Quem amas? (108)

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Obsidiana:

Eu projetava o meu corpo contra a porta, vezes e vezes, sem conta, mas a porta não abria. Eu depositava toda a minha força naquela estúpida porta, mas ela continuava intacta. Ouvia coisas caiem e partirem-se dentro do quarto. A voz da Tatiana aflita deixa-me louco. O que é que se está a passar na porcaria do quarto? Projetei-me novamente contra a porta. Mas esta não abriu.

" O que é que se passa, Joel?" Pergunta inocentemente a Aurora ao aparecer na porta do quarto.

" A tua mãe está trancada lá dentro. Eu não sei que é se está a passar." Eu contei.

" É o pai outra vez." Ela declarou.

" O que é que dissestes?" Eu perguntei confuso.

" Nada." Ela respondeu rapidamente.

" Tu falas no teu pai." Eu confortei-a.

" Cláudio, se és tu, para! Por favor!" Eu ouço a voz da Tatiana do outro lado. O meu reflecção é ir contra à porta para a poder abrir o mais rápido possível.

" Cláudio, para! Eu estou a pedir-te." Ela grita em desespero. Eu vou contra a porta, enfurecido.

" Cláudio! Eu amo-te." A Tatiana grita. Os barulhos param e rebento a porta. As palavras da Tatiana bloqueiam o meu cérebro. Eu estou de pé e os meus olhos embatem nos olhos castanhos e lavados em lagrimas da Tatiana. Ela não podia ter dito aquilo. Nós mantemos o contacto visual. A Aurora corre para a mãe e abraça-a. O quarto está destruído. Eu viro as costas. As palavras da Tatiana, não param de repetir dentro da minha cabeça.

" Joel, espera!" Ela pede, levantando-se do chão. Eu viro-me para ela.

" Agora não, Tatiana." Eu pedi e saio do quarto o mais depressa possível. Saio de casa. Ponho-me a andar sem destino e vou parar ao riacho que eu levei a Tatiana.

Sentou-me a ver a água cair. Parece impossível, mas eu não consigo deixar de ouvir as palavras dela. Ela nunca disse que me amava e para ele que está morto, sei lá quanto tempo, ela disse. A Tatiana disse que amava o Cláudio e não a mim. As lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Porque é que isto agora está sempre a acontecer? A caracolinhos consegue despertar o choro dentro mim. Ela deixa-me tão frágil, tão vulnerável. E eu odio isso. Antes de a conhecer eu era tão forte, eu nunca me senti assim. Eu não quero sentir isto. Eu não quero que a Caracolinhos ame aquele idiota. Eu quero que ela me ame a mim, como eu a amo.

" Joel!" Eu ouço a voz dela. Eu não olho para trás.

" Como é que sabias que eu estava aqui?" Eu perguntei sem olhar para ela. A Tatiana sentou-se ao meu lado.

" Acho que já te conheço um bocadinho. Estás a chorar?" Ela pergunta.

" Não. Foi uma coisa que entrou no meu olho." Eu menti, limpando o rosto. Não quero que veja como me deixa frágil.

" Desculpa. Eu não devia ter dito o que disse, mas eu estava apavorada." Ela pronunciou, como se pudesse apagar o que disse. Eu ouvi e as palavras dela continuam a repetir dentro do meu cérebro com lâminas afiadas. Dói.

" Se o disseste foi porque o sentias. Agora deixa-me em paz. E vai ter com o teu namoradinho fantasma." Eu fui rude. É a maneira que eu arranjo de fugir da dor que está cravada no meu peito.

" Joel, estamos a falar de coisas sérias!" Ela disse.

" Tu nunca disseste que amavas e agora dissestes aquilo." Eu confortei-a. Eu precisava de lhe dizer.

" Mas eu amo-te. Se não te amasse, eu não ficava contigo." Eu disse.

"Isso é só conversa." Eu levantei-me. " Agora dizes isso, porque disseste que amavas o outro e queres desculpar-te." Eu gritei.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora