Aurora:
No dia seguinte a morte do meu avô, já era noite, eu estava sentada no chão da sala. Tinha as minhas bonecas espalhadas na mesa, mas não me apeteci brincar. Estava dar os desenhos animados na televisão, mas também não me apetecia ver.
A mãe e a avó tinham ido ao velório do avô. Eu não sei o que é um velório, mas não perguntei mãe. A mãe estava muito triste.
" Vou para o meu quarto." Disse para a minha madrinha e para o meu padrinho que estavam sentados no sofá. Eles tinham vindo tomar conta de mim.
" Não queres que o padrinho brinque contigo as bonecas?" Perguntei o meu padrinho. Eu gosto de brincar com o padrinho, mas estou triste, não quero brincar.
" Não, quero ir para meu quarto sozinha." Eu afirmei.
" Fica aqui. Ajuda a madrinha a desenhar um desenho para dar a mãe." Pediu a madrinha.
" Não quero. Quero ficar sozinha." Eu disse. Caminhei para a porta.
" Deixa ir, Nádia." Ouço o meu padrinho dizer a minha madrinha.
Entrei o meu quarto e fechei a porta.
" Pai! Pai! Pai! Preciso de falar contigo." Eu chamei.
" Diz, filha." O meu pai apareceu no quarto. Eu vejo o meu pai desde que era pequenina. Eu nunca contei a minha mãe, porque o pai não deixa.
" Pai! O avô morreu." Eu disse.
" O pai sabe." O meu pai baixou-se á minha frente.
" Pai! Eu não quero que o avô morra." Eu afirmei.
" Filha! Nós não podemos fazer nada, mas tu podes continuar vê-lo." O pai disse.
" Posso, pai?" Eu questionei.
" Podes, filha. Agora não, porque o avô morreu á pouco tempo. Mas daqui a uns dias, ele pode vir visitar. Como o pai vem." Ele explicou-me.
" E pode levar-me ao parque." O meu pai sorri para mim.
" Isso não, filha. Só tu é que o vês." Ele explicou.
" Pai! Porque é que só eu é que te vejo?" Eu perguntei curiosa. Eu gostava que a mãe também pudesse ver o pai.
" Porque o pai é um espírito e tu tens um dom que consegues ver os espíritos. O pai já te explicou isso." O meu pai já tinha explicado isso, ele explicou também que eu não lhe podia tocar por ele era só energia. Eu não percebi bem, mas fingi que percebi. Eu não ligo para isso. Já estou habituada. Eu gosto muito quando o pai brinca comigo e me lê histórias, mesmo que tenha que ser eu a mudar a página.
" Princesinha do pai! Não fiques triste. O pai não gosta de te ver assim. Prometes ao pai que não ficas triste." Ele pediu.
" Prometo, pai." Eu sorri para ele. A porta do quarto abriu-se.
" Aurora! O que é que estás aqui a fazer?" Pergunta o meu padrinho.
" Nada." Eu respondo.
" Anda brincar com o padrinho para sala." Disse-me o meu padrinho.
" Vai, filha." O meu pai apoiou.
" Está bem. Vou só buscar uma boneca." Eu disse. Pego a boneca e saio do quarto, dando a mão ao meu padrinho.
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Um Monstro em ti
VampireJoel Obsidiana é um vampiro assassino que há alguns anos atras viu o seu grande amor ser assassinado a sua frente. A dor e o sofrimento fizeram com que ele soltasse um monstro. Ele mata e sente satisfação nisso. Tatiana Silva perdeu o seu grande a...