Engessada

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Enquanto ele entrava, America vinha andando pelo corredor do segundo andar. Quando ela ia descer o primeiro degrau, o salto de sua bota quebrou, e ela caiu, rolando escada abaixo, sob os olhos do marido, que olhou a cena, desesperado.

Maxon praticamente voou até o corpo de America, nos pés da escada. Mas quando ele se abaixou, trêmulo, ao lado da mulher, percebeu que ela ria.

Maxon: Ames? - chamou, trêmulo. America virou o rosto pra cima, revelando seu sorriso, e rindo do tombo que levara. Ele se sentou ao lado dela e suspirou, aliviado - Maldição, America, quase me matou - acusou, passando a mão no rosto.

America: Minha perna está doendo - conseguiu dizer, entre o riso. Ele riu dela.

Maxon: Está rindo de si mesma? - perguntou, incrédulo, mas ria.

America: Você viu o tombo que eu tomei?  - perguntou, rindo. Os dois pareciam a imagem de um quadro. Ela, pálida como a morte, usando um vestido negro, deitada de qualquer jeito nos pés da escada. Ele, com suas feições perfeitas, com um rosto entre alivio e aflição - Minha perna realmente está doendo - disse, fazendo uma careta, enquanto tentava parar de rir.

Maxon: Que? - perguntou, rindo dela.

America: Minha perna - disse, se sentando e segurando a perna esquerda. Ele observou a ruiva - Minha cabeça - fez uma careta, sentindo a cabeça latejar - Minha perna! - disse de novo. O ponto perto do calcanhar doía barbaramente - AI! - se deitou de novo. Mas como não olhou pra trás, bateu a cabeça no primeiro degrau da escada, causando barulho no assoalho de madeira - Eu vou morrer - murmurou, pondo a mão na testa, e prendendo o riso. Maxon riu e foi ver a perna dela. America era louca, só podia.

Maxon: Vem aqui - ele foi pra carregar ela, que se esquivou, olhando as mãos dele, apreensiva - Ames, vamos lá. Prefere ficar com dor? - ela avaliou. As mãos dele tinham tocado em Kriss, e isso era desprezível. Mas sua perna estava doendo barbaramente, então, com um suspiro derrotado, ela se deixou carregar. Seu coração entrou em festa enquanto ele subia as escadas. Ela estava nos braços dele, novamente. Não no sentido certo, mas ainda assim nos braços dele.

Maxon: Você torceu o tornozelo - avisou, após levantar o vestido dela até o joelho e tirar-lhe a bota. 

America: Eu mereço - suspirou.

Maxon: Vou chamar um médico - America assentiu, e ele saiu.

Maxon mandou um empregado ir a cidade, chamar o médico. America ganharia uma bela bota de gesso, de presente.

America: Maxon - chamou, quando ele entrou no quarto. Ele virou-se automaticamente - Posso pedir uma coisa?

Maxon: Pode. O que houve?

America: Eu quero um banho antes de me engessarem - Maxon riu.

Ele pôs um banco alto pra ela debaixo do chuveiro, e lhe ajudou a tirar o vestido. Em seguida carregou-a e a deixou sentada debaixo d’agua, só com a roupa debaixo, e com as coisas que precisaria pro banho, saindo em seguida. America tirou a roupa debaixo, tomou seu banho tranquilamente, se secou e vestiu roupas intimas novas. Não colocou espartilho, usou um dos tops que usava quando grávida, já que não podia amarrar. Também, não ia usar vestidos por agora, que sentido havia em usar o espartilho? Ela voltou pro quarto se amparando na parede e usando somente o pé normal. Maxon estava fazendo carinho em uma Eadlyn que dormia no berço. America teve a impressão de que ele perdeu o fio do que ia dizer quando viu ela daquele jeito, com aquele nada de roupa. Mas logo passou, e ele foi ajudá-la. Lhe vestiu uma camisola aquecida, de algodão. O dia estava frio. Em seguida deitou ela na cama novamente. Disse que ia tomar um banho também, já que a estrada pra casa era poeirenta. America ficou sentindo a perna latejar dolorosamente, até que ele voltou pro quarto, com uma calça abrigo e uma camisa branca, solta.

Logo o médico chegou. Foi pior do que America imaginava. Ele engessou desde o pé até perto do joelho. Maxon riu da careta que ela fez quando o médico disse "pronto", e lhe deixou com aquilo lá.

Maxon: Não é tão ruim. Pelo menos parou de doer - argumentou, mais ou menos deitado ao lado dela.

America: Aham. Eu só devo ter ganhado uns cinco quilos a mais nessa perna - reclamou, emburrada.

Maxon: Logo você tira, e vai poder cair de novo - tranquilizou, e em seguida riu.

America: Muito engraçado, de verdade - retrucou, cruzando os braços.

Maxon riu, e ela fez um bico enorme. Se sentia presa com aquilo na perna. Até que o olhar dos dois se encontraram, e o riso dele foi morrendo aos poucos. America encarou o marido por um tempo, com o coração aos saltos. Era tão doloroso tê-lo tão perto, e ao mesmo tempo tão longe. Seu olhar, involuntariamente, pousou-se nos lábios dele. Tanta saudade. Maxon tocou a maçã do rosto dela, e após se aproximar, beijou-a calmamente. Dessa vez Eadlyn não chorou. Talvez sentisse o amor oprimido que vinha dali.

America pôs uma mão no pescoço dele, de leve, e se deixou ser beijada

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America pôs uma mão no pescoço dele, de leve, e se deixou ser beijada. O corpo de America ardia pelo toque dele. Cada pedaço, cada centímetro de pele. Após minutos aos beijos, ela, instintivamente, pôs-se lentamente a ir pra cima dele, que por sua vez se ajeitou no travesseiro e a ajudou. Isso até o enorme gesso na perna dela atrapalhar o movimento, estragando o clima. America voltou ao seu lugar, e Maxon se endireitou, frustrado.

Maxon: A escolha certa. Eu sei - disse, vendo o olhar dela.

America: Não se pode ter tudo que quer - disse, sorrindo de canto.

Nessa hora, Eadlyn deu um gritinho no berço, alertando aos pais de que ela tinha acordado, e que não estava disposta a ficar no berço. Maxon riu e se levantou. America observou o marido carregar a filha amorosamente, dando-lhe um beijo apertado em seguida. A menina riu.

America: Vem com a mamãe - chamou, erguendo os braços. Eadlyn riu e enterrou o rosto no ombro do pai, que estava de pé do lado de America, fazendo manha - Eadly, vem com a mamãe! - chamou, sorrindo. Ela continuou encolhida, e Maxon riu - Ah, pobre de mim. Até o meu bebê me abandonou - fez um bico engraçado e pôs as mãos no rosto, fingindo chorar. Eadlyn observou a mãe, atenta.

Maxon: Fez ela chorar - avisou a menina, quando ela o encarou. Eadlyn resmungou alguma coisa, com os olhinhos castanhos confusos - Fez sim, olha lá - ele apontou pra America, que continuou fingindo que chorava.

Eadlyn se enclinou, estendendo as mãozinhas pra America. Como a mãe estava com as mãos no rosto e não viu, ela deu um gritinho. America ergueu o rosto e viu a filha se esgoelando para ir pro seu colo. Maxon ria. Ela riu e carregou a filha, enchendo-a de beijinhos estralados. Vistos de longe, os três eram uma família. Uma família feliz.

E foi assim que o tempo foi passando. America e Maxon se davam bem, mas ela não deixava ele tocar nela. America não  andava muito pela mansão, agora que tinha o pé engessado. 












Meu pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora