A carta

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Aspen: Não vou voltar, depois do almoço. Quero ficar um pouco com Clarisse - disse, escrevendo algo.

Carter: Não sei qual a novidade nisso - retrucou, com um sorriso debochado no rosto.

Maxon: Realmente - Maxon pegou suas correspondências, e foi abrindo-as, lendo-as pacientemente. Até que travou. Um envelope branco, sem remetente ou destinatário. Ele receberá vários nos últimos meses.

Os irmãos não perceberam, mas o rosto de Maxon se transformou ao ler a carta.

Maxon: Estevão está aqui? - perguntou, se levantando.

Carter: Está, porque? - perguntou, confuso - Deve estar no estoque, como sempre.

Maxon não respondeu. Saiu às pressas, atrás do capataz. Ele entrou no estoque, gritando pelo nome do rapaz, procurando-o.

Estevão: Senhor?

Maxon: Vá até a minha casa. Procure America. Não, melhor, procure Eadlyn. Mas não deixe que America perceba que eu mandei você até lá pra isso. Procure a menina, veja ela, veja se está bem, deixe ela nos braços de America. Isso é pra ontem - disse, sério, e Estevão viu a sombra do Maxon duro e impiedoso nos olhos do patrão - E de modo algum, deixe que America saiba que eu te mandei. Agora vá. Depressa! - Estevão assentiu e saiu às pressas.

America estava de olho em Maxon desde o dia do aniversário. E se fosse piada? Ele chegaria em casa, estaria tudo bem, mas America era inteligente, saberia que ele pensava que tinha algo errado. Então o encheria de perguntas. Perguntas que ele não podia, nem ia responder. Mas... e se fosse verdade? Ele não gostava nem de pensar nisso. Aquela carta não continha apenas uma ameaça. Continua a confirmação em si. Ele se amparou numa prateleira altíssima, carregada de lotes de papel, e bateu a cabeça ali, tentando se acalmar. Desde que Eadlyn descobrira que podia andar, não parara mais. Vivia se escondendo de America, que as vezes se irritava, e as vezes achava graça disso. Haviam se passado duas semanas desde o primeiro passo, na cama dos pais, e a pequena quase podia correr.

Marlee: Que vestido é esse? - perguntou, quando America apareceu - Vai sair?

America: Não - respondeu, alisando o vestido - Achei no fundo do meu guarda-roupas. Bom, você sabe, Maxon me deu tudo novo, e eu não tinha visto esse ainda.

Marlee: É lindo. As rendas são tão fininhas - admirou, olhando mais atentamente.

O vestido era branco, alvíssimo, tomara que caia, mas com duas manguinhas finas, de renda. O caimento e o decote tinham uma renda leve, parecia um xale. America vestida de branco parecia um anjo.

America: Vou pôr no guarda-roupas, antes que suje. Talvez o use no domingo - disse, contente - Onde está Eadly?

Marlee: Saiu atrás do Kile - disse, se afastando, prevendo o ataque da irmã.

America: E você deixou? - Marlee e Lucy riram da cara de America - EADLYN SINGER, VEM AQUI, AGORA! - gritou, correndo porta afora, ao ouvir o riso divertido da filha - EADLY!

America correu a mansão, mas não achou a menina. Era sempre assim. Ela era pequena, e isso lhe dava vantagem. America ouvia o riso dela, e sabia que estava próxima, mas a mesma sumia. Estava na sala principal, quando Estevão apareceu.

Estevão: Algum problema, senhora? - perguntou, fingindo-se de desinteressado.

America: Apenas um - disse, irritada.

Estevão: Qual?

America: Eadlyn sumiu - deu ênfase ao sumiu, que era para filha ouvir - Eu já procurei essa mansão inteira, mas não encontro. Desapareceu - suspirou, irritada - Com licença, Estevão, vou voltar a procurar, vai ver tenho mais sorte.

Meu pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora