O beijo do monstro (72)

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Aconselho a ler este capitulo ouvindo esta musica. Eu normalmente mudo o narrador em cada capitulo, mas acho que este capitulo deve ser escrito pela Tatiana. Espero que gostem. Boa leitura.

Tatiana:

Eu saio de umas das divisórias da casa de banho, depois de puxar o autoclismo. Abri a porta descontraída, quando dei de caras com o Joel, encostado aos lavatórios com os braços cruzados. Assustei-me. O meu coração disparou.

"Joel! A casa de banho masculina é do outro lado." Eu comuniquei-lhe. Fui na direção ao lavatório e lavei as mãos. Ele desviou-se dos lavatórios e senti ele observar-me.

" Eu sei." Ele disse.

" Então, o que é que estás aqui a fazer? Cansaste do teu brinquedinho e vieste arranjar outro na casa de banho feminina. Tiveste pouco sorte, só cá estou eu." Eu referia-me à Nádia.

" Parece que não foi o único a arranjar um brinquedinho." Ele refere-se ao Rui. Eu virei-me para ele.

" Ciúmes, Joel!" Eu disse imitando-o, ele está sempre dizer-me isso. Ele aproximou-se de mim.

" Não!" Ele disse e arrepiou ao lançar o seu olhar azul. " Eu não tenho razão para ter ciúmes." Eu recuei o mais que pode, até ficar encostada ao lavatório. Ele encostou-se a mim. " Sabes porquê?" Ele perguntou encostando o seu rosto as minhas orelha. Eu senti o seu cheiro, e os meus olhos se fecharam instantaneamente. " Porquê ele nunca conseguirá despertar em ti o que eu desperto, sem um único toque." Ele colocou as suas mãos na minha cintura e desceu-as devagar até as minhas coxas. O meu coração acelerou. " Ele nunca fará o teu coração acelerar com um simples toque." Ele agarrou-me as coxas e sentou-me no lavatório. O que é que eu estou a fazer? Eu sinto-me enfeitiçada. Ele beijou-me o ombro, deixando um caminho beijos molhados até ao meu pescoço. " Ele nunca despertará eletricidade no teu corpo, com apenas pequenos beijos molhados." Ele sussurrou contra a minha pele. As suas mãos foram até ao meu rabo e ele apertou a parte lateral. " Ninguém fará o teu corpo implorar por um beijo, como o meu corpo o está a fazer neste momento." Ele tinha a sua boca perto da minha e eu queria aquele beijo, mais que tudo. Os meus olhos mantinham-se fechados, eu consegui sentir a energia dele entrar em mim e puxar-me para ele. Os seus lábios rosaram nos meus. Ele afastou-se de mim. Deixando-me a implorar por um beijo.

Eu abri os olhos e ele tinha-se virado de costas para mim, parecia rir. Ele virou-se para mim e com um sorriso vitorioso. Que idiota!

" Vês, o que é que eu faço contigo! Admite que estavas louca por um beijo." Ele disse.

Eu não acredito que ele estava a gozar comigo. Eu sou tão estúpida. Eu saí de cima do lavatório. Só me apetece mandar-lhe alguma coisa a cara, mas não há nada. Como é que eu sou tão estúpida? Eu abrir a torneira, enchi a mão de água e mandei-lhe água, ele desviou-se.

" Sai daqui! Achas que alguma vez eu quero alguma coisa contigo? Só podes estar louco!" Eu gritei irritada.

" Eu acho que quem precisa de água és tu, para arrefeceres." Ele gozou. Eu fui na direção dele e eu queria bater-lhe. Eu bati-lhe com as minhas mãos, mas ele é mais forte que eu e agarrou-me os braços.

" Larga-me!" Eu gritei.

" Pronto, Tatiana. Não precisas de ficar assim. Queres um beijo, eu dou-te." Eu cuspi-lhe na cara. Ele largou-me.

" Metes-me nojo!" Eu disse e fui na direção à saída. Ele agarrou-me o braço magoado e puxou-me. Com o braço que tinha soltou, eu dei-lhe um estalo. O Joel, nem se moveu. Ele agarrou-me os dois braços e forcou-me a ficar de frente para ele.

" Larga-me!" Eu gritei.

" Eu mereci." Ele disse.

" E merecias muito mais. Agora, larga-me!" Eu gritei.

" Não vou largar. Não antes de sentir o sabor dos teus lábios." Ele puxa-me para si.

" Larga-me! Eu não sou um brinquedinho que tu brincas e mandas fora quando não queres." Eu avisei-o.

" Sim, tu és. Tu és o meu brinquedinho. Tu e todas as outras que acabam mortas." Ele afirmou.

" Eu não tenho medo de ti, Joel. Põem isso na cabeça. Agora, larga-me!" Eu faço força para me soltar, mas em vão ele tem força.

" Mas devias ter." Ele grita para mim.

" Mas não tenho. Larga-me!" Eu estava irritada. Ouço a porta da casa de banho abrir e as minhas mãos são soltas. Eu deixo de ver o Joel. Onde é que ele foi?

" Observa." Ele pede. Eu ouço uma rapariga gemer de medo. Eu viro-me e Joel agarra uma rapariga pelo pescoço. Eu olho nos olhos da rapariga que está aterrorizada.

" Joel, o que é que vais fazer?" Eu perguntei.

" O que a minha natureza me pede para fazer." Eu vejo os dentes do Joel aumentarem de tamanho.

" Não! Joel! Não!" Eu grito e os dentes do Joel cravam-se no pescoço da jovem rapariga.

" Para, Joel!" Eu grito em vão. O Joel parece beber o sangue da jovem mulher.

" Por favor, Joel! Para!" Imploro. Ele retira a boca do pescoço dela.

" Queres que pare? Já parei." Eu ouço o barulho do pescoço da rapariga partir e o homem de olhos azuis deixa a rapariga cair, desaparecendo da casa de banho.

Não! Isto não pode estar a acontecer. Eu corri para a mulher. Ela não apresentava sinais vitais. O Joel a tinha morto. As lagrimas escorriam-me pela cara. Eu não a conheci, mas era um ser humano. Como é que ele consegue fazer isto? Ele é um monstro. Eu saí da casa de banho, estava desorientada. Não sabia para onde ir. As coisas pareciam andar a roda.

" Tatiana!" Ouço a voz do Rui.

" Rui!" Eu auxiliei-me nele.

" Eu tenho que te levar para casa." O Rui afirmou.

" Sim, eu não estou a sentir bem." Saímos para fora do edifício e eu comecei a sentir-me melhor. Entramos no carro velhinho do Rui. Eu encostei a cabeça á porta do carro durante a viagem. O Rui foi a viagem calado, estranhei ele não perguntar se eu estava melhor, nem mesmo se tinha acontecido alguma coisa. Se calhar encontrou-se com a Nádia e discutiram. Deve estar a pensar nisso.

Eu não consigo deixar de pensar no que o Joel fez com aquela rapariga. Como é que uma pessoa é capaz de fazer uma coisa dessas? Ele não é uma pessoa, ele é um monstro. Eu tenho que enfiar isto na cabeça. E pensar que á minutos atras eu estava nos braços dele e implorava por um beijo. Um beijo de um monstro.

O Rui estacionou o carro na porta da minha casa.

" Obrigado." Agradeci e dei-lhe um beijo na bochecha. Ele nem olhou para mim.

" Adeus!" Ele despedisse friamente.

Que estranho! Será que ele está chateado comigo? Mas não há motivos.

" Até manhã!" Eu disse e fechei a porta do carro. Ele arrancou em seguida.

Eu entrei em casa. Estava sem sono foi até ao quarto da Aurora. Ela estava a dormir, ainda tinha a luz do candeeiro acesa. Eu deite-me ao lado dela e abracei-a por cima dos cobertores.

Pensei no que aconteceu naquela casa de banho. Ai! Joel! O que é que fazes comigo? Eu queria beija-lo. Eu queria beijar um monstro. Eu não consigo esquecer imagem daquela rapariga a morrer a minha frente, a voz dela a gritar de dor. Eu queria beijar o causador dessa dor.

Isto não pode mais acontecer. Eu nunca, nunca mais vou beijar o Joel. Eu prometo. 

...

É uma promessa dificel. Será que a Tatiana vai conseguir cumprir?

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora