Kriss foi mais que amor. Foi uma obsessão. Uma doença. 

America: Não tenho rancor. Não agora - concluiu, olhando-o.

Maxon: Eu era um adolescente. Não sabia nada da vida. Meu pai me venerava. Eu tinha tudo, Ames. Tudo, menos limites. E então ela apareceu, era a coisa mais atraente, mais excitante que eu já tinha visto na vida. Eu era um menino, ainda - observou, olhando a chuva - E eu me apaixonei por ela. Eu já estava acostumado com a idéia de me casar com você. Você era linda e eu superficial. Mas eu me apaixonei por ela e tudo perdeu o sentido. Era ela.

America: Sempre há um momento onde você pode parar. Um momento um minuto antes de estar tudo perdido. O momento onde você sabe, que se sair agora, vai superar. Houve esse momento para você?

Maxon: Deve ter tido. Mas ela não deixou que eu o percebesse - disse - Kriss era mais mulher do que eu era homem. Me seduziu, levou os meus sentidos. Eu estava preso - admitiu - Mas ainda havia você. E eu lutei contra todo mundo. Não adiantou. Eu era um adolescente eles eram a razão me chamando. Então eu quis fugir - engoliu em seco - Eu não lembro. Minha mãe apareceu. Eu perdi o controle da situação. Só me lembro que, na tentativa de resolver as coisas, surgiu uma dor sufocante na minha cabeça e eu apaguei. Quando acordei... - ele hesitou - Estavam mortas - respirou fundo - Naquele dia, de certa forma, eu morri também - admitiu - Eu passei os dias trancado em casa, sentindo a minha dor. Meses depois comecei a me reerguer. Mas não era mais o mesmo. Não tinha sentimentos. Não sentia alegria, amor, felicidade, compaixão. Só ódio. Eu aceitei o meu destino. Eu aceitei você. Kriss estava morta, que sentido fazia ir contra o meu pai? Então eu estava voltando para casa, após ficar mais um dia até tarde trabalhando e ao passar em frente a sua casa, um vulto ruiva corria desesperadamente. Corria de mim - sorriu de canto com a lembrança - Eu já havia visto você antes daquilo. Mas era pequena e agora você tinha crescido. Estava linda, mesmo soando e ofegando como estava.

America: E você me odiou - concluiu, olhando-o.

Maxon: Odiei. Odiei com todas as forças que eu tinha. Porque eu olhava nos seus olhos e eu via ela. Ela não suportava você - ele fez uma careta - Eu prometi a mim mesmo que eu faria da sua vida um inferno. Um inferno tal como era a minha vida. Mas, como vemos, você com o seu dom de irritação e persistência não deixou. Eu me odiava, porque eu amava você - ele riu de si mesmo - Eu machuquei você, te feri, te fiz sentir dor. Mas nada funcionou. Era você. Eu queria ser amável, mas toda vez que eu tentava, era ela que eu via. 

America: Você superou isso - afirmou, olhando-o.

Maxon: Creio que sim. Durante anos eu montei aquele santuário a ela no terceiro andar. Eu cuidei dele como de um filho. Mas depois que você chegou aqui, eu não tive mais vontade de voltar - hesitou - Kriss estava grávida, Ames - admitiu, amargo.

Para America, isso foi como receber um belo soco no meio da cara. Um filho. Morto. Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa.

Maxon: Não quero que isso sirva de desculpas por tudo o que eu fiz. Não vai haver perdão. Mas era meu filho. Era minha mãe. Era minha mulher - America assentiu, pensativa - Nós vamos melhorar, Ames. Um dia eu vou mandar desocuparem o terceiro andar e tudo estará bem. Eu te prometo - ele se aproximou dela e a abraçou, ela retribuiu o abraço. Agora sabia como aquela pedra fora plantada no lugar do coração dele. Mas America cuidaria disso. Ela o faria feliz, prometeu a si mesma.

America: Amor, e a Miriam? - Maxon sorriu, soltando ela.

Maxon: Eu odiei você porque me lembrava a Kriss. Mas a Miriam... - riu brevemente - A Miriam é a cópia perfeita da minha mãe. Era como olhar para um fantasma. Aí você chegou... - ele tocou o nariz dela - E me obrigou a olhar a menina andar pela casa, sapateando com roupas novas - America riu do deboche dele.

America: Eu estou com frio - disse um tempo depois, se abraçando a ele de novo.

Maxon: Vamos para casa - disse puxando ela do muro e a abraçando pelo ombro. America o abraçou pela cintura e eles se lançaram a chuva fraca, rumando para casa.

Meu pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora