A morte da princesa (38)

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 Obsidiana:

Desci as escadas da mansão Obsidiana. O Jean como sempre estava a ler um livro. Ele olhou para mim.

" Jean, depois tira o meu jantar do meu quarto." Eu disse, referindo a rapariga loira que tinha trazido ontem para casa e a tinha morto. Ela ainda estava na minha cama.

" Eu não acredito, meu amo. Você dormiu com um corpo morto ao seu lado." Ele disse admirado.

" Qual é o problema?" Eu perguntei. Sentei-me na poltrona.

" Nenhum, mas não deve ser muito agradável acordar com um cadáver ao lado." O Jean disse.

" Eu não importo. Agora, vai cavar um buraco no quintal para enterrar a rapariga." Eu ordenei-lhe.

" Meu amo, qualquer dia o nosso jardim vai tornar-se um cemitério." Ele disse. Eu encolhi os ombros. Não me importando com a situação.

" Então e a menina Tatiana, meu amo?" Ele perguntou. Olhei para ele admirado. O que é que ele quer saber?

" O que é que tem a Tatiana?" Eu perguntei.

" Ainda não a matou, nem a ela, nem a menina Aurora." Ele afirmou cautelosamente.

" Queres ter esse prazer?" Eu perguntei.

" Está louco, meu amo? Eu era incapaz de fazer uma coisa dessas. Eu só estou a perguntar porque acho estranho. Eu conheço-o bem. E sei que você nestas circunstâncias já tinha morto aquela rapariga." Ele afirmou.

" Eu errei com ela." Eu desabafei.

" O que é que você fez?" Ele perguntou um pouco assustado.

" Eu matei o grande amor da vida dela." Eu confessei sem olhar para o Jean.

" Você matou a filha dela?" Ele perguntou ainda mais assustado.

" Não. Eu matei o Cláudio Kokio. Ele era o pai da filha dela. A Tatiana até hoje não voltou a amar mais ninguém." Eu contei.

" Como você." Ele exclamou e olhei para ele.

" Há uma grande diferença entre mim e ela. É que eu não sinto mais dor. Eu não sofro mais com isso." Eu disse.

" Será que não sofre? Você matou todos os indivíduos da família Kokio. Você deixou o Jorge Kokio sozinho para vingar a morte da menina Camila." Ele contou.

Eu sem quer relembrei o dia da morte da Camila. Nós estávamos numa casa em Paris. Fazia frio. Eu ainda era humano e senti frio. Acendia a lareira.

" Tens frio?" A Camila aproximou-se de mim com duas taças de vinho branco.

" Se eu fosse um vampiro, não teria esse problema." Eu disse. Ela estendeu-me a taça e sentou-se ao meu lado no chão.

" Joel! Nós já falamos sobre isso. Eu gosto de ti como és. Não há necessidade de te transformares." A Camila disse.

" Camila, mas eu quero. Quero muito me transformar. Diz-me, diz-me o que é que eu tenho que fazer." Eu pedi. Ela beijou os meus lábios devagar.

" Estamos bem assim. Agora, diz-me qual é o próximo país que queres conhecer." Ela disse, dando-me pequenos beijos no pescoço. Ela sabia-me seduzir e eu caí sempre nos seus jogos de sedução. Eu amava. Eu deixei a minha família e abdiquei da minha vida por ela. Para viver ao lado dela. Eu aceitei o facto de ela ser uma vampira e nunca conseguiria revela-lo ninguém. Nós estávamos entre beijos, quando a porta de casa foi arrombada com força. Nós nos levantamos. Dois homens entraram na sala. Um era Jorge Kokio ainda novinho, outro era o seu pai, Henrique Kokio.

Naquele dia eu não sabia quem eles eram. O Henrique Kokio disparou contra a Camila. Ela contorceu-se no chão. Eu nunca tinha visto a Camila tão frágil. Eu tentei auxilia-la e segurei-a. O Henrique agarrou-me os braços atras das costas e me afastou dela. Foi tudo muito rápido. Eu tentei soltar-me.

" Força, filho! Espeta a estaca Kokio no coração da vampira." O Henrique incentivou o Jorge.

" Não!" Eu gritei. " Não façam mal a ela." Eu tentei soltar-me, mas o Henrique tinha bastante força e eu era um simples humano.

A Camila estava deitada no chão e contorcia-se com dores. Eles tinham-lhe injetado um líquido proveniente da flor Kokio que acalmava os vampiros e se for em grandes quantidades pode pô-los a dormir. O Jorge foi até ela e espetou-lhe a estaca com força no peito dela. Eu vi contorcer de dores. Eu sabia que ela podia morrer. Ele largou-me e eu corri para ela.

" E ele, pai?" Ouvi o Jorge perguntar. Eu abracei-me a ela. Pareci que um enorme buraco se tinha aberto no meu peito. Eu a amava muito.

" Ele pode ficar vivo. Ele é humano. Nós não matamos humanos." O Henrique respondeu.

Eles foram embora e eu chorava. O Jean apareceu na sala. Ele escondeu quando ouvi o aparato. A Camila estava a morrer aos pouquinhos. Não havia nada a fazer. O Jean abraçou-me. Uma raiva começou a nascer no meu peito, empurrei o Jean e eu fui atras deles, mas não os encontrei.

Quando regressei, o Jean estava com a Camila e ela estava morta. Eu chorei a noite toda, mas quando o sol nasceu. Eu parei de chorar. Eu fiz uma promessa. Eu iria vingar a morte dela. E eu cumpri a promessa. Eu matei o pai do Jorge. Transformei-me em vampiro, pois a Camila já tinha-me dado o seu sangue, sem eu saber. Não me senti vingado. A morte era pouco. Eles precisavam de sentir a mesma dor que eu senti quando vi a Camila naquele chão. O Henrique estava morto, mas o Jorge não. Então, eu deixei o Jorge formar família e quando ele já quase se tinha esquecido de mim. Eu voltei e matei a sua esposa e o seu filho. Eu queria que ele vivesse na solidão. Eu queria que ele sentisse a dor que eu senti.

" Eu sabia que você por de trás dessa armadura ainda sofria por ela." O Jean tirou-me das minhas lembranças.

" Claro que não, Jean. Eu cumpri a promessa. Agora, não ando por ai a chorar pelos cantos. E em relação a Tatiana, eu vou deixa-la viva. O Jorge não tem contacto com a neta. Portanto, é indiferente ela estar viva ou morta." Eu disse.

" Eu acho que está a fazer a coisa certa, meu amo." O Jean concordou.

" Está na altura de irmos embora da cidade." Eu disse.

" E vamos para onde?" Ele perguntou.

" Qualquer sítio. Decidimos depois." Eu disse-lhe caminhando para as escadas. Eu precisava de sair daquela cidade. Estava aborrecido. Precisa de ir para algum sítio novo. E depois eu achei muito estranho a filha da Tatiana saber que eu sou um vampiro. Estou mais seguro longe daqui. 

...

Não se esqueçam de deixem o vosso voto, é muito importante para eu saber se estão a gostar ou não da história.

Estejam a vontade para comentar e deixarem a vossa opinião. Terei muito gosto em ler.

Colocarei o próximo capítulo amanha e o título é "a despedida". O que é que acontecerá neste capitulo?

Obrigado por lerem. Até amanhã.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora