Perdão

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Os Schreave permaneceram no baile pela madrugada a dentro, mas era tarde eles se despediram de todos, e foram embora. O clima estava bom, até que Marlee fez um comentário sobre o vestido de America. Maxon endureceu ao lado dela, lembrando-se. America sorriu, fria. Ao chegarem em casa, cada um foi pros seus aposentos.

Maxon: Agora me diga, em nome de Deus, que idéia idiota foi essa de usar esse vestido? - perguntou, raivoso, trancando a porta do quarto.

America: Combinou com a ocasião - respondeu, indiferente, tirando a coleira que usava.

Maxon: Combinou com a ocasião? - repetiu, incrédulo, se aproximando dela - Eu proibi a sua entrada lá em cima. Como se não bastasse o que aconteceu, você voltou lá, para buscar esse maldito vestido! - rosnou, encarando-a.

America: Não fui eu. Mandei um empregado ir lá e buscar. Aquele lugar me dá nojo - assumiu, encarando-o pelo espelho.

Maxon: Quem? - perguntou, atônito - Quem você mandou lá?

America: Conto o pecado, mas não conto o pecador - desafiou sorrindo, virando-se para ele.

Maxon: Qual o seu problema? - perguntou - Eu te enchi de vestidos! Mandaria fazer um a sua escolha! Mas não, era para me provocar, claro.

America: O meu problema? - repetiu, fria - O meu problema é você, Maxon. O meu problema é o nosso casamento. O meu problema é a farsa que eu estou vivendo, presa a você - disse, dura.

Maxon: Nunca mais repita isso - ordenou, duro - Nosso casamento não é uma farsa. Você me ama - lembrou, com um sorriso brotando no rosto - É assim que funciona - America revirou os olhos - E se temos problemas, a culpa é inteiramente sua - ela ergueu as sobrancelhas, incrédula - Me diga, America, o que você fez até hoje por nós dois? - perguntou, duro.

Essa última foi a gota d'agua para America. Como assim "o que ela fez por eles dois"?

America: O que eu fiz? - perguntou, em voz alta - Eu fiz das tripas coração por nós dois! Eu tentei te agradar, mesmo contra a minha vontade! Eu tentei amar você, seu animal! - gritou, jogando para fora o que lhe matava por dentro. Maxon apenas a observava, irritado - E o que você fez? - perguntou, dura - Se lembra, Maxon? - um sorriso amargurado nasceu no rosto dela - Aqui - a mesma bateu com os pés no assoalho - Bem aqui, onde eu estou pisando. Você ainda se lembra? Você me torturou - acusou. Ela sentia um peso saindo do corpo ao dizer isso em voz alta. Junto com o peso que saia dela, seus olhos foram, curiosamente, umedecendo mais que o normal - Me machucou. Me feriu. Físico e emocionalmente. Você me jogou a morte, Maxon! Se não fosse por Aspen, eu estaria morta agora, largada lá em cima! - disse em voz alta - Pela adorada Kriss - disse, irônica, e viu o maxilar de Maxon se trancar.

Maxon: America... - advertiu.

America: EU NÃO TIVE CULPA! - gritou, enfurecida - EU NÃO PEDI PARA ME CASAR COM VOCÊ! EU NÃO MATEI ELA! - e assim ela se sentiu mais leve, tanto que se achava novamente capaz de chorar. Seus olhos, inundados, confirmavam essa teoria - E você, o que fez, Maxon? Você manteve um monumento a sua amante, comigo, a sua esposa, aqui. Francamente - murmurou, cansada, e se voltou para penteadeira de novo.

Maxon: Ótima maneira de expressar sua inocência! - ironizou - Eu estive perto de cometer uma loucura, você tem noção disso? - perguntou - Tem noção do quanto eu estive perto de tirar esse vestido de você a força, na frente de todos?

America: O vestido, é claro - ela balançou a cabeça negativamente - Pois bem - virou as mãos para trás, puxando o zíper do vestido com tudo. O vestido se afrouxou e ela o tirou, ficando apenas de roupa de baixo - Está aqui, o seu maldito vestido! - disse em voz alta, antes de jogar o vestido nele. Maxon se desviou, e o vestido bateu com tudo na parede, caindo no chão - Vamos lá, Maxon! Me bate! - pediu, com um sorriso sem expressão nascendo no rosto - Eu desobedeci você! Eu dei ordens para que fossem lá em cima, eu sei o vestido! Me bate! Não é isso que você quer fazer?

Maxon: Sabe que não é verdade - murmurou, olhando-a - Sabe que eu não o faria.

America: Não faria? - perguntou, incrédula - VOCÊ JÁ FEZ! - gritou, exasperada - Quem faz uma vez, faz sempre. Eu estou esperando - ela ergueu o rosto - Ou melhor - America o encarou - Me diga o que quer fazer. Você já me disse uma vez que eu lhe devo obediência. Diga o que quer, meu marido, e eu vou te obedecer - ofereceu, irônica.

Maxon: EU ESTOU TENTANDO PEDIR DESCULPAS! - rugiu, cansado. America hesitou. Maxon se desculpando? - EU PERDI O CONTROLE! - assumiu - Não foi - suspirou - Não foi por querer. Me perdoa? - pediu em voz baixa, olhando ela.

 Me perdoa? - pediu em voz baixa, olhando ela

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Eles se encararam por uns segundos. Aquilo era novo. Ele estava ali, se desculpando perante a ela. E, America não sabia o que dizer.

America: Não foi minha culpa. Eu fui lá em cima, fui porque não tinha onde deixar as coisas mofadas. Não foi intencional. Não esperei você sair para ir lá. Você não foi justo comigo - acusou, amargurada - Eu não merecia aquilo - ela sentia um peso imenso saindo de suas costas ao dizer isso em voz alta. A medida que as palavras iam saindo, ela sentia seu olhar se inundar, mais e mais - Eu não pedi para me casar com você. Eu não matei ela - disse, por último, com a voz embargada.

Maxon observou America ali, de roupa de baixo, com o cabelo elegantemente penteado, e os olhos cheios de água, a ponto de transbordar, e descobriu que lhe machucava vê-la assim. Ele avançou até ela instintivamente. Queria protege-la. Queria poder ama-la.

Maxon: É claro que você não matou - tranquilizou em voz baixa, acariciando a maçã do rosto dela. Os dois se encararam por um momento. Haviam sentimentos ali: Raiva, ódio, ressentimento, arrependimento, dor e também outro talvez: Amor. Nenhum dos dois sabia nomeá-lo. Maxon, por necessidade, encostou os lábios nos dela, afrouxando a mão.

Pela primeira vez ele estava dando a America uma chance de rejeitá-lo

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Pela primeira vez ele estava dando a America uma chance de rejeitá-lo. Mas ela não o fez. Se atirou naquele beijo como se precisasse dele para sobreviver, enquanto abraçava o mesmo pelo pescoço.

 Se atirou naquele beijo como se precisasse dele para sobreviver, enquanto abraçava o mesmo pelo pescoço

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Meu pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora