Cativeiro (49)

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Aurora:49

Eu estava trancada num quarto velho. Encontrava-me sentada em cima da cama de ferro, agarrava as minhas pernas e tinha a cabeça encostada aos meus joelhos. Chora muito, tinha muito medo de nunca mais ver a minha mãe.

" Princesa do pai!" Ouço a voz do meu pai e levanto a cabeça devagar.

" Pai, tirar-me daqui!" Eu peço.

" O pai não pode, mas a mãe está a caminho. Ela vai tirar daqui." Ele disse-me.

" Pai, eu tenho medo de nunca mais ver a Mãe." Eu disse com cara coberta de lágrimas.

" Não tenhas medo, filha. Ela vai conseguir tirar-te daqui. Eles estão a tratar-te bem?" O pai perguntou preocupado.

" Eu não gosto da mulher. Ela é má. Mas não me bateram." Eu contei.

" Filha, não respondas. O pai sabe que és muito respondona, mas agora não podes responder." O pai aconselhou-me.

" Está bem, pai." Eu respondi.

" Eu não percebo porquê que te raptarem. Não ouviste nada?" Ele pergunta.

" Não. A única coisa que eu ouvi, foi que eles dizerem que o chefe ia ficar satisfeito e que eu era um tesouro para o chefe." Eu contei o que ouvi.

" Já viste o chefe?" O pai perguntou-me.

" Não. Eu acho que ele não está cá. Eu acho que ele me vem buscar." Eu respondi.

" Estranho! A tua mãe não se pode atrasar." O pai afirma.

A porta do quarto abre-se. Uma mulher adulta entra e traz um prato com comida.

" Come, pirralha!" Ela ordenou.

" Eu não quero comer." Eu respondi e olhei para o pai.

" Então, não comas. Afinal, o chefe não te vem buscar. Ele pediu para levarmos-te ate paris. Portanto, amanhã vou comprar tinta preta e uma tesoura, para cortar e pintar o teu cabelinho." Ela disse. Eu não vou deixar cortar o meu cabelo.

" Não vais cortar, nem pintar o meu cabelo!" Eu disse autoritária.

" Vou, sim. Eu não posso arriscar passar a fronteira contigo assim. A tua mama de certeza que já avisou a polícia." A mulher feia disse.

" Mas eu não quero." Eu gritei.

" Aqui não tens crer." Ela gritou para mim.

" Aurora!" O meu pai avisa-me. Eu olho para ele e depois para a mulher.

" Queres cortar o cabelo? Corte o teu que mais pareces uma vassoura depenada." Eu gritei para ela.

" O que é que tu disseste?" A mulher agarrou-me o braço com força.

" Larga-me! Estás a magoar-me!" Eu grito para a mulher muito feia.

" Pede desculpa já!" Ela ordena.

" Não!" Eu grito.

" Pede desculpas já! Senão vais-te arrepender!" Ela grita.

" Não!" Eu grito.

" Pede desculpas, Aurora!" O meu pai pede-me.

" Desculpa." Eu disse baixinho.

" Mais alto!" Ela ordena.

Deve ser surda. Eu levo a minha boca até a mão dela e deu-lhe uma dentada. Ela solta o meu braço que está vermelho.

" Ai! Diabinho! Vais ver! Artur!" Ela gritou.

" Bruxa!" Eu gritei para ela.

" Cala-te, Aurora! Vais arranjar problemas." O pai avisou-me.

" Artur!" Ela chamou. Um homem entra no quarto.

" Diz, Maria!" O homem perguntou.

" Prende esta peste á cama e hoje não há mais comida." Disse a mulher má.

O homem pegou-me. Eu tentei soltar-me, mas ele tinha muita força. Ele prendeu as minhas mãos e os meus pés aos ferros da cama. Eu não me consegui mudar de posição. Eles vão embora e eu começo a chorar. O meu pai está ao meu lado e vejo que ele também está a sofrer. 

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora