Menina

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As horas foram se passando. Maxon catou Eadlyn, e ficou brincando com a filha. A parteira chegou, e despachou Aspen e Carter do quarto. Marlee tinha a respiração controlada, respirava ritmadamente, já havia passado por aquilo, gritar e espernear não ajudava em nada.

Marlee: Obrigada - agradeceu quando America prendeu seus cabelos num nó apertado.

America: Disponha - brincou com a irmã, que riu de leve. Então se virou para Lucy - Posso? - perguntou, cautelosa.

A loira hesitou, mas assentiu. Os cabelos haviam começado a grudar na nuca, e isso estava lhe dando agonia. America pegou os fios sedosos, soltos, e os prendeu gentilmente. Lucy agradeceu, tímida, antes de gemer novamente.

Maxon: Tó o bilu - ofereceu a Eadlyn, que sorria - Toma, meu amor -  a menina foi pegar a bonequinha, e ele tirou do caminho. Ela resmungou, batendo as mãos - Agora não quero mais te dar - brincou, com a boneca fora do alcance da morena, que fez um bico engraçado - Você quer? - Eadlyn estendeu a mãozinha, ansiosa, e Maxon entregou a boneca, a qual a menina abraçou - Pronto, minha princesa - disse, beijando a testa da filha, que riu.

Foi então que Maxon ergueu o rosto. Aspen e Carter olhavam ele com a cara fechada, sinal de irritação, raiva e incredulidade. Ele parou de sorrir e ficou quieto, em sinal de que pedia desculpas. O tempo foi passando. Maxon brincava com Eadlyn em silêncio, até que a madrugada e o frio fizeram a menina ficar sonolenta. O mesmo tirou-lhe a boneca, cobriu ela com uma mantinha que tinha trazido, e a ninou. A menina se aconchegou no peito do pai, segurando o colete dele com a mãozinha, e adormeceu. Os irmãos estavam indóceis. Aspen principalmente. Lá em cima, a parteira fazia seu trabalho. Para Marlee estava sendo mais fácil, já era seu segundo parto, ela já sabia como eram as dores, e qual o melhor modo de fazer força. Lucy já estava coroando, e não conseguia fazer o bebê nascer.

America: Não há nada que se possa fazer por ela? - murmurou para Anne, vendo Lucy chorar, puxando fôlego para fazer força novamente. Marlee gemia as vezes, gritava, mas estava conseguindo.

Trabalho de parto era complicado naquela época. Não havia anestesia, nem conhecimento sobre isso. As mulheres tinham que se deitar, fazer força, e rezar para que acabasse logo. Marlee e Lucy haviam trocado de roupa, ficando com camisolas brancas, de algodão. Anne explicou a America que estava sendo difícil para Lucy, porque ela não tinha passagem pro bebê, e não estava aplicando a força do modo certo. Foi aí que America teve uma idéia.

America: Er. Lucy? - chamou, se abaixando ao lado da loira.

Lucy: O-oi? - respondeu, com a voz entrecortada de choro e dor, sem se dar ao trabalho de ser antipática com America,

America: Eu posso te ajudar em alguma coisa? - perguntou, sem jeito. Lucy negou com a cabeça, e mais duas grossas lágrimas desceram de seus olhos.

Lucy: Está doendo muito - gemeu, soluçando de dor.

America: Eu... - hesitou, talvez não fosse uma boa idéia - Eu tenho uma idéia. Pode ajudar.

Lucy: Por favor - foi o único que conseguiu pedir, fazendo força de novo.

Nessa hora, o bebê de Marlee nasceu. A loira se relaxou na cama, chorando, soada, e principalmente cansada. America não viu qual era o sexo, Lucy ainda estava agonizando. Os irmãos se abraçaram lá embaixo, sem saber qual dos dois era o pai. America se levantou, pensando no que ia fazer. Se ajoelhou na cama, a frente de Lucy, e, pondo as mãos no topo de sua barriga, fez força para baixo, como que se estivesse empurrando o bebê. A dor da loira foi lancinante, e ela gritou. Sob a dor, ela sentiu o bebê deslizar dentro de si. America tirou as mãos rapidamente, e olhou ela, como se pedisse desculpas.

Meu pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora