Um Monstro em ti

Tens que esquecer (10)

Tatiana:

Esta noite o Lince está cheio. Embora, hoje seja um dia muito triste para mim, eu mantenho um sorriso no rosto e atendo os clientes. Muitos deles já me conheciam. A música ambiente era muito agradável. Existi uma sala de jogos que muita gente frequentava.

Os meus olhos passam pela porta e eu não quero acreditar quem acabou de entrar. O homem dos olhos azuis. Ele foi até uma mesa e sentou-se. Eu fui até ao balcão, posei os copos vazios. Pedi a Carla para o atender. Queria evitar conflitos. A Carla foi até lá. Eu observava-os, enquanto atendia alguns clientes ao balcão. Ela voltou rapidamente e veio na minha direção.

" Ele exige que sejas tu a atende-lo." A Carla disse calmamente.

"Mas quem é ele para exigir o que quer que seja?" Eu protestei.

" Mas tu vais atende-lo." Ela disse asperamente. A Carla estava estranha.

" Está tudo bem, Carla?" Eu perguntei preocupada.

" Vai atende-lo!" Ela ordenou-me. O que é que se passear com a minha patroa? Ela não é assim. Eu caminhei para ele.

" Boa noite! O que é que vai desejar?" Eu disse sendo profissional e mantendo o meu olhar no pequeno bloco de notas que tinha na mão.

"Um whiskey e a tua companhia." Ele disse da forma mais normal do mundo. Eu encarei os seus olhos azuis que me fizeram tremer.

" O whiskey, eu arranjo. Já a minha companhia será difícil, pois se ainda não se apercebeu, eu estou no meu local de trabalho." Eu respondi asperamente.

" Não há problema. Eu espero." Ele disse, o seu olhar percorreu o meu corpo.

" É melhor manter-se sentado, pois eu não vou gastar nem um minuto consigo." Eu respondi e foi buscar a bebida. Posei o copo em cima da mesa e virei-lhe as costas.

" Não te esqueças e ainda estou a espera." Ele disse em voz alta. Eu parei.

" Eu já disse que é melhor esperar sentado." Eu disse segura e voltei ao trabalho.

Aproximei-me da Carla.

" Carla! Conheces aquele homem que me mandaste servir?" Eu perguntei. Queria saber mais sobre ele. O que é que ele quererá comigo?

" Não, mas tu trata-o bem. Faz todo o que ele pedir." Ela disse de uma forma estranha.

" Porquê?" Eu perguntei.

" Trata-o bem. Agora vai trabalhar." A Carla disse com um olhar estranho. Ela virou-me as costas e foi embora.

Eu olhei para o homem de olhos azuis. Ele sorriu para mim e levantou o copo. Fiz-lhe uma cara de aborrecida e virei as costas. Que gajo estúpido! Que raiva!

Continuei a trabalhar. Trabalhei até tarde. O Lince começou a esvaziar e o idiota continuava lá sentado. Comecei a limpar as coisas e o homem de olhos azuis era o único no café. Fui á cozinha buscar detergente para limpar o balcão e quando voltei o homem já não está lá. Suspirei de alívio.

Limpei tudo e despedi-me da Carla á porta do Lince. Caminhei para casa. Estava um pouco receosa. A noite passada ainda não tinha saído da minha cabeça. Oiço passos atras de mim. O meu coração começa a bater mais rápido. Eu viro-me e não está ninguém atras de mim. A imaginação deve estar a fazer-me ouvir coisas. Eu virei-me de novo em direção ao caminho a casa e embati contra alguém. Olho para cima.

" Tu? Outra vez?" Perguntei, assustada.

" Eu disse que esperava." Ele disse-me.

" O que é que queres de mim?" Eu perguntei firmemente.

" Nada." Ele disse no tom de voz rouco.

" Então, deixa-me ir." Eu disse e dei um passo, passando por ele. Ele agarrou-me o braço e fez-me olhar nos seus olhos. " Larga-me! Ou vais-me matar com fizeste com aquele homem?" Eu disse sem pensar. O que é que eu acabei de dizer? Ele puxou os meus dois braços para perto dele, encostando o meu corpo ao dele. Eu o encarei, tentando esconder o medo que senti. Os seus olhos penetravam os meus, como se quisessem entrar na minha mente. O meu coração batia rápido. Senti o cheiro atraente. As suas mãos faziam força nos meus braços para que não me movesse.

" Sabes que mais. Tens sorte. Porque és diferente das outras. Mas eu não posso arriscar. Portanto, vais esquecer que me conheceste. Eu não te salvei. Não me encontraste no cemitério." Ele disse pausadamente e de uma forma hipnotizante.

Eu soltei os meus braços dos dele. 

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