Aniquilação do perigo (4)

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Tatiana: 

Acordei com um pesadelo terrível sobre a noite passada. Respirei fundo. Olhei o relógio na minha mesa-de-cabeceira. Eram sete da manhã. Faltavam quinze minutos para eu me levantar. Voltei a deitar a cabeça na almofada e relembrei a noite passada. Pensei sobre o homem de olhos azuis que me salvou. Se não fosse ele, eu não sei o que teria acontecido.

Vejo a porta do meu quarto abrir. Uma menina de cabelos compridos encaracolados castanhos-claros, olhos castanhos-escuros e pele clara, entra no meu quarto arrastando o seu urso de peluche pelo chão.

" Aurora! O que é que se passou? Porquê já estás acordada?" Eu perguntei, levantado a cabeça da almofada. A menina de estatura baixa, caminhou em direção á cama.

"Mãe! Tive um sonho mau." Ela sentou-se na cama. Eu ia dar-lhe um beijo, mas ela agarrou-me o pescoço e abraçou-me com força. Sentir os seus braços pequenos em redor de mim, era a melhor sensação do mundo.

"Filha, foi só um pesadelo." Acalmei-a. Ela soltou os seus braços do meu pescoço e olhou-me com as lagrimas nos olhos.

" Mas parecia real, mãe. Eu sonhei que era noite e um homem queria fazer-te mal. Eu ouvi tu gritares." Ela contou com a sua voz de criança. Eu limpei as lagrimas do seu pequeno rosto.

" Foi só um pesadelo. Não precisas de ficar assim. A mãe está aqui, está bem. Agora, dá outro abracinho apertadinho á mãe." Eu pedi e ela abraçou-me. Dei-lhe vários beijos no rosto e cabeça.

" Mãe!" Ela disse.

" Diz, filha." Eu disse.

" Isto é o começo." Ela referiu, deixando-me confusa.

" O quê, filha?" Eu perguntei.

" Tenho fome, vamos tomar o pequeno-almoço." Ela disse e caminhou para a porta.

" Primeiro temos que nos vestir." Eu avisei-a e ela voltou. Eu vesti-me e ajudei a Aurora a vestir-se.

Fomos para a sala de jantar. O meu pai estava sentado à mesa. A televisão estava ligada no canal das notícias. Não estava a tomar muita atenção ao que era dito. Preparava o pequeno-almoço a minha filha.

" Tatiana, são as fábricas daqui." O meu pai puxou a minha atenção e eu olhei para a televisão.

" Gustavo Antunes foi encontrado morto, esta manha por trabalhadores das fábricas em Sintra. O homem de 54 anos encontrava-se no chão com uma escoriação na barriga devido a uma faca e o pescoço magoado." Olhei para fotografia do homem e reconheço imediatamente, era o homem que me tinha assaltado.

" Este mundo cada vez está pior." Disse o meu pai. Ao ouvir aquilo, os meus pensamentos dirigiram-se para o homem de olhos azuis que tinham-me salvo. Teria ele alguma coisa a ver com isto?

" As autoridades estão a averiguar, mas esta não é a única morte violeta em Sintra. Uma mulher esta semana também foi encontrada com varias escoriações no corpo. As autoridades estão analisar se os dois casos têm alguma ligação." Continuou a jornalista.

A campainha tocou e a minha mãe foi abrir. A jornalista entrevistou um agente que comentou o caso. O Eduardo entrou na sala.

"Bom dia!" Desejou ele.

Eduardo ou Edu como é mais conhecido, é o meu melhor amigo. Ele é muito divertido e é quase impossível estar ao lado dele sem estar a rir. Eu e o meu pai desejamo-los os bons dias. Ele foi até á Aurora e deu-lhe um beijo na bochecha.

" Será que eu posso levar hoje a minha a filhada mais bonita para a escola?" Ele perguntou á Aurora.

O Edu era padrinho da Aurora. Ele e a Nádia, a minha outra melhor amiga, ajudaram-me muito durante a minha gravidez. Eles são amigos verdadeiros que eu sei que posso contar para tudo.

" Podes, mas o teu carro vai avariar." Respondeu a Aurora com o pão na mão.

" Como é que sabes isso?" Perguntou o rapaz de cabelo aos caracóis castanhos e olhos avela, admirado com a resposta da Aurora.

" Porque sei." A minha filha respondeu, sabichona como sempre. Edu começou a fazer cócegas e ela risse.

" Porque sabes? Ah! Porque sabes?" Ele repete a resposta da afilhada. Eu levanto alguns pratos.

" Eu vou por isto a cozinha." Disse. O Edu olhou para mim e eu fiz sinal para ele vir comigo. O Eduardo seguiu-me.

" Eu sei que vais ao cemitério. Foi por isso que vim buscar a Aurora." Ele disse assim que entrou na cozinha.

" Obrigado." Agradeci.

" Passa-se alguma coisa, Tatiana?" Ele perguntou. O Edu conhece bem.

" Sim, Edu." Eu contei ao Edu o que se tinha passado a noite passada. Contei também o que eu tinha visto na televisão hoje.

" Ó, Tati! Tu tens que ir a polícia." Ele aconselhou-me.

" O que é que adianta? O homem está morto. Eu só quero esquecer todo." Eu disse ainda um pouco fragilizada com o susto.

" E o homem que te salvou. Achas que tem alguma coisa a ver com a morte do assaltante?" Ele perguntou.

" Não sei, mas é o mais possivelmente. Ele salvou-me, desapareceu e o homem apareceu morto. É muita coincidência. E depois..." Eu parei-me, não sabia se devia dizer ou não.

" E depois o quê?" Ele perguntou-me.

" O homem que me salvou tinha um olhar estranho. Os olhos eram azuis, tinha um olhar intenso." Eu confessei.

" Os olhos azuis, Tati. Podias ter dito, logo. O teu herói tem os olhos azuis?" Ele perguntou surpreso.

" Tem." Eu confirmei.

" Ai! Mulher! Tu és uma mulher sorte. Então, és salva por um homem de olhos azuis. Conta mais. Como ele é?" Perguntou o Edu empolgado.

" Não sei. Estava escuro. Só reparei nos olhos." Eu disse.

"És mesmo parva. Devias-lhe ter pedido o número ou perguntado o nome." Ele disse parecendo frustrado.

" Ó, Edu! Eu tinha acabado de ser atacada por um homem e depois não tenho intenções de o conhecer." Eu afirmei.

" És mesmo parva!" Ele exclamou.

" Tu és tao meu amigo! Queres que eu me envolva com possível assassino?" Eu perguntei, mas sabia que ele estava a brincar.

" Desde que seja giro." O Edu era homossexual e adora arranjar-me possíveis namorados. Mas eu não estou com cabeça para me apaixonar. Ainda penso muito no Cláudio. 

...

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Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora