Descoberta do Monstro (58)

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Tatiana:

O Joel virou-se para mim. Eu não queria acreditar no que via. Ele tinha a boca suja de sangue, os seus dentes caninos estão aumentados, os seus olhos estavam estranhos. O Joel tinha um coração na sua mão e o seu braço escorriam sangue. Havia um homem morto atrás de si. Do outro lado da sala está uma mulher morta encostada há parede. O seu pescoço está magoado e escorre sangue.

" Tatiana, eu posso explicar." O Joel disse largando o coração. Eu olhei para ele. Eu estava em choque. Sinto a Aurora puxar a minha mão.

" Mãe! Mãe! Eu disse que ele era um vampiro." A minha filha disse.

" Vamos embora, Aurora." Eu disse e arrastei a minha filha para fora da sala.

" Espera, Tatiana!" Ouço ele gritar, mas ignoro-o. Saio daquela casa e começo a andar pela rua. Eu queria sair dali. O que eu vi não pode ser real. Será que os vampiros existem mesmo?

" Tatiana! Espera! Tatiana, volta aqui!" O Joel gritava, mas eu ignorei-o. Continuei a andar sem destino com a mão dada a Aurora. Ele apareceu diante de mim, eu assustei-me.

" Deixa-me ir." Eu pedi. Estava com medo.

" Eu não te vou fazer mal." Ele disse.

" Sai da minha frente! Deixa-me ir!" Eu gritei.

" Deixa-me explicar." Ele pediu.

" Eu não quero ouvir as tuas explicações. Deixa-me ir! Eu não quero olhar mais para ti." Eu gritei.

" Eu deixo-te ir, mas não te esqueças que estás Espanha. Precisas de mim para regressares." Ele relembrou-me.

" Eu não preciso de ti para nada." Eu Referi e comecei a andar.

" Vais voltar como, Tatiana? Estás num país diferente com uma criança. Eu levo-te. Eu não te vou fazer mal. Se eu quisesse fazer mal já o tinha feito." Ele disse.

" Se for preciso vou a pé. Contigo, eu não volto!" Eu disse parando, olhando para ele e voltei a andar. A Aurora parou.

" Ó, Mãe! Eu não quero ir a pé." A Aurora disse.

" Anda, Aurora!" Eu ordenei-lhe.

" Não, mãe! Vamos com o Joel. Ele é um vampiro, mas eu sinto que ele não nos vai fazer mal. Acredita em mim!" A minha filha disse.

" Aurora, vamos!" Eu ordenei-lhe.

" Ouve a tua filha. Mesmo que não me queiras ouvir, deixa-me levar-te a casa." Ele disse. Eu não sabia o que fazer. Eu olhei para ele, ainda havia vestígios de sangue no seu rosto. Ele tirou as chaves do bolso e mandou-me. Eu apanhei-as.

" Vai andando para o carro com miúda. Eu já vou lá ter." O Joel disse.

Eu não tinha muitas hipóteses. Eu não queria voltar com o Joel, depois do que eu vi, mas eu estou com a minha filha, tenho um braço ao peito e estou numa cidade que não conheço. É melhor voltar com ele. Mas depois disto, eu não quero vê-lo mais.

Entrei no carro com a Aurora. Esperei por ele. O Joel demorou um pouco. Quando regressou, já estava limpo e não havia vestígios de sangue no seu corpo. Ele não disse uma palavra, assim como eu. Eu encostei a cabeça á porta do carro e observa o caminho. Comecei a juntar as peças do puzzle. Eu sempre achei o Joel estranho. A primeira vez que nos vimos, eu vi a força que ele teve para mandar o assaltante contra a parede. E todas as vezes que ele desapareceu num piscar de olhos. 

Agora, percebo. Ele é um vampiro, anda mais rápido. Fê-lo agora à minha frente. E todas as mortes na cidade, os corpos com marcas no pescoço. Meu deus! Ele é um monstro. E pensar que eu a noite passada dormi na mesma cama que ele e que há umas horas eu o beijei. O meu estômago está revoltado. Sinto náuseas. A Aurora tantas vezes me avisou. Porque é que eu não ouvi a minha filha?

Vejo o Joel entrar num serviço de bombas de gasolina, quando íamos na autoestrada. Nós tínhamos posto gasóleo á pouco tempo, mas mesmo assim olho para o mostrador que indica que o depósito está cheio.

" Porque é que vieste para aqui? O depósito ainda está cheio." Eu disse-lhe. Ele passa as bombas e parou o carro numa área de serviço.

" Porquê eu não vou continuar a viagem. Até tu me ouvires." Ele disse e saiu do carro. Eu fui atrás dele. 

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora