Novos herdeiros

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Aspen: Carta pra você - anunciou, na manhã seguinte. America estava sentada, tricotando um sapatinho.

Ela franziu a sobrancelha, confusa. Não costumava receber cartas. Pegou o envelope, e olhou o remetente. Sorriu. Gerad.

America: LEE! - ela ouviu a loira gritar do andar de cima, respondendo - CARTA DO GERAD! - anunciou, sorridente.

A loira logo apareceu, saltitante. Ambas sentiam falta do irmão. Marlee se sentou na poltrona perto da que Aspen estava, e America começou a ler.

"Querida Ames...

Escrevo para lhe dar uma notícia não tão boa. Celeste Maria pegou febre tifóide há alguns meses. Eu não avisei antes, porque não queria preocupar vocês. Porém, ela não resistiu. Morreu anteontem, e o enterro foi ontem de tarde. Eu queria ter escrito antes, mas não tive condições. Ela era minha vida. Já escrevi, avisando papai o que aconteceu. Vou tentar largar o trabalho para passar uns dias com vocês. Como você está com Maxon? E Marlee? Na última carta ela disse que o bebê tinha nascido, como ele está?

Esperando que esteja bem,
Gerad."

America: Tem uma foto aqui - disse, ainda pasma pela notícia. Ela olhou o verso da foto. Era a caligrafia de Gerad. "Sei que você não deve se lembrar dela, passaram-se muitos anos."

Foto:

America passou a foto pra irmã, e a tristeza em seus olhos era mais que aparente

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America passou a foto pra irmã, e a tristeza em seus olhos era mais que aparente. Gerad amava Celeste Maria mais que a própria vida. Queria estar com o irmão, abraça-lo, consola-lo. Enquanto Marlee observava, America pensou nisso. Como a vida era injusta. Corações quebrados estavam por toda parte.

Os dias foram se passando, calmos. America completou seis meses de gravidez. Estava com um barrigão enorme. Ela e Marlee se esbaldaram comprando roupinhas neutras, já que ainda não sabiam o sexo da criança.

Carter: Você se empolgou com a história do bebê da Ames - comentou, sorrindo pra esposa, que estava sentada na ponta da cama dos dois, com um macacãozinho na mão.

Marlee: A Ames é muito só. Maxon não dá nem um terço do que ela merece. Então eu faço o que posso - Carter sorriu mais ainda, pela doçura dela.

Carter: Agora ela vai ter o bebê - confortou, enquanto tirava o terno - Todos nós teremos um novo herdeiro, para fazer companhia ao Kile.

Marlee: Novos herdeiros - corrigiu.

Carter: Novos? - virou-se confuso para mulher. Marlee ergueu a sobrancelha, e ele entendeu. Novos herdeiros. Mais de um. Duas grávidas.

A gritaria recomeçou. Foi quase exatamente como a vez de Kile, só com algumas diferenças. America, que comia uma torrada, engasgou-se com o grito que Carter deu. Eles nem precisavam anunciar, todos adivinharam. America sorriu, feliz. Maxon fez uma cara estranha, mas sorriu pra si mesmo. Aspen riu. Um novo herdeiro.

Aspen: Meu sogro pegou febre - anunciou certa noite, após o jantar, lendo uma carta de Lucy.

Carter: Febre tifóide? - perguntou, virando-se pro irmão.

Aspen: É - confirmou, lendo o resto da carta.

Carter: É uma epidemia - comentou, pensativo.

Marlee: Celeste Maria - falou, e America assentiu, abraçando-se a barriga.

Maxon: Quem é Celeste Maria? - perguntou, observando as duas.

America: Esposa do Gerad. Morreu há alguns dias, com essa febre - respondeu, acariciando a barriga.

Aspen: Eu tenho que ir - concluiu, após terminar de ler a carta.

America virou a cabeça bruscamente pra ele, atônita. Maxon observou a reação da mulher com um sorriso de canto no rosto. Se Aspen era seu farol, agora ela estava perdida.

America: Aspen, o bebê - murmurou no dia seguinte, antes dele partir, no chalé.

Aspen: Eu voltarei pra ver ele nascer, eu prometo - respondeu, abraçando-a - Eu preciso ir. Lucy está atordoada, sozinha, e com seu pai no estado em que está. Me perdoe.

America: Eu preciso de você aqui, pro bebê nascer. Eu tenho medo - admitiu, com o rosto no peito dele.

Aspen: Eu estarei aqui, minha Meri - acalmou ela, acariciando-lhe os cabelos firmemente presos - Preciso ir.

America ergueu os olhos pra ele, e estava em pânico. Precisava de Aspen aqui. Ele segurou o rosto dela, e a beijou por um bom tempo. Era um beijo de despedida. Na opinião dela, a pior classe de beijo. E então, com um "Até logo.", ele havia sumido, deixando aquele vazio doloroso em seu peito.

Maxon: Ele foi embora - caçoou no dia seguinte, à noite, quando ela entrou no quarto dos dois.

America: Vá pro diabo que te carregue, Maxon - mandou, quieta, enquanto tirava as botas.

Maxon: Você fica tão bonitinha quando está só - continuou, divertido - Oh, pobre Ames, seu Aspen voltou pra mulher - ele riu gostosamente com isso.

America: Vamos parando? - perguntou, erguendo o rosto pra ele.

Maxon: A essa hora ele deve estar com ela - provocou, e America olhou para frente - Você não conhece a mansão dos Estados Unidos, mas é incrível - atiçou, sentando-se na outra ponta da cama - As camas são enormes. Imagino, Lucy tendo ficado sozinha tanto tempo, em que condição os dois não devem estar agora - concluiu, malicioso.

America não admitiu, mas era nisso que ela estava pensando. Aspen estava com Lucy agora. Ele era apaixonado por ela. Lucy levaria ele pra cama. America admitiu para si mesma, levaria Maxon para cama também, se não estivesse com uma barriga tão grande, e se Kriss não estivesse marcada em cada pedaço da pele dele. Não podia piorar. A raiva dela chegou ao auge, e antes de pensar, ela pegou um pequeno vaso que estava na penteadeira e atirou nele. Maxon desviou, e o vaso atingiu em cheio a parede, partindo-se em dezenas de caquinhos. America foi pro banheiro e bateu a porta com força, ainda ouvindo o riso glorioso dele vindo do quarto. Aspen com Lucy. Maxon torrando-lhe a paciência. Sua barriga, cada vez mais pesada. Inferno de vida. Um mês se passou. Aspen escrevia pra ela toda semana. Seu sogro não estava bem. America mandou noticias de todos, e disse que sentia saudades. Sua barriga estava maior que nunca.











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