Limite (77)

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Obsidiana:78

A Caracolinhos escapou-se dos meus braços e saio a correr. Eu fui atras dela, sem ter uma razão para o fazer. Eu fui até a sala de arrumos. A Tatiana estava de costa e consegui perceber que ela chorava. Eu fechei a porta e a observei, não sei o que fazer. A Tatiana virou-se para mim, o seu rosto escorria pequenas e delicadas lágrimas. Ela não podia estar mais bonita.

" O que é que estás aqui a fazer? Eu preciso de ficar sozinha." Ela parece olhar para trás de mim e franze as sobresselas. "Tu fechaste a porta. Eu não acredito." Ela vai até a porta, parecendo uma maluca e tenta abri-la.

" Qual é o problema de eu ter fechado a porta?" Eu pergunto, não percebendo o histerismo dela.

" O problema é que a porta está velha e não abre por dentro. Eu não acredito que estou aqui trancada contigo. E a culpa é tu. A culpa é sempre tua." Ela grita irritada.

" Eu não sabia que a porta não abria por dentro. Eu não tinha como saber." Eu defendo-me.

" Tu pareceste na minha vida só para a destabilizar. Eu estou farta de ti, eu estou farta do mal que tu me fazes. Eu quero-te longe de mim." Eu aproximei dela e olhei intensamente. Senti o seu corpo tremer e o seu coração acelerar.

" Repete o que acabaste de dizer." Eu pedi com a voz rouca e forte. A Caracolinhos tremeu e ficou com os seus olhos castanhos fixos em mim. Como ela é bonita! Os seus lábios mexeram-se, mas não sai uma única palavra. Eu coloquei a mão no seu rosto e fez-lhe uma festa no rosto limpando alguns vestígios de lagrimas. A sua pele é tão suave. Ela empurra meu braço e afasta-se de mim.

" Para! Para, Joel! Eu já te pedi para te afastares. Não consegues perceber? Eu não sou uma boneca que tu usas e mandas fora quando queres." Ela disse visivelmente irritada. " Ouve-me! Eu estou a pedir para afastares de mim dos meus amigos. Eu já sei o que fizeste ao Rui. Eu dei-lhe a minha pulseira..." Eu confirmo que ela não tem a pulseira.

" Tu és louca!" Eu afirmei, interrompendo-a.

" Não! Tu és louco, se achas que podes afastar o Rui de mim. Porque é que fazes isto comigo? Tu não tens o direito de afastar as pessoas de mim..." A Tatiana não está a usar a pulseira. Eu podia entrar na mente dela e saber todos os pensamentos mais profundos dela. Ou melhor, eu podia a hipnotizar e fazer o que quisesse com ela. Mas não o faço.

Apenas olho para os seus lábios avermelhado mexendo-se rápido e insultando-me varias coisas que eu sei que sou culpado. E ela fala, fala sobre o Rui, a Nádia, mortes, mas eu não consigo ouvir nada, apenas estou concentrado nela e o que o seu corpo faz comigo. Eu sinto o calor do seu corpo mesmo estando longe. 

Eu recordo a dança, o toque dela no meu corpo, deixa-me louco. Senti-la nos meus braços e olhar os seus olhos castanhos que fazem quer mudar. Eu sei que é mau, eu não me devia descontrolar. Eu sei que não me posso apaixonar, eu sei que esses sentimentos levam-me a dor. Ou melhor, eu não consigo apaixonar-me porque sou um monstro. Um monstro sem coração. Incapaz de amar alguém. Mas ela faz-me sentir diferente.

" Não vais dizer nada? Eu estou a falar contigo." Eu acordo do meu traze mental. " Tu estás a ouvir o que eu estava a dizer?" Ela pergunta autoritariamente.

" Não. Mas é minha vez de falar. Eu não ouvi nada porque eu estou ansioso por provar os teus lábios desde o primeiro segundo que entrei no Lince." Eu aproximei-me dela. " Eu sinto o calor do teu corpo e quero que ele se encoste ao meu." Eu ponho o braço na sua cintura e a puxo brutamente para mim, deixando o seu corpo colado ao meu. "E esse teu cheiro, Tatiana. Deixa-me louco. Tu não sabes o quanto eu te quero. Eu sei que não devia sentir isto, mas eu quero-te a ti, agora." Eu calei-me e olhei intensamente.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora