Supermercado (65)

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Obsidiana:

Eu a vi entrar no supermercado e a segui. A Caracolinhos havia-me mandado uma mensagem a dizer que precisava de falar comigo. Tenho que admitir que estava curioso. Desde do dia que a levei a casa nunca mais a vi. A Tatiana ia chegar ao final do corredor, quando eu a surpreendi ao aparecer diante dela.

" Joel! Como é que me encontraste aqui?" Ela perguntou com uma expressão assustada e o coração acelerado.

" Coincidência! Estava às compras." Eu menti.

" Não sabia que os vampiros também faziam compras." A caracolinhos disse como sempre simpática e querida.

" E não fazem. Só fazem quando é necessário." Eu disse, pegando um pacote de massa e fingindo estar interessado. "Ouvi dizer que precisavas de falar comigo." Eu fui direito ao assunto.

" E preciso, mas não é aqui." Ela disse e começou a empurrar o carrinho entrado noutro corredor. Eu posei rapidamente o pacote da massa e fui atrás dela. Ela parou o carrinho, retirou de uma prateleira uma garrafa de azeite e colocou no carrinho. Eu aproveitei e comecei a empurrar o carrinho dela. Por incrível que possa parecer a Tatiana não reclamou.

" Porquê não aqui? Não me digas! Estás com saudades minhas. Podemos resolver isso. Já conheceste o meu quarto?" Eu perguntei picando-a. Ela parou e ficou a observar-me com cara feia.

" O que eu tenho para falar contigo é sério e importante." Ela disse séria. Aquele jeito dela, destemido e desafiador, mexe tanto comigo. A Tatiana agora sabe que eu sou um vampiro, mas mesmo assim, a Caracolinhos continua a enfrentar-me como nunca ninguém me enfrentou antes.

" Queres levar atum em lata? Está em promoção." Eu mostrei-lhe a lata de atum com uma cara séria. Adoro a provoca-la.

" A sério, Joel?" Ela disse com alguma vontade de rir. O clima entre nós estava a melhorar.

" O que é que foi? Não queres levar, não leves." Eu disse posando a lata e continuei a empurrar o carrinho.

" Às vezes nem pareces... Esquece." Ela não acabou a frase, mas eu sabia o que ela ia dizer. Ela ia dizer que eu não pareço um vampiro.

A Tatiana aproximou-se de uma prateleira e esticou-se para tirar uma lata de salsichas que estava na última prateleira. Eu a observo, mesmo com o braço ao peito, ela continuava linda e gostosa. Eu era mais alto que ela e fui por trás dela, tirei-lhe a lata e dei-lhe. Tatiana aceitou-a. A Caracolinhos olhou os meus olhos pela primeira vez. Eu já tinha-me apercebido que ela estava a evitar esse contacto. 

Nós ficamos em silêncio por alguns minutos, estávamos um pouco próximos. Comecei a sentir um desejo enorme de tocar nos seus lábios. Eu aproximei a minha cabeça involuntariamente da dela. Os nossos lábios estavam próximos um do outro, eu fechei os meus olhos e apreciei o seu perfume. Eu sabia que ela também queria aquele beijo.

" Obrigado, mas não era preciso." Ela disse, desviou o rosto e empurro-me. Pegou a lata de salsicha e colocou no carrinho com alguma brutalidade. Ó deus, foi por um bocadinho. Eu fui atrás da Tatiana. Entramos no corredor dos cosméticos.

" Afinal, qual é coisa tão importante que tens para me dizer?" Eu perguntei.

" Eu não tenho que te dizer, eu precisa de te pedir." Ela emendou com dois frascos de shampoo na mão.

" Estou a gostar." Eu disse e voltei ao comando do carrinho.

" Não comeces com as tuas gracinhas." Ela avisou-me.

" Precisas de pensos?" Perguntei pegando num pacote de pensos higiénicos. A Tatiana virou-se para mim já com só um frasco de shampoo na mão.

" Joel!" Ela repreendeu um pouco envergonhada. Eu posei o pacote.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora