O que sobrou de um grande amor (139)

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Obsidiana:

Eu desviei o olhar dela e caminho em direção ao cão. Tentando ignorar a presença dela.

"Joel!" A Aurora grita e vem na minha direção abraçando-se as minhas pernas.

" Como é que estás tagarela?" Eu perguntei.

" Eu estou bem. E tu?" Ela perguntou olhando para cima.

" Melhor impossível." Eu pisquei-lhe o olho. Não podia mentir mais.

" És mesmo mentiroso." A menina disse-me, dando-me vontade de rir, mas controlei essa vontade.

Eu faço-lhe uma festa na cabeça.

" Acredita, não irias querer saber como eu realmente estou." Eu disse baixo. " Saco de pulgas! Temos de voltar." Eu peguei no cão e coloquei-lhe a coleira. Queria sair dali o mais rápido possível. Aquele cenário de família feliz está dar cabo de mim.

A Tatiana aproximou-se.

" Nunca pensei ver-te um dia a passear o cão." A Tatiana disse, eu já tinha posto a coleira ao cão.

" O cão precisa de comer, beber água, passear, alguém teria de fazer isso." eu disse de uma forma fria.

" Joel, eu disse ao jean que ia buscar o cão assim que arranja-se uma casa maior." Ela explicou-se.

" Mas até lá é preciso que ele esteja vivo. Eu tenho que ir, Adeus!" eu despedi-me.

Eu virei as costas.

" Joel!" A Tatiana chamou.

" Diz." Eu olhei nos olhos e tive uma enorme vontade de beijar os seus lábios.

" Eu preciso de falar contigo. As coisas aconteceram muito rápido e preciso esclarecer algumas coisas." Ela pediu.

Eu olhei para rapaz mulato atras dela. Ela também olhou para ele. Ela veio até mim e tirou-me a trela da mão, caminhou até ao rapaz.

" Cláudio, pode ficar com o cão um pouco." Cláudio? Mas ele não chamava Cláudio.

" Posso, mas toma cuidado." Ela já ia embora, mas ele puxou e beijou-a.

Eu desviei o olhar num reflexo instantâneo.

Nós começamos a caminhar em silencio. Eu nem sei porque que aceitei.

Nós paramos perto de uns bancos de pedra. O céu estava escuro e pareci vir chuva.

Nós olhávamos nos olhos, mas não havia palavras.

" Chamaste-me aqui para conversamos. Portanto começa a falar que eu não todo o tempo do mundo." Eu quebrei o silêncio.

Ela soltou uma leve gargalhada.

" Já tinha saudades desse teu mau feitio." Ela disse como um desabafo. Ela sentou-se no banco.

" E foi para dizer que tinhas saudades do meu mau feitio que chamaste aqui." Eu sentei-me ao seu lado.

" Não. Joel! Eu chamei-te aqui para te contar que eu descobri que o Bruno é o Cláudio."

" O quê?" Eu perguntei confuso.

" Eu sei que é confuso. Mas o Cláudio voltou noutro corpo." Ela voltou a afirmar.

" Tu tens a certeza do que estás a dizer?" Eu perguntei ainda não acreditando.

" Todo a certeza do mundo, ele é o Cláudio. Ele fez um pacto que lhe permitiu voltar." Ela explicou-me. Eu já tinha ouvido falar nesses pactos, embora nunca tivesse conhecido ninguém que tivesse feito um.

O Cláudio voltou. O meu coração tremeu. De certeza que ele já lhe contou tudo o que se passou entre nós. Valorizando, claro, o seu lado.

" De certeza que ele já te envenenou contra mim." Eu levantei-me e relembrei que nunca lhe contei que foi eu que matei o Cláudio.

" Não, ele não disse nada contra ti. Eu já percebi que vocês tiveram divergências no passado, mas ele não me contou nada." O silêncio estalou-se entre nós, apenas o som dos relâmpagos se ouvia, a anunciar a chuva.

Eu não sabia o que dizer. Acho estranha a atitude dela. De qualquer maneira, eu sei que perdi a Tatiana para sempre. " Joel, eu agora estou o Cláudio. Foste tu próprio que disseste que era o melhor para mim, era eu ficar com um humano e não há humano nenhum melhor que o pai da minha filha para eu ficar." Ela disse, cortando ainda mais o meu coração.

" Tatiana, eu não tenho nada a ver com isso." Eu fiz-me de forte. Não queria passar a imagem de fraco que sofre porque ela não quer estar comigo.

" Eu só quero que não fiques magoado comigo." Ela pediu.

" Fica descansada, eu vou sobreviver. Espero que estejas feliz." Eu disse.

" Eu estou feliz. A minha filha está como o pai e está muito feliz. E se a minha filha estiver feliz eu também estou." Eu disse, não parecendo muito convencida.

" Ótimo." Eu disse. Começa a chover muito. E num reflexo a Tatiana abraça-se a mim.

" Oh meu deus!" Ela disse, vendo a chuva cair sobre nós e nós sem um sítio para nos abrigamos.

Os nossos corpos estavam colados um no outro. O meu coração disparou. A Tatiana subiu o olhar, e apercebeu como estávamos próximos. Nosso olhar entrou em contacto um com o outro.

A minha mão viajou para a sua cara e acariciou o seu rosto tao delicado a até chegar aos seus lábios, molhadas com chuva. Eu tenho tanta vontade de beijar os seus lábios.

Eu consigo ouvir o seu coração que também bate acelerado.

Quando eu dou conta os nossos lábios estão colados num beijo acelerado e cheio de desejo.

A chuva continua a cair em cima de nós, mas nós não damos importância.

A única coisa que importa neste momento é o sentimento que sentimos.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora