Meu pecado

De volta

Os dias foram passando, e não havia mais o que bordar. Aspen não voltou. America expulsava a todo custo a melancolia dentro de si, mas não era fácil. Nem ânimo para discutir com Maxon ela tinha. Aspen não escreveu, sabia que era arriscado demais. Mas não ter noticias dele era pior.

As semanas se passaram. Logo completou um mês desde que Aspen se fora. Maxon passou a atormentar America com isso, debochando dela. Ela se pôs a cavalgar naquele dia. Não estava chovendo, porém, o céu não estava claro. Acho que aquele era o que se chamava de "tempo bom" em Carolina.

Nick adorava correr. Se lançava com tudo levando a dona. America já soava, devido ao tempo que passou correndo. Estava prestes a fazer a volta, quando viu, a uns cem metros de distância, o portão da fazenda se abrir. Uma carruagem entrava na fazenda.

Não era Maxon nem Carter, ambos estavam em casa. America sorriu de antecipação, com o coração batendo gostosamente no peito, enquanto puxava as rédeas do cavalo. A carruagem parou antes de chegar nela, que já sorria. Nick arrastava a pata no chão, ansioso por correr novamente, e se balançando pros lados, obrigando America a manter a rédea firme.

Aspen: Demorei? - perguntou, sorrindo abertamente ao descer da carruagem.

America: Nem percebi que já tinha ido - zombou enquanto desmontava do cavalo e corria em direção a ele, segurando a barra do vestido bege, para não tropeçar.

America atirou os braços em volta de Aspen, que segurou ela e rodopiou duas vezes, erguendo-a no ar. E então America estava inteira novamente. Ele estava ali, em seus braços. Ela ria contra a pele fria do pescoço dele. Estava absorta em sua felicidade quando viu um menino, aparentemente de dez, onze anos, olhando os dois curiosamente da porta aberta da carruagem.

America: Ele é...? - murmurou no ouvido de Aspen, que riu.

Aspen: Ben, venha até aqui - o menino prontamente se lançou para fora da carruagem - Essa é America. Lhe falei sobre ela - Benjamim assentiu e sorriu.

Benjamim: Prazer - disse, pegando a mão de America e dando um beijinho.

Benjamim tinha os cabelos cor de chocolate. A pele clara, os traços delicados, não tão finos quanto os de Aspen, Carter e Maxon, mas ainda assim delicados.

America: O prazer é meu - sorriu, ainda agarrada a Aspen, que abraçava ela pela cintura.

Aspen: Acho que cheguei a tempo pro almoço - observou, sorridente - Você prefere ir no seu cavalo ou nos dá o prazer de sua companhia? - perguntou, formal demais, brincando com ela.

America: Sinto informar que vou ficar em débito quanto a isso - respondeu, segurando o riso - A propósito, o nome do cavalo é Nick - ela empurrou ele de leve pelo peito e se afastou, sorrindo ao ouvir o riso de Aspen, indo em direção ao seu cavalo.

America montou em Nick, que mais que prontamente disparou em direção a mansão. O vento parecia querer cortar o rosto dela enquanto via a carruagem vir a seu encalço. Seus cabelos voavam, soltos ao vento. Se America tinha algum conceito sobre felicidade, era esse.

Maxon: Bonito colar - observou, quando America saiu do banheiro de camisola, naquele dia a noite - Não me lembro de ter lhe dado esse - disse com os olhos colados a jóia que cintilava no pescoço dela.

America: Não foi seu. Aspen me deu esse. Hoje - disse se sentando e começando a escovar o cabelo.

Maxon: Minhas jóias você deixa de lado, mas as de Aspen desfilam em seu pescoço - disse debochado, mas com ciúmes, sentando-se na beira da cama e olhando-a.

America: Não é convencional usar uma gargantilha cravada com rubis em casa - disse olhando a ponta do cabelo.

Maxon: Sabe que não gosto do seu relacionamento com Aspen. Não sabe? - perguntou se sentando atrás dela, deixando-a no meio de suas pernas e a olhando pelo espelho.

America: Porque? - perguntou encarando-o pelo espelho. Parecia tanto... o coração dela pulou de expectativa. Talvez o seu Maxon estivesse ali, agora.

Maxon: Porque não - ele deu um pequeno beijinho no pescoço dela - É minha mulher e eu não gosto do grau de relacionamento que vocês tem - disse duro, encarando-a pelo vidro.

America: Você não tem que gostar. Ele é meu amigo, não seu. A você só cabe aceitar e respeitar - disse, rígida pela decepção. Maxon riu abertamente com a resposta dela - Pelo amor de Deus - murmurou irritada e se levantou bruscamente.

Maxon: Eu não disse pra você sair - segurou ela com a mesma brusquidão com que se levantou - Para que a pressa? Tem algum encontro? - perguntou, debochado, se levantando.

America: E se eu tivesse? não é de sua conta - rosnou, irritada - Está me machucando - disse, com a garganta amargando de ódio.

Maxon: Estou? - sorriu, frio, pegando o outro braço dela. America assentiu, colérica - Mas você gosta quando eu te machuco - disse, provocando, e apertando mais os braço dela, trazendo-a para si.

America: Pára! - pediu, tentando se controlar.

Maxon: Porque parar, se no fundo você está adorando? - perguntou malévolo e ela revirou os olhos - Assuma - ele puxou ela mais para si. America estremeceu - Diga em voz alta, minha querida. Eu quero ouvir - ele sorriu de canto, deliciado com a irritação da mulher.

America: Você acha que é a única opção. O melhor em sua categoria. Mas e se eu me apaixonasse, Maxon? - o sorriso dele se fechou - Eu sou jovem. Meu coração é novo, está aberto para o amor. E se eu me interessasse por outro homem? Melhor, se eu quisesse ir embora? Se eu quisesse te deixar? Isso ia ferir o seu ego, não iria? - sorriu, gloriosa, ao ver a fúria nos olhos dele.

A última coisa que America viu foi o castanho furioso dos olhos dele. Depois ela foi lançada na cama com força pelo mesmo. Caiu deitada de lado. O colchão amorteceu o tombo dela, jogando-a para cima. Seu cabelo se esparramou por seu rosto. O braço em que ela caiu em cima doía barbaramente. Estava se recuperando do susto quando a voz, baixa e ameaçadora dele lhe tocou.

Maxon: Eu lhe matarei antes, America. Estará morta antes de estar nos braços de outro homem. Matarei você sem pensar duas vezes - avisou, raivoso, e saiu do quarto, batendo a porta com tudo.

America suspirou. Que maravilha de casamento era o dela.