Chegada a Córdova (55)

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Obsidiana:

Parei o jipe no centro de Córdova.

" E agora, Tatiana. Vamos para onde?" Eu perguntei.

" Não sei." Ela disse olhando pela janela. A Caracolinhos abriu a porta do jipe e saiu, eu saí atrás dela.

" A pista que tiveste para vir a Córdova. Não dizia o sítio?" Eu perguntei.

" Eu não tive nenhuma pista." Ela respondeu observando a cidade.

" Como assim? Então, porque é que quiseste vir aqui?" Eu perguntei sem intender.

" Eu tive um sonho com o Cláudio. Ele disse que a Aurora estava em Córdova." Ela explicou. Eu não queria acreditar no que ela me disse.

" O quê? Eu fiz quase seis horas de viagem, porquê tiveste um sonho com o teu ex-namorado? " Eu perguntei um pouco irritado.

" Não foi só um sonho." Ela afirmou.

" Então, o que é que foi? Não me digas que o fantasma do ex-namorado foi-te avisar em sonhos que a tua filha está em Córdova." Eu disse ironicamente.

" Eu sinto que a minha filha está aqui." Ela afirmou confiante.

" E eu sinto que tu estás a ficar maluca. Vens para Córdova, por causa de um sonho. Por favor, Tatiana!" Eu estava irritado. Eu não acredito que fiz uma viagem tão grande por causa de um sonho. Eu pensei que a polícia, ou alguém lhe tivesse dado alguma pista.

" Eu já te disse que não foi só um sonho." Ela grita para mim e eu sentei-me num banco.

" Então e agora? O que é que fazemos? Sentamos e esperamos que tentas outro sonho ou vamos perguntar 324 704 habitantes que vivem nesta cidade, se eles viram uma menina baixinha e de caracolinhos." Eu disse, irritado. Porque ela não me disse antes?

" Se for preciso!" Ela disse e sentou-se ao meu lado. Tinha a cabeça baixa e parecia triste. Vi uma lágrima escorrer pela sua cara. Ela suspira. " Eu só quero encontrar a minha filha." Ela disse com uma voz trémula, controlando o choro. Eu coloquei a minha mão sobre as suas costas.

" Tatiana, não fiques assim. Olha para mim!" Eu pedi e ela olhou para mim. O seu rosto estava vermelho e ela não conseguia segurar mais o choro. Eu coloquei a minha mão no seu rosto. " Eu prometo-te, Tatiana. Eu prometo-te que vamos encontrar a tua filha." Eu disse e ela abraçou-me. Eu rodei-a com os meus braços, num abraço forte. E novamente eu estava a abraça-la. Eu não sei como ela faz isto. Quando a vejo frágil, não consigo resistir, eu tenho que a abraçar. Ela soltou-me e endireita-se.

" Uma borboleta branca!" Ela exclamou. Eu olhei para a ponta do banco onde estava uma borboleta branca posada. Olhei admirado para ela.

" E o que é que tem?" Perguntei. A Tatiana parecia feliz como se tivesse arranjado uma solução.

" Eu cada vez que sonho com o Cláudio há sempre uma borboleta branca." Ela contou empolgada.

" E o que é que estás a pensar fazer? Seguir a borboleta, quando ela levantar voou." Eu disse, gozando. A borboleta alevanta voou.

" Parece que não é preciso esperar muito." Ela disse. Eu não acredito. Ela está louca! Só pode! Ela começa a ir atrás da borboleta e eu vou trás dela.

" Tatiana! Eu estava a gozar. Tatiana, volta aqui! Tatiana, não vai atrás da borboleta! Tatiana! As pessoas vão achar que tu és maluca!" Eu gritava para ela, mas ela não me respondi. Fui atrás dela até que ela parou numa rua onde havia prédios de um lado e do outro. Os prédios eram em tons de castanho. Ela parou.

" Desapareceu!" Ela disse.

" É normal. É uma borboleta. Tens asas, sabe voar." Ela baixou-se.

" Tatiana, não vais começar a espreitar às janelas. Ainda vais presa." Eu avisei-a.

" Ela está aqui." Ela disse alegre.

" O quê?" Eu comecei a caminhar em sua direção.

" Ela está aqui. Eu estou a ver o seu sapatinho." Ela disse empolgada e um pouco emocionada. Eu parei e abaixei-me perto da janela. Devia ser uma cave, a janela era rente ao chão. Vi o sapatinho, ouvi o barulho de uma criança a tentar gritar, mas parecia que tinha a boca tapada. Um homem entrou na rua e eu puxei rapidamente a Tatiana para cima, encostei a parede e beijei-a. Os nossos lábios brincavam um com o outro de uma forma acelerada. A Tatiana não fez nada para o impedir. O homem entrou no prédio onde a miúda devia estar. A Tatiana devia-se ter apercebido o que está a fazer e empurrou-me.

" Mas o que é que estás a fazer?" Ela gritou, chateada e nervosa. Só não sei se estava chateada comigo por a ter beijado ou com ela por não ter resistido.

" Quando quiseres outro é só pedires." Eu provoquei-a. Eu não podia deixar de não fazer aquilo. Vim de longe, no mínimo um beijo.

" És mesmo estup..."Ela ia começar a insultar-me, mas eu empurrei a porta do prédio para trás.

" Como é que conseguiste fazer isso?" Ela perguntou admirada.

" Enquanto tu te deliciavas com o meu beijo, um homem entrou no prédio e eu coloquei o pé, impedindo que a porta se fechasse." Eu expliquei.

" Eu não me deliciei com o teu beijo! Foi nojenta!" Ela disse.

" Está bem, Tatiana. Eu vou fingir que acredito. Agora entra!" Eu ordenei. Ela embora não muito satisfeita entrou. Eu segurei-lhe o braço.

" Fica aqui. Eu vou distrai-los. Assim que eu te chamar, tu entras na casa e procuras uma escada." Eu expliquei-lhe o plano.

" Uma escada?" Ela perguntou confusa.

" Sim, Tatiana. A miúda deve estar numa cave para ser vista daquela janela." Eu expliquei.

" Ok." Ela confirmou.

Eu virei a direita e ela ficou no hall de entrada perto da porta do prédio. Toquei a campainha, alguns segundos depois um homem grandalhão abriu a porta. Eu passei-me por um espanhol perdido. Comecei a fala um espanhol fluente e o homem parecia perceber pouco. Eu tirei um papel do bolso e mostrei-lhe. O grandalhão olhou para o papel. Estava próximo dele. Agarrei-lhe pelo pescoço.

" Tatiana! Bora! Entra." Eu gritei baixo. O homem era grande e forte, mas eu era um vampiro tinha muito mais força que ele.

" Belo sotaque espanhol!" A Tatiana exclamou ao passar por mim. Eu apenas lhe pisquei o olho em resposta. Ela entrou e eu parti o pescoço ao homem. Deixei-o ali e entrei fechando a porta. Fui numa direção diferente da Tatiana. 

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora