Princesa aventureira (66)

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Jean:

Já era noite quando eu entrei naquele café que o meu amo costuma ir. Observei o local que tinha boa aparência, comecei a andar, um pouco desorientado.

" Jean! Por aqui?" Ouço a voz que reconheço logo. Era a menina Tatiana. Provavelmente, ela estava a jantar naquele local, pois havia pratos em cima da mesa. Na sua companhia estava uma menina que eu penso ser a sua filha, Aurora.

" É verdade. O meu amo está sempre a falar do Lince e eu decidi vir conhecer." Eu esclareci.

" Fizeste bem." Ela disse.

" Está melhor do seu braço?" Eu perguntei preocupado.

" Estou, Jean. Senta-te!" Ela convidou-me a sentar na sua mesa. É tao simpática!

" Eu vou aceitar." Disse educadamente. O motivo pelo qual me trouxe aqui foi conhecer melhor a menina Tatiana. Se há alguma pessoa que possa trazer velho e bondoso Joel de volta, essa pessoa é esta linda menina que está a minha frente. Eu vejo que o meu amo gosta dela, embora não confesse. A Tatiana é muito bonita, lá nisso, o meu amo tem gosto, pois a minha Camila também era muito bonita e muito diferente da Tatiana.

A menina Camila tinha os olhos azuis e o cabelo loiro que brilhava parecia ouro. A pele era clarinha. Era uma autêntica princesa, não só de aspeto, mas também de sangue. A menina Camila era filha de um antigo rei português. Na história não existe a resisto dela, pois o rei, seu pai, destitui-a de sua filha.

Tudo começou quando a menina Camila era criança e adoeceu com uma doença muito comum na altura, peste negra. Os pais da menina já não sabiam o que fazer. O rei com medo de perder a filha e logo de seguida a mulher de desgosto. Mandou chamar um doutor muito conhecido, Dr. Ian, um grande amigo meu. 

Tudo o que o rei não sabia era que o doutor Ian era um vampiro com um coração bondoso que usava o seu sangue para curar as pessoas. Eu fui durante muitos anos o seu ajudante. Era muito gratificante para mim, depois ver pessoa á beira da morte, familiares a chorar, ver a alegria das pessoas quando o sangue de vampiro começava a fazer efeito. Essa pessoa que a gente julgava condenadas a morte, melhorem milagrosamente. 

Mas havia um senão, essas pessoas ficavam condenadas a maldição. Se elas matassem alguém, seriam condenados a ser um vampiro para sempre. O dr. Ian dizia que ele as curava e se elas se iam transformar em vampiros ou não, já não dependia dele, sim do coração de cada um. Por vezes não é bem assim, acidentes acontecem, e há quem seja culpa por uma morte sem ter desejado que isso tivesse acontecido.

O rei chamou-nos e lá fomos nós. Eu e o Dr.Ian estávamos sempre em viagem. Chegamos ao palácio e fomos encaminhados até ao quarto da princesa. O doutor pediu para que todas as pessoas saírem do quarto. Eu fechei a porta. Abri a mala como habitualmente, retirei um copo, uma pequena faca e entreguei ao dr. Ian. Retirei o pano da cabeça da pequena princesa, de pele clara e cabelos loiros e mergulhei-o em água fria, voltei a polo não sua cabeça.

Enquanto isso o doutor Ian fez um golpe na sua mão e fechou a mão com força, colocou o copo por de baixo da sua mão para que o sangue escorre-se para o copo. Quando este estava meio, ele levou-o à boca da pequena menina de seis anos. Eu o ajudei, inclinado a cabeça da menina para que ela bebesse tudo. Depois de ela ter tomado o sangue, limpamos tudo e deixamos a princesa descansar.

Á noite, a princesa já não parecia a mesma, estava visivelmente melhor. O rei agradeceu muito ao doutor Ian e oferece-lhe dinheiro, joias em forma de agradecimento. O dr. Ian, como sempre, recusou. Ele não queria nada em troca, quando ajudava alguém. Ele tanto ajudava uma pessoa pobre como rica.

O dr. Ian partiu essa noite, mas eu, ao contrário do que era habitual, eu fiquei. A rainha pediu-me muito que eu ficasse, tinha medo que a filha piorasse e eu cedi o seu pedido, mesmo sabendo que isso não ia acontecer. Eu gostei muito da menina e apegue-me a ela. O que eram para ser apenas uns dias, passaram a ser anos e eu ajudei a criar a menina Camila que cada vez se tornava mais bonita.

Aos dezoito anos, a Camila ainda não tinha casado. Naquela altura a raparigas casavam cedo e a princesa começa a ser falada. A Camila não queria casar com um rapaz qualquer, ela queria apaixonar e viver uma linda história de amor. A Camila rejeitava todos os possíveis maridos que o pai lhe arranjava. Até que o rei não foi mais na conversa dela e a obrigou a casar com um nobre que pertencia a uma família muito importante. O homem era muito mais velho que ela e a Camila o odiava. Mesmo assim o pai obrigou-a.

No dia da prova do seu vestido de noiva, a menina Camila fez uma birra e disse que não queria experimentar o vestido. Eu tinha saído para fazer compras ao mercado, mas ela contou-me o que aconteceu. Uma das suas amas de companhia a queria obrigar a provar o vestido. Elas estavam no topo das escadas que davam para o jardim. A senhora agarrou-lhe o braço com força e a puxou para casa, a menina Camila queria fugir e sem quer empurrou-a, a senhora desequilibrou-se e rolou as escadas, batendo com força a cabeça. No final da escada formou-se uma grande poça de sangue. 

Eu cheguei nesse momento. A menina Camila chorava muito, estava nervosa e acabou por perder os sentidos. Quando acordou já era uma vampira. Eu tomei conta dela e escondi o corpo da mulher, mas o pior ainda estava para vir.

No dia seguinte, o homem que o rei escolheu para ser marido da sua filha veio visita-la. A Camila começou a ficar muito nervosa e irritada com o pai. Ela não queria casar com aquele homem velho. Enervou-se tanto, que acabou por matar o seu noivo na frente do seu pai. O rei ficou chocado ao ver a filha transformada em vampira e mandou persegui-la. Ela conseguiu fugir com a minha ajuda.

A partir dai, começou a nossa viagem pelo mundo. A Camila procurava cegamente alguém para amar. Essa procura era tão agoniante que ela só vivia para encontrar o homem da vida dela, viajamos em busca desse amor. Eu cuidei sempre dela, ela era minha menina. Até que ela conheceu o menino Joel o que a fez acalmar um pouco. 

Quando a Camila faleceu revelou-me algumas coisas que deixaram surpreso e fez-me prometer que cuidaria do menino Joel. E é o que eu estou a fazer aqui sentado, na mesma mesa da menina Tatiana. O menino Joel precisa de ser feliz. Esta vida que ele tem, não o faz feliz.

" Então, e esta menina bonita aqui? É a sua filha?" Eu perguntei referindo-me a menina de caracolinhos castanhos clarinhos, sentada na cadeira ao lado da de Tatiana.

" É sim, Jean. Podes tratar-me por tu." Ela disse sorridente.

" Se preferes." Eu disse delicadamente.

" Mãe, posso pedir um chocolate á Carla?" A menina perguntou.

" Podes." A Tatiana respondeu. A menina foi até ao balcão.

" Tatiana, eu sei que estás chateada com o meu amo." Eu comecei.

" Eu não acredito que o Joel te mandou aqui." Ela disse irritada.

" Não! O meu amo não me mandou aqui. Eu vim porque quis. Eu só queria que vocês se dessem bem. Se há alguém que pode transformar o meu amo em uma pessoa boa, esse alguém é a Tatiana." Eu disse.

" Porquê eu? Jean, já é segunda vez que me dizes isso. Porquê eu?" Ela perguntou.


...

Espero que tenham gostado deste capitulo do Jean. eu tentei usar um vocabulário mais antigo, pois o Jean é uma personagem que parou no tempo, e é muito conservador.

A partir deste capitulo o Jean vai ser mais interactivo na historia e vai sofrer varias alterações tanto a nível de visual como de personalidade. O próximo capitulo é a continuação desta noite e esta divertida.

Não se esqueçam de votar e comentar. obrigado por lerem.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora