No covil do monstro (48)

137 14 0
                                    

Tatiana:

Toquei à campainha. Só espero não me ter enganado na casa. Era noite, estava escuro quando eu vim cá. Olho em redor, não vejo mais casa por perto. Eu tinha um pequeno saco de viagem na mão. 

Observo a casa que embora um pouco velha por fora, é muito grande. O Joel deve ter dinheiro. Está um jipe preto, deste ano, estacionado na frente da casa. Deve ser do Joel.

A porta abre-se, mas não é o Joel que está do outro lado, é um rapaz de cabelo castanho, olhos avelã e um modo de vestir antiquado.

" Boa tarde! É aqui que mora o Joel Obsidiana?" Eu perguntei para confirmar.

"É sim. Entre, o meu amo está sua espera." Ele confirmou. Achei engraçado a forma como o rapaz se referia ao Joel. "Meu amo." Antigamente, os criados tratavam assim os seus patrões, mas agora isso já não se usa.

Eu entrei, a casa era muito antiquada, os sofás eram de madeira e os assentos eram de um pano florido em tons de bege. Havia uma lareira, que era a parte mais bonita da sala. O rapaz sacudiu as almofadas do sofá e uma enorme nuvem de pó instalou-se na sala.

" Sente-se, Tatiana! Não ligue para ao pó é que nós não costumamos ter visitas." Ele afirma sendo simpático, embora não fosse preciso ter visitar para limpar a casa.

" Obrigado! Qual é mesmo o seu nome?" Eu perguntei sentando-me no sofá.

" Jean." Ele referiu.

" Não és português?" Perguntei tratando-o por tu. O Jean apesar do aspeto antiquado, ele não deve ser muito mais velho que eu. Ele falava muito bem português, mas o nome era estrageiro.

" Eu nasci na Inglaterra, mas vivi muitos anos em Portugal." Ele respondeu. O silêncio estalou-se entre nós.

" O Joel ainda vai demorar muito?" Eu perguntei, ansiosa por partir.

" Não, ele deve estar a descer. Sabe, o meu amo desde que a conheceu que está mudado. Ele não se disponibilizava a ajudar qualquer rapariga a encontrar a filha." Ele contou. Eu encarei-o tentando intender o que ele estava a quer dizer.

" Como assim?" Eu perguntei confusa.

" Em tempos, o meu amo foi uma pessoa boa, mas agora, ele recusa os sentimentos bons, como o amor. Eu acho que você pode mudar isso." Ele disse parecendo sincero.

" Eu e Joel não temos nada." Eu esclareci.

" Eu sei, menina Tatiana, mas mesmo assim." Ele disse.

Ouço alguém descer as escadas e viro-me para trás. O Joel desce as escadas com a habitual roupa escura que lhe fica bem e uma mala na mão.

" Vamos, Tatiana!" O Joel disse.

" Sim. Jean, foi um prazer conhecer-te." Eu disse para o Jean.

" O prazer foi tudo meu." O Jean disse, muito simpático. Nós saímos de casa.

" O Jean é simpático. Ele é teu familiar?" Eu perguntei caminhando ao lado do Joel até ao carro. O Joel abre a mala do carro.

" Não, mas é como se fosse. Ele é um velho amigo." Ele respondeu.

" Para quem disse que não tinha amigos, até vivi com um." Eu apontei. Depois de colocar as duas malas no porta-bagagens, ele fecha a mala.

" E não tenho. O Jean é uma exceção. Agora, entra no carro." Ele manda e obedeço. 

...

Espero que tenho gostado. não se esqueçam de votar e comentar.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora