Um Monstro em ti

Uma conversa decisiva (171)

Tatiana:

Alguns dias passaram e eu não voltei a falar com o Joel. Ele deu-me algum espaço, eu estava um pouco abalada com a morte do Cláudio. Precisei de tempo para pensar.

O Joel esteve presente no velório e funeral do Cláudio. Nós trocamos alguns olhares. No dia seguinte, ele mandou-me uma mensagem a dizer que precisamos de falar. Eu combinei encontrar-me com ele, ao entardecer do dia seguinte.

Eu cheguei ao desfiladeiro, onde tinha combinado encontrar-me com ele. Ele encontrava-se sentado de costas para mim. Usava a sua habitual camisa preta.

O nervosismo estava alojado no meu estomago. Era tudo mais fácil, se não tivesse descoberto o que descobri esta manhã. Eu não sei como lhe contar, eu não sei o que lhe dizer. Eu tentei programar o que tinha de dizer, mas não consegui formular nada.

Eu caminhei devagar para ele e sentei-me ao seu lado sem dizer uma única palavra. Olhei o maravilhoso pôr-do-sol. Ele não olhou para mim, manteve o olhar no sol a pôr-se. Passado alguns minutos em silêncio, sem olhar um para outro. Apenas contemplado a presença um do outro.

Obsidiana:

Eu senti a Tatiana sentar-se ao meu lado. Pode saber que ela ainda é humana. É estranho. Ela não disse uma palavra, tínhamos os dois os olhos no por do sol.

" É lindo, não é?" Eu falava sobre a imagem que tínhamos a nossa frente.

" Sim." Ela respondeu.

" Pensei que já fosses uma vampira." Eu olhei pela primeira vez para ela.

" Iriei ser em breve." Ela olhou para mim e o nosso olhar ficou preso. Eu podia perguntar o porque de ela ainda não ter transformado. Mas eu precisava de saber outra coisa antes. A pergunta que anda a minha cabeça desde o dia em o Cláudio morreu.

" Porquê, Tatiana? Porquê mataste o Cláudio e me salvaste?" Eu perguntei. Ela respirou fundo e voltou olhar por o sol.

" Boa pergunta. Acho que nem eu sei a resposta ou então apenas não quero admitir." Ela fez uma pausa. " Há coisas que não dão para explicar. Talvez tu tivesses razão quando dizias que todos são capaz de matar, só basta ter o motivo certo."

" E eu era o motivo?" Eu perguntei, olhando o seu rosto perfeito.

"Acho que sim. Eu quando vi que ias morrer, eu não pensei. Agi por impulso. A Aurora disse-me para eu ouvir o meu coração e ele implorava para te salvar." Ela por fim olhou para mim.

" Eu não percebo. Tu escolheste o Cláudio, o teu coração devia gritar por ele. Ele é que era o homem certo para ti e eu tipo que todo errado." Eu expliquei.

" O Cláudio uma vez disse uma coisa. Ele disse-me que todos temos defeitos, e que amar era conseguir amar os defeitos do outro." Ela fez uma pausa e encarou.

" E tu consegues amar os meus defeitos?" Eu perguntei confuso.

" Não digo que ame os teus defeitos. Tu fizeste coisas horríveis que sou capaz de aceitar. Mas o amor que sinto por ti parece que supera tudo isso. Acho que te continuo a amar, mesmo com todos os teus defeitos." Eu sorri ao ouvir as palavras dela. Como eu esperei ouvir estas palavras.

" Não sabes o quanto essas palavras me deixam feliz." Eu declarei.

" É isso, Joel. Eu amo-te." A Tatiana começa a chorar. " Só não o sabia. Só não queria admitir. Era mais fácil escolher o caminho aparentemente mais fácil. Mas estava completamente errada. Eu escolhi o homem certinho, boa pessoa que não cometeu crimes. Mas no fundo, eu sempre amei o tipo errado que só comete crimes e errou muito no passado. Mas o que é que eu vou fazer se eu continuo a amar-te, mesmo sabendo o quanto me fizeste sofrer no passado." Ela estava visivelmente emocionada, não consegui parar de chorar.

Em resposta, eu colei os meus lábios nos seus. Ela correspondeu ao beijo na mesma intensidade que eu. Foi um beijo de saudade e realização. Até que ela parou o beijo.

" Joel! Nós não podemos ficar juntos." Ela disse com rosto ainda perto do meu. Eu senti a sua respiração misturar com a minha. Eu abri os meus olhos e encarei os dela.

" Porquê, Tatiana? Eu também te amo." Ela levantou e caminhou um pouco. Eu levantei-me e olhei para ela. Os olhos dela entraram em contacto de novo com os dela. Eu não sei o que se está a passar.

" Eu estou gravida. Eu estou gravida do Cláudio." A minha boca abrisse. Eu não estava a espera. " É por isso que ainda não sou uma vampira. Eu só me vou transformar depois do parto." Eu fiquei calado, o que ela me disse deixou-me totalmente surpreso. Eu não tenho palavras.

" Eu não sei o que dizer." Eu disse, tendo racionar. Ela limpa as lagrimas do rosto.

" Não precisas de dizer nada, Joel. Está tudo escrito na tua cara. Eu não te culpo, Joel. Eu estou gravida do teu rival, é normal que não queiras ficar comigo." Ela disse e soltou um soluço do choro. Eu não sabia o que fazer. Ela tentou prender o choro e olhou para mim. "Adeus, Joel." Ela disse e começou a caminhar.

Eu estou um pouco atordoado com a notícia, mas onde ela vai.

" Tatiana!" Eu chamei-a. Eu não posso deixa-la ir. Ela olhou para mim.

" Uma gravidez não é impedimento de nada." Eu racionei.

" E vais conseguir criar mais um filho do Cláudio." Eu fiquei calado. É muita informação. Eu preciso de pensar. " Pois, era o que eu pensava." Ela volta a caminhar.

" Tatiana!" Eu chamei-a. Eu não consigo deixar ir, depois de tudo o que ela confessou que sente por mim.

" Diz." Ela disse pouco animada, continuava a chorar. Eu aproximei dela e segurei suas mãos..

"Tatiana! Eu amo-te tanto, mas tanto que se é esse o preço que eu tenho de pagar para estar ao teu lado, eu pago. Eu crio o filho do Kokio." Eu coloquei a mão na barriga dela. " Eu crio como se fosse meu. E se for preciso e crio a Aurora também. Eu faço o que for preciso para estar ao teu lado." Eu fui o mais sincero possível.

A Tatiana agarra o meu rosto e surpreende-me com um beijo. Eu abraço e faço ela levantar os pés no ar. Eu sinto o seu cheiro e quando dou por mim as lagrimas estão nos meus olhos. E não tenho mais vergonha de mostrar a emoção que sinto. Ela limpa com o seu polegar as lagrimas do meu rosto. Eu coloco a minha mão no seu rosto e analiso cada traço.

" Eu amo-te tanto, Tatiana." Eu disse emocionado, olhando nos olhos dela.

" Eu também te amo muito, Joel." Ela disse. A sua respiração estava agitada. Os lábios dela colaram nos meus, encaixando-se perfeitamente.

Como ela é perfeita! E agora é minha para sempre.