Tatiana:
Estava numa quinta-feira do meio do mês de abril. Eu, como sempre, estava trabalhar no Lince. O Lince é um café/bar, frequentado por muitos jovens. Hoje não havia nenhum evento, como karaoke ou festas temáticas. O Lince está quase vazio. Apenas um homem de olhos azuis estava sentado ao balcão. Nunca o tinha visto por ali.
Eu arrumava a louça que tirava da máquina de lavar. A Carla, a minha patroa, aproximou-se de mim.
" Posso saber qual a razão dessa carinha tao tristinha?" Ela pergunta-me. A Carla era uma mulher com trinta e poucos anos. Era loira e tinha os olhos castanhos. Ela era uma mulher muito simples, tanto na maneira de vestir como na maneira de ser.
" Não é nada. É só que amanhã faz seis anos que o Cláudio faleceu." Respondi.
O Cláudio foi o grande amor da minha vida. Eu conheci quando tinha quinze anos. Vivemos um grande amor, até que ele faleceu num acidente de carro com o pai, quando estes se dirigiam para o aeroporto. Desde ai, eu nunca mais consegui apaixonar-me novamente.
" Tatiana! Tu tens que esquecer esse rapaz. Já faz tanto tempo." Aconselhou ela.
" É difícil esquecer algo, quando temos alguém em casa que a cada dia nos faz lembrar mais dele." Disse um pouco melancólica. Eu estava a referir-me a Aurora, a minha filha. Pouco depois de o Cláudio falecer, eu descobrir que estava gravida. A Aurora é a razão da minha vida. Eu amo muito a minha filha.
" Eu compreendo. A Aurora está muito bonita." Ela disse.
" Carla! Eu queria saber se amanhã eu podia chegar um pouco mais tarde. Eu queria passar no cemitério." Eu pedi.
" Claro que podes. E podes também tirar esse avental e ir para casa que essa cara está péssima." Ela disse numa forma brincalhona.
" Não, Carla. Ainda há muito para fazer." Eu afirmei.
" Eu acabo, não te preocupes." Ela disse sendo simpática.
" Se é assim, obrigado." Agradeci.
Tirei o avental, peguei a minha mala, despedi-me da Carla e saí do Lince. Caminhei até casa. A minha casa ficava a dez minutos do café. Eu morava com os meus pais, Augusto e Júlia, eles apoiar-me muito quando eu descobri que estava gravida. Eu tinha apenas dezasseis anos quando fui mãe.
Olhei o relógio, eram dez e meia. Cortei caminho, queria chegar cedo a casa e contar uma história para Aurora antes dela dormir. As ruas eram escuras, era uma zona de fábricas e não existiam pessoas na rua. Eu não me incomodei com isso, eu só queria chegar o mais rápido a casa.
Senti um homem atras de mim. Tentei não me preocupar. Era normal existirem pessoas na rua, ainda era cedo. Eu virei numa rua e ele fez o mesmo. Apressei o passo, estava a ficar receosa. Ele apressou também o passo. Entrei noutra rua que não conhecia, comecei a correr, ele correu atras de mim. Eu deparei-me com uma parede. A rua não tinha saída. Eu virei-me para ele.
" O que é que você quer de mim? Porque me está a seguir?" Perguntei ao homem de meia-idade com aparência desmazelada, barba por fazer e cabelo despenteado.
" Passa para cá o dinheiro!" Ordenou o homem que usava uma camisa com aos botões desabotoados. Ele tirou uma navalha do bolso das calças, aproximou-se de mim e segurou-me o braço de forma rude. Eu estendi-lhe a mala.
" Leve tudo, mas não me faz mal." Pedi-lhe. Ele verificou a minha mala. Eu não tinha muito dinheiro na carteira e o telemóvel não era muito recente.
" É pouco, mas podes valer de outra maneira." Ele aproximou-se de mim, fazendo-me encostar à parede. O homem de meia-idade encostou a cabeça ao meu pescoço. Senti a faca perto da minha barriga. A minha respiração estava agitada e sentia muito medo.
" Quietinha! Sem barulho. Se não eu acabo contigo." Ele disse perto do meu ouvido. O seu cheiro era de álcool, misturado com um perfume barato.
" Por favor, deixe-me ir. Eu já dei tudo o que tenho." Eu implorei-lhe. Eu estava com medo, com muito medo. O meu coração batia aceleradamente.
" Eu já disse. Cala-te! Se não danças!" A faca foi pressionada sobre a minha barriga. Não sabia o que fazer. Se grita-se, ele podia matar. Mas se não fizesse nada, ele ia fazer-me mal. Ele começou a beijar-me o pescoço. Senti muito nojo e repulsa. Comecei empurra-lo, mas não tinha força para ele. Gritei, mas ele tapou-me a boca. Ele passou a mão sobre minha cocha e apertou o meu rabo. Eu só queria sair dali. Não podia acreditar que isto me estava acontecer. As lagrimas escorriam pela minha cara de forma descontrolada. Ele puxou a minha camisola e a rasgou. Eu tentava-me soltar, mas não conseguia. O homem beijou o meu peito. Os pelos da sua barba ruçarem na minha pele.
Eu estava apavorada e o medo percorria todo o meu corpo. Eu consegui livrar do homem, ele era forte. Eu estava a perder a esperança. Tinha tanto medo que ele fizesse alguma coisa comigo. Quanto mais eu esperneava nos braços dele, mais presa, eu senti-me. Eu já não consegui controlar o choro e continuava a tentar gritar, mas os gritos eram abafados pela mão nojenta do homem. Eu perguntava para mim mesmo o porquê de isto estava a acontecer comigo.
É então, quando eu não tenho mais esperança nenhuma, o homem salta de cima de mim e eu vejo sendo projetado de uma forma incrível contra a parede. Foi tudo muito rápido. Olho para a minha frente. Um homem alto, vestido de preto, olha para mim. A luz do único cadeeiro que existe naquela rua insidia nos olhos dele, fazendo o azul dos seus olhos brilharem.
Nós olhamo-nos por algum tempo, sem dizer nada um ao outro. Eu tinha a roupa rasgada, o cabelo estava despenteado e o meu rosto estava coberto de lagrimas. O homem que me atacou levantou-se coxo do chão e tentou fugir. O homem de preto apercebeu-se e vai atras dele.
" Espera! Quem és?" Gritei. Ele virou-se para mim e eu encarei novamente os seus incríveis olhos azuis. Ele não disse uma palavra, apenas desapareceu na escuridão.
...
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Um Monstro em ti
VampireJoel Obsidiana é um vampiro assassino que há alguns anos atras viu o seu grande amor ser assassinado a sua frente. A dor e o sofrimento fizeram com que ele soltasse um monstro. Ele mata e sente satisfação nisso. Tatiana Silva perdeu o seu grande a...