Não morre não...

221 13 3
                                    

O dia amanheceu, e no outro quarto daquele hospital, Celeste recebeu alta.

Celeste: Gerad, por favor - insistiu, contrariada - Eu posso me cuidar sozinha - alegou, enquanto Gerad fechava a conta do hospital.

Gerad: Ainda está fraca. Não vou deixar que suma por aí - disse, assinando um papel.

Celeste: Eu dou um jeito. Você já fez demais por mim - disse, tocando, sem jeito, no vestido que ele lhe dera, que agora ela vestia.

Gerad: Não é nem metade do que pretendo fazer - comentou, distraído – Tome - entregou a prancheta a enfermeira, junto com um maço de dinheiro. A enfermeira conferiu e saiu - Está pronta? - perguntou, olhando-a.

Celeste: Não vou com você - afirmou, relutante.

Gerad: Pra onde você vai? Pra rua? Vai sumir de novo? - ele suspirou - Entenda, Celeste. Do meu lado vai estar protegida. Mato alguém antes que te façam algo. Não seja teimosa, por favor?

Celeste: Mas... - interrompida.

Gerad: Sem mais. Vai ficar no hotel, vai se cuidar, vai ficar bem - ela mencionou falar - E eu não quero ouvir mais nada. Me deixe cuidar de você - pediu, estendendo-lhe a mão.

Celeste suspirou, vencida, e pegou na mão dele, que sorriu. Gerad levou Celeste ao melhor hotel dali, deixando-a numa acomodação luxuosa, confortável, e com uma ordem expressa para que recebesse tudo o que pedisse. À tarde entregaram-lhe mais vestidos, mais roupas, e Celeste rosnou. Não gostava dessa situação, mesmo fazendo-lhe tão bem.

No hospital, America e Maxon estavam cumplices. Maxon insistira que queria tentar andar, que precisava tirar isso da cabeça, e America cedeu. Foi se postar na porta do quarto, do lado de fora, para vigiar.

America: Pronto - murmurou, encostada na madeira do lado de fora - Por favor, não se machuque - pediu de novo.

Maxon: Eu não vou - tranquilizou.

Maxon se sentou na cama, olhando as pernas. Em seguida, respirou fundo, e pôs os pés pra fora da cama. Fez impulso e pôs o peso contra as mesmas. Sua barriga doeu barbaramente, e ele arqueou. Esperou um momento, arfando ali, e depois se ergueu mais devagar. Doeu bastante, mas ele conseguiu se erguer. Ele sorriu.

Estava se apoiando nos próprios pés, sentia o sangue correndo por suas pernas. Com algum esforço deu os primeiros passos. Ele entendeu porque não o deixaram andar: a ferida da bala doía absurdamente, parecia não querer que ele ficasse de pé. Mas a ferida cicatrizaria, não é? Andou, devagar, até a porta.

America: Maxon, pelo amor de Deus - rosnou - Você está bem? - perguntou, novamente, preocupada.

Maxon: Bu! - sussurrou, após abrir a porta. America se virou, e sorriu ao ver ele de pé, os olhos dela brilhavam. Maxon sorriu e a puxou pela cintura, America foi pra ele, com cuidado para não encostar em sua barriga. Ela o beijou apaixonadamente, feliz.

America: E então, teimoso? Viu que não há nada com a sua coluna? - perguntou, sorrindo, enquanto fechava a porta. Maxon recuou. Nunca estivera tão feliz por poder se mover.

Maxon: Não são as minhas pernas - disse, orgulhoso, e viu America arquear a sobrancelha - Bom, minha barriga dói quando eu fico de pé, e... – interrompido.

America: Volte pra porcaria da cama. Agora - rosnou, e ele riu, mas a obedeceu. Não precisava sentir essa dor. Já sabia que podia faze-lo, agora era só esperar.

Uma vez sentado novamente, a dor de Maxon passou instantaneamente. Ele suspirou, feliz. Sabia que não era impotente, tivera a prova na noite anterior. Sabia que podia andar. Sabia que amava America. E agora tinha esperança, esperança de que pudessem sair disso, e deixar todo o ocorrido pro passado, como apenas um tempo ruim.

Dias se passaram. Logo se formaram três semanas desde o ocorrido. Maxon já estava bem melhor. Até que, em uma bela manhã, recebeu alta. Foi como ver um raio de sol depois de dias na escuridão. Aspen fechou a conta do hospital, enquanto America ajudava o marido.

Meu pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora