O pequeno Kile II

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Os dias se passaram a fio. Não havia sinal de Kile em lugar nenhum. A situação na mansão Schreave era desesperadora.

Maxon: Eu vou com você, então nós... – disse agitadamente, entrando as pressas em casa.

Marlee: O que houve? – perguntou, ansiosa, indo até Maxon e Carter.

Carter: Achamos um rastro. Está levando pro sul, nós achamos que ela está indo para Forks. Eu vou atrás dela – disse, decidido.

Marlee: Tome cuidado - pediu, atordoada. Não aguentaria perder Carter agora.

Carter: Eu vou achar ele, Lee. Nem que seja a última coisa que eu faça, vou trazê-lo de volta pra você - disse sério, olhando a mulher. Marlee se atirou nos braços do marido e o beijou apaixonadamente. Não sabia quando ia poder fazer aquilo de novo.

Longe dali...

— Eles vão seguir o rastro. Vão ganhar uma viajem grátis a Forks – riu, divertido o homem.

— Qual o seu problema, Celeste? – perguntou, irritada a mulher.

Celeste: Eu não gosto disso. Não gosto – disse, ninando o menino.

— Uma prostituta com instinto maternal – disse melancólica – Francamente.

Os dias foram se passando, e dois se completaram. Após a ida inútil a Forks, Carter seguiu a Port. Land, e Maxon a Port. Angeles. Kile não estava lá. Marlee estava adoecendo de saudade do marido e do filho.

America: Lee, carta do Carter!

Marlee: Lê pra mim – pediu, quieta, mas seu olhar era um tantinho animado.

Marlee.

Estou em Port. Land há duas semanas. Nosso bebê não está aqui. Segundo me informaram, há indícios de que ela tenha ido a Canil. Eu estou indo pra lá amanhã de manhã. Se não houver nada, voltarei a Carolina para começar do zero. Tenho esperanças, minha Lee. Vou encontrar nosso filho. Te amo Marlee. Toda noite, antes de dormir, sinto falta de você, da sua voz, do seu corpo. Conto os segundos para esse pesadelo acabar.

Esperando que esteja bem,

Carter.”

Marlee: Canil – seus olhos estavam inundados, e sua sobrancelha, franzida.

America: Nevada – constatou.

Marlee: Ele está longe. Mais longe que eu pensei – disse, e as lágrimas transbordaram.

America não sabia mais o que dizer a irmã.

Longe dali...

— Estou cansada desse joguinho – disse, soprando o ar do cigarro – Sairemos amanhã de manhã, e quando voltar, eu quero esse assunto resolvido, Celeste – disse, fria.

Celeste olhou preocupada pro bebê. O homem mataria, caso a própria Celeste não o fizesse. Tinha se apegado ao menino nesses dois meses. Não era capaz de fazê-lo. Ah, pobre Kile.

Mais dias se passaram. Nada de noticias. America estava andando pela fazenda. Sofria pela saudade do marido. Quando passou pelo estábulo, um cavalo branco, alvo como nada mais relinchou para ela.

America: Ah, Nick – foi até o cavalo, acariciando-lhe a crina. Nick pareceu gostar de ver a dona – Não... –  se afastou quando o cavalo se abaixou, dando a ela espaço para montar – Eu também sinto saudade – disse, sincera. O cavalo continuou abaixado.

Mas porque não? Sentia saudade de Maxon, de Aspen, de Kile. Sua vida estava um caos. Se ela ainda tinha Nick, porque não? Ela colocou a cela no cavalo, que pisou no chão, animado. Montou nele, e saiu, galope abaixo. Mas Nick queria mais. America sorriu, e cutucou ele com a pontinha da bota. O cavalo disparou, feliz. Ela se sentiu viva de novo. O vento frio bombardeava seu rosto, seu cabelo voava no vento. Enquanto galopava, se lembrou mentalmente que nunca chegara a outra extremidade da mansão Schreave. Ela guiou o cavalo, e avançou. Tinha que ter um final. Aquele lugar era enorme. Alguns empregados viravam-se para olha-la quando passava, e nada do final da fazenda chegar.

Celeste: O que eu vou fazer com você? – murmurou, cansada, após pular o enorme muro da mansão – Não posso te deixar aqui. Podem haver cachorros, insetos, cobras. Ah, Kile – murmurou pro bebê, atordoada.

America estava desistindo de achar a outra ponta da mansão, quando viu uma mulher embrenhada nas árvores. Tinha cabelos pretos que batiam nas costas. Era branquinha, pálida. Usava um vestido simples, nada comparado aos vestidos simples de America. Em seu braço havia uma trouxinha azul.

America: Kile – murmurou para si mesma, enquanto atiçava Nick, que se lançou para frente – EI! – berrou, descendo do cavalo as pressas. Celeste se virou, assustada – Não fuja – Avisou, avançando  – America usava um vestido azul fumê, e duas luvas curtas, que eram usadas para montaria. A morena parecia apavorada, agarrada ao bebê.

América se preparou para gritar, mas Celeste avançou para ela calmamente, como quem ergue uma bandeira de paz.

America: Quem é você? – perguntou na defensiva – Porque levou o menino?!

Mas Celeste apenas balançou a cabeça negativamente. Seus olhos estavam cheios d’agua. Ela ofereceu o menino a America, que o carregou, confusa.

America: O-obrigada – disse, rouca pela surpresa.

Celeste: Me perdoe – murmurou. Ela olhou Kile por uma última vez, e em seguida fugiu, deixando America confusa, e atônita. Não sabia porque, mas sentia pena daquela mulher.

America abraçou Kile, que pareceu conhecer a tia. Em seguida montou em Nick, e segurando o cavalo com apenas uma mão, por estar com o menino na outra, disparou de volta a mansão. O mesmo não pareceu se incomodar com a velocidade, aparentemente sabia que estava seguro nos braços de America.

Meu pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora