O regresso (114)

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Bruno Aguiar:

Estava no carro com os meus pais e a minha irmã. Tinha os fones nos ouvidos. A música estava no máximo e não consegui ouvir nada a minha volta.

A minha irmã, Raquel, estava contente, porque íamos mudar de casa, mas eu não. A nossa antiga casa ficava muito mais perto dos cafés e bares que eu costumava frequentar.

O meu pai, Renato, foi promovido a chefe no hospital onde ele trabalha com cirurgião, vai ganhar mais e decidiu comprar uma casa nova.

A minha mãe, Ema, sempre sonhou em ter uma vivenda, onde pudesse ter um quintal para poder plantar as suas flores. O meu pai fez-lhe a vontade.

A minha mãe trabalha com professora e casa fica perto da escola onde trabalha.

O meu pai para o carro na frente da casa. Era uma casa branca, tinha um pequeno alpendre na parte da frente. A casa era rodeada por relva.

O meu pai já tinha mandado fazer mudança. Apenas trocemos os objetos mais pessoais.

Os meus pais entraram.

Eu sentia-me estranho. Tirei os fones dos ouvidos e guardei o telemóvel.

A minha irmã também entrou.

Eu olhei a relva, a minha visão ficou turva, as pernas fracas, uma enorme escuridão invadiu o meu campo visual e eu cai no chão.

...

Acordei, não sabia onde estava. Estava deitado de barriga para baixa na relva. Levantei a cabeça e observei o local.

Coloquei a mão na cabeça, sentia como se a minha cabeça fosse rebentar.

Sentei-me na relva e olhei uma vivenda branca a minha frente.

Uma carteira cai-me do bolso e abre-se. Eu pego na carteira, onde está uma identificação de um rapaz mulato. "Bruno Aguiar. 24 Anos" li em voz alta, o primeiro e ultimo nome.

Uma rapariga, mulata e de cabelo aos caracóis, sai de casa a correr.

" Mano, anda ver a casa nova. Porquê que estás sentado no chão?" Ela pergunta-me.

" Nada." Eu levanto-me e sacudo as mãos. "Vamos entrar."

Eu entro e vejo uma escada. A rapariga puxa-me para a cozinha que é no piso de baixo.

Um casal mulato, encontra-se lá.

"Filho, estas a gostar da casa nova? " Perguntou-me uma mulher pelo escura, porte elegante. Ela está atras do balcão de cozinha.

Olho para ela procurando as melhores palavras.

" Sim..." faço uma pausa e acabo a frase. "... Mãe."

O homem olha para mim.

"Filho ajuda-me a tirar as coisas do carro." Disse o homem mulato, trazia uma camisa vestida por de baixo do polo.

"Claro..." fiz uma pausa e continuei. "... Pai."

Sai da casa e atravessei o relvada, até chegar ao carro. Abri a mala do carro, lá encontrava-se algumas malas de viagem. Peguei em duas malas e caminhei para casa.

Cruzei-me com a minha irmã á porta de casa e aproveitei para perguntar.

"Onde posso por estas malas?"

" No teu quarto. Essas são as tuas malas, onde é que querias pô-las?" Ela disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Olhei para as malas. "Pois são, não tinha reparado." Disse disfarçando o engano.

" Maninho, maninho, andas sempre no mundo da lua e não te esqueças que o quarto maior é o meu. Eu ganhei o sorteio." Relembra a rapariga de apareceria de dezassete anos.

"Sorteio!" Repeti, surpreso.

"Sim, sorteio com os papelinhos e sai o meu nome. Não te lembras?" Esclareceu a rapariga de cabelos aos caracóis.

"Claro que me lembro. Vou por as malas la em cima." Subi as escadas de madeira clara, chegando ao topo, vi quatro portas fechadas. Uma porta do meu lado direitos e as restantes do lado esquerdo.

Eu não tinha a ideia qual seria a porta do meu quarto. Deve ser três quartos e uma casa de banho, suponho.

Começo pelo lado esquerdo, abro a porta mais próximo. É um quarto com uma cama de solteiro, a parede está pintada de cor-de-rosa forte, há várias caixas de papelão fechadas no chão.

De certeza que aquele não é o meu quarto.

Fechei a porta e experimentei a porta que fazia canto desse corredor.

Vi um móvel de casa de banho com um espelho. Os meus olhos encaram o meu reflexo no espelho. Pousei as malas e caminhei em direção ao espelho.

Passei a minha mão sobre a minha cara mulata. Examinei com a outra mão o meu cabelo encaracolado, curto e áspero, no tom de castanho-escuro.

Os meus olhos são verdes. Passa novamente a mão pela minha cara e retirei-a rapidamente, olhando para as minhas mãos mulatas e confirmando que são castanhas clarinhas.

Examino novamente o meu cabelo. Eu nunca pensei...

"Então, maninho, estás a admirar a tua beleza?" Disse ironicamente a rapariga mulata tirando-me dos meus pensamentos. Virei-me rapidamente para ela, assustado. "Vê lá se não partes o espelho com tanta beleza?" Ela disse num tom de brincadeira e foi embora.

Eu olhei de novo o espelho. Embora eu não apreciasse homem, eu até que era um homem bonito. Um pouco diferente, mas bonito.

Os olhos verdes na minha pele morena, era uma cominação que ficava bem. O meu nariz e boca não eram muito grandes, mas também não muito pequenos.

Bem, tenho que procurar o meu quarto. Sai da casa de banho e entrei no quarto mais próximo. A cama de casal com uma colcha as flores indicava-me que não deve ser o meu quarto.

O meu quarto de certeza que é do lado direito da escada.

Entrei no quarto e fechei a porta. Observei o quarto.

O quarto não era muito grande, tinha uma pequena secretária de lado esquerdo, do lado direito encontrava-se algumas caixas de papelão e uma mala preta que parecia ter la dentro uma guitarra, de frente a porta estava a cama e por cima da cama havia uma janela.

Posei as malas em cima da cama e examinei o quarto. Peguei a mala da guitarra e abri-a. Retirei a guitarra castanha clara e observei-a, era uma boa guitarra.

Poso-a junto a parede e pego numa das caixas no chão e posei-a em cima da cama, desviando as malas que tinha trazido para me sentar.

Abri a caixa e lá dentro da caixa encontra-se muitos papéis. Peguei um papel e li em voz alta o cabeçalho de um dos papéis. "Universidade de artes." Retirei outro papel. " Curso artes musicais." li um pouco mais a baixo. "Nome: bruno aguiar." Retirei outros papeis, são todos papeis relacionados com a universidade. "Pelos vistos estudo música e pelas notas, sou bom aluno." Disse vendo as notas dos trabalhos.

Continuei a vasculhar os papéis, ate que encontrei um caderno, rabiscado na capa está escrito "letras de músicas". Folhei o caderno, as páginas estão todas escritas, com versos.

Li um verso á sorte "és perfeita para mim, como a manteiga para o pão. Bates forte no meu coração." Solto uma gargalhada. Eu não acredito nisto. Passei mais umas paginas para a frente, com a esperança de encontrar letras de musica de jeito, mas não encontrei. Eram todoas do mesmo género da primeira. "Nunca tinha lido nada tao estupido." Eu disse, ainda rindo dos versos. "Será que este gajo canta estas letras? Duvido que alguém as queira ouvir!"

" Bruno!" Ouço a voz de um homem chamar.

Deixo o caderno e preparo-me abrir a mala que suponho ser da roupa. Esfrego o braço esquerdo, sinto comichão.

" Bruno!" Ouço um homem gritar novamente.

Espera, Bruno. Bruno sou eu. Tenho que ir.

Sai do quarto e fui ter com o meu pai. Ele precisava de ajuda para montar os móveis novos e eu ajudei-o.

Senti um ardor no braço, mas não liguei.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora