Ameaças

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Bom. Com lua cheia, ou sem lua cheia, o segundo herdeiro de America e Maxon não veio. Os meses se passaram, e nada. America havia resolvido deixar isso de lado, sabia que preocupava o marido, sabia que não adiantaria chorar. Cada vez que ela tocara no assunto, Maxon brincou com ela, e a levou pra cama, por fim. Bom, eles iam pra cama de qualquer modo, mas não era bom ficar torturando o amado com isso.

Ela e Lucy não se davam bem, mas não discutiram mais. America acreditava que Lucy estava guardando silêncio não por respeito, mas por um tipo estranho de agradecimento por ela ter lhe ajudado na hora da dor. Josie era a alegria da vida de Carter e Marlee. Aspen quase não desgrudava de Clarisse.

Só uma coisa atrapalhava os Schreave. Algo que Maxon guardava pra si. Cartas que ele vinha recebendo, sem remetente, com ameaças a ele, America e Eadlyn. Ele sabia quem era. Reconhecia aquela caligrafia porque já havia recebido dezenas de cartas assinadas por ela.

America não sabia, mas o marido havia mandado triplicar a segurança na mansão, desde que a primeira chegou. A remetente fez piada disso na carta seguinte. O aniversário do primeiro ano de Eadlyn estava se aproximando, e os pais não abriram mão da festa. Ainda faltavam três meses pro dia, e os preparativos estavam a mil.

America: Eu quero uma grande fachada preta, na parede principal do espaço, com o nome dela em letras prateadas. Nada muito chamativo, mas que fique claro que o foco da festa é ela - Anne assentiu e continuou anotando.

Era tarde. O tempo estava menos frio que o de costume. America estava sentada no colo de Maxon, num banco que ficava embaixo de uma árvore, no jardim da mansão Schreave. Maxon abraçava ela com os dois braços pela cintura, e America dava instruções a Anne, que anotava tudo atentamente. Eadlyn estava em seu carrinho, brincando com sua bonequinha de pano. Era uma menina saudável pros seus nove meses de vida.

America: No bufê, eu quero de tudo. Tudo que houver para festas de crianças, é claro. Isso eu resolvo depois. As mesas, as toalhas serão duas pra cada mesa, uma rosa por baixo, e uma dourada clara por cima. O enfeite... - pensou um instante - Os enfeites. Seria perfeito um E e um S prateado, enlaçados um no outro, prendendo uma rosa em botão, clarinho. Você sabe onde eu posso encontrar isso?

Anne: Não faço idéia, senhora. Os aniversários de um ano, em geral, não são tão sofisticados quanto o da menina Eadlyn será. Mas posso mandar alguém procurar, talvez encontremos - observou, pensativa.

America: Será difícil de encontrar. É uma pena, ficaria perfeito - lamentou.

Maxon: Desenhe como você quer que fique, e eu mandarei fazer pra você - murmurou, divertido com a pele do pescoço dela.

America: Sério? - perguntou, virando o rosto pro marido.

Maxon: Se me der um beijo - impôs, erguendo o rosto pra ela.

America: Depois - brincou, empurrando o rosto dele, que riu, beijou a mão dela, e voltou-se ao seu pescoço - Então, farei o desenho e mandarei a medida para fazerem. Encomende as toalhas com um tecido flexível, pra que não fiquem tensas nas mesas, e as toalhas douradas devem ser um pouco menores, para que seja visível as rosas debaix... Maxon! - repreendeu, se arrepiando com um beijo chupado que recebera no pescoço. Maxon riu.

Maxon: O que? - perguntou, maroto, beijando a marquinha que ficou.

America: Pare com isso - repreendeu dando um tapinha nas mãos dele que estavam em sua barriga.

Maxon: Porque? - questionou, como se isso não fosse obvio.

America: Porque si... - fechou os olhos, estremecendo com outro beijo que recebeu - Anne, pode ir agora. Depois eu lhe dou mais detalhes - Anne sorriu e saiu de perto, sumindo em direção a mansão - Qual o seu problema?

Maxon: Você - murmurou no ouvido dela, que sorriu, fechando os olhos, sentindo o hálito quente do marido no seu ouvido - É convidativa demais pra mim. Chega a ser apelativo - America sorriu, apaixonada, pro marido, e o beijou.

America: Escute, você precisa parar com isso - reclamou, dando impulso para se levantar.

Maxon: Não! Fique - pediu com uma carinha irresistível - Eu paro, se é isso que quer.

America: Não é isso que eu quero, você sabe que não - ela acariciou o rosto dele, que sorriu – Mas é que não dá pra você me agarrar, me jogar no chão e me ter aqui, na luz do dia - explicou, obviamente.

Maxon: Porque não? - perguntou, animado com a idéia - Posso te possuir aqui, veja, a grama é fofa - apontou para a grama verdinha, e America riu gostosamente.

America: Maxon! - gritou, alarmada, quando ele deitou com ela no chão. Ele deixou o peso cair por cima da esposa, rindo, divertido - Eu também te amo - respondeu, beijando-a docemente.

Maxon segurou o rosto da esposa levemente, e se aprofundou no beijo. America via o céu cada vez que sentia a língua do marido invadir seus lábios, apossando-se de sua boca sedentamente, como se ela fosse o ar que ele respirasse. Ela não sabia, mas era como se fosse. A mesma, inconscientemente pôs a mão em cima do pulso da mão que ele segurava o rosto dela, e se entregou a ele. O beijo durou até que Eadly gritou, avisando que cansara de segurar vela.

Maxon: Você é a minha vida, America - murmurou, de olhos fechados, com a testa colada na dela, ainda segurando seu rosto. A mão dela continuava em seu pulso.

America observou Maxon por um instante. Ele era tudo o que ela podia pedir. Naquele instante se lembrou do medo que teve na noite que antecedeu o casamento. Medo da noite de núpcias. Medo da vida a dois. Medo daquele rosto que parecia ser a razão pra ela enxergar. Os dois se separaram quando Eadlyn jogou a boneca de pano em cima dos dois, alertando-os.

America: Bonito, mocinha - repreendeu, se sentando, e pegando a filha no carrinho. Ela empurrou o carrinho com uma mão, fazendo-o recuar para longe dos três. Eadlyn fez um biquinho.

Maxon: Não briga com ela, Ames - contestou, vendo o bico da filha.

America: Brigo sim. Não pode ficar jogando as coisas nas pessoas, é errado - repreendeu, mas deu um beijinho no cabelo castanho da filha. A menina ficou encolhida no colo da mãe, envergonhada.

Maxon: Ela brigou com você, meu amor? - perguntou, olhando Eadlyn. A menina ergueu o rostinho tristonho pro pai, e o encarou com os olhos castanho, intensos - Brigou? - ela aumentou o bico - Mamãe chata, não é? - sussurrou pra menina, que sorriu do tom de voz do pai.

America: Maxon! - chamou, se fazendo de indignada.

Maxon: Vem aqui com o seu pai - chamou, se deitando de lado e chamando ela. A menina se esticou pra ir pro pai, e America deixou.

America olhou para Maxon quando a menina se esticou, e ele disse a ela, pelo olhar, que era pra deixar. Eadlyn se esticou do colo da mãe, e caiu de boca na grama fofa, ficando deitada lá, olhando o pai, esperando que ele a carregasse. Ela usava um macacãozinho rosa claro, estava fofa ali, deitada de barriga. America ia carrega-la, mas Maxon negou com o rosto.

Maxon: Vem, meu amor - incentivou, esticando a mão pra ela.

Eadlyn olhou a mãe, e depois o pai, confusa. Estava esperando alguém carrega-la. Queria ir pro colo de Maxon. Como ninguém fez nada, ela, inocente, fez impulso com os bracinhos, tentando chamar o pai. Com isso descobriu que podia se mexer. Ela fez novamente, e mais uma vez, e sorriu, engatinhando desajeitada pro pai. O coração de Maxon se derreteu e se desmanchou em seu peito ao ver aquele bolinho rosa claro vir engatinhando até ele. Ela caiu umas duas vezes, mas o mesmo a incentivou, chamando-a com a mãe. A menina riu, animada, quando chegou ao alcance do pai. Ele a pegou e se deitou de costas, colocando a filha deitada em cima de sua barriga, e encheu ela de beijos. America sentia a felicidade pulsar em cada pedaço do seu corpo. Felicidade essa que continuava lhe assustando. Mas espantou isso da cabeça e foi pra perto do marido, que a acolheu no braço, fazendo-a se deitar junto a ele na grama. Daria uma bela pintura, a pintura que descreveria a felicidade, em seus mínimos detalhes.

Meu pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora