Franguinho hipnotizado (81)

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Rui:81

Estava no Lince a trabalhar. Hoje a Tatiana está de folga e eu entrei mais cedo. A Carla foi as compras e eu atendia os poucos clientes que havia. Pensava na Nádia. Não sei se a devo ir visitar ou não. Eu gostava. Cada vez que lembro-me do que o Joel lhe fez, dá-me uma vontade de o matar.

Eu tenho que afastar o vampiro da Nádia. Meu deus! Vampiros! Toda a minha vida, eu pensei que os vampiros não existiam e agora estou aqui a encher um copo de cerveja e a refletir como afastar o vampiro da minha namorada, ou ex-namorada.

A Nádia é tao bonita, eu sempre tive de ficar atento aos outros rapazes. Como é que eu compito com um vampiro? É estupido. Eu amo tanto aquela rapariga! Porque é que foi tão estupido? Eu deixei-me levar e fiz porcaria. Eu sei que a Nádia gosta de mim, mas ela tão teimosa e tem dificuldade em perdoar. Eu devia ter pensado nisso antes. Agora é tarde, não posso apagar o beijo que troquei com a Rita, mas posso lutar pela Nádia e é isso que eu vou fazer.

Vejo a Tatiana entrar no Lince um pouco alterada. Ela vem na minha direção e abraça-me. Apercebo-me que ela está a chorar.

" O que é que se passa, Tatiana?" Pergunto preocupado. Ela solta-me.

" Fui visitar a Nádia." Ela contou.

" Aconteceu alguma coisa á Nádia? Ela está pior?" Perguntei aflito.

" Não. Ela está bem. Talvez amanhã tenha alta." Ela contou.

" Que bom! Mas então o que é que aconteceu?" Eu perguntei um pouco mais descansado.

" A Nádia já não é a mesma. Eu pedi-lhe para ela se afastar do Joel e ela mandou-me a cara que eu tinha roubado o Cláudio dela e que queria fazer o mesmo com o Joel." A Tatiana contou.

" Ela fez isso? Eu estava convencido que ela te tinha perdoado. Ela estava sempre a dizer que vocês eram um casal prefeito e que ela nem gostava muito do Cláudio." Eu contei. O meu medo aumenta. Se ela não perdoou a Tatiana, como é que ela me vai perdoar a mim que a magoei mais?

" Sim, o Edu também chegou a dizer que ela lhe dizia que estava mais magoada comigo do que com o próprio Cláudio. A Nádia nunca gostou muito dele. Mas mandou-me isso a cara. O Cláudio faleceu a seis anos e ela sabe o quanto eu sofro com isso, o quando eu ainda gosto dele." A Tatiana disse um pouco nostálgica.

" Como tu dissestes, a Nádia já não é a Nádia. Nós precisamos de fazer alguma coisa. Nós temos de matar o Joel." Eu afirmei. A minha única esperança é que a Nádia esteja hipnotizada por aquele gajo e que diga coisas que não sente.

" Matar?" A Tatiana questiona.

" É a nunca maneira de o afastar dela definitivamente." Eu esclareci.

" Há outra coisa." Ela disse.

"O quê?" Eu perguntei.

" O Joel telefonou e disse que ou tu aceitavas tirar a pulseira e seres hipnotizado a esquecer que ele é um vampiro ou ele mata a Nádia. E ele não estava a brincar." A Tatiana contou.

" Eu não vou deixar esse gajo hipnotizar-me. Eu preciso de saber que ele existe para o matar. Tens que o enrolar, até nós montamos um plano." Eu disse.

" Ele vem cá esta tarde. Deve estar a chegar." Ela comunicou-me.

" O quê?" Eu questionei chocado. "Eu tenho uma raiva daquele vampiro! Eu juro que se eu soubesse como se mata um vampiro, já tinha morto." Tento falar baixo, embora só existam duas pessoas sentadas numa mesa do bar.

" Eu acho que tenho uma solução. Podes por a pulseira no pé, se couber. Com as calças não se nota. Eu não sei se resulta no pé, mas podemos tentar. Ele deve estar a chegar." Ela adverte.

" Então, vou fazer isso. Vou lá dentro." Fui lá dentro, pôr a pulseira no tornozelo e coube. Quando voltei o Joel estava no balcão e a Tatiana do lado de dentro do balcão.

" Então, já tiraste a coleira ao franguinho?" O Joel perguntou-lhe, referindo-se a mim e a pulseira. Eu parei à porta da cozinha e observei-os.

" Boa tarde! Também para ti. E o Rui não é nenhum franguinho e se há aqui alguém que usa coleira és tu." A Tatiana respondeu-lhe. Eu nunca vi a Tatiana responder assim a ninguém.

"Não te armes em esperta. A provocar-me! Eu sei o teu jogo, mas eu não te vou beijar, porque o próximo beijo tens ser tu a pedir e com jeitinho." Ele está a pica-la.

"É que nunca!" A Tatiana responde segura.

" Já convencestes o almofadinha a tirar a porcaria da pulseira ou vou ter que lhe cortar a cabeça?" Ele perguntou novamente.

"Convenci!" Eu aproximei-me deles.

"Foste rápida. Não me digas que lhe prometes um beijo igual ao que me deste?" O vampiro provocou-a.

"Eu não preciso de lhe prometer nada, eu posso dar-lhe a qualquer altura." A Tatiana disse segura e agarrou o meu rosto e beijou os meus lábios. Eu fui surpreendido e não sabia bem o que fazer, mas correspondi ao beijo dela. Sejas o que for que a Tatiana esteja a fazer, é contra o Joel. E isso agrada-me. A Tatiana separou os nossos lábios, abraçou-me e olhou para o Joel que estava vermelho de raiva. Agora já percebi o jogo dela. Eu sorri.

"Vá! Vamos mas é despachar isto. Já tirastes a pulseira?" O Joel pergunta olhando para mim com tanta ou mais vontade de matar-me do que eu a ele. Eu mostro-lhe os meus pulsos para ele certificar que não há nenhuma pulseira.

" Eu quero que saibas que eu só vou fazer isto pela Nádia. Eu amo-a muito e não posso arriscar a vida dela." Eu disse, dando mais veracidade à mentira.

" Chega de lamechices. Cala-te e anda aqui." O vampiro ordenou.

O café está vazio, agora. Eu dou a volta ao balcão e vou até ele, mantendo as costas direitas e não demonstrado medo. Ele coloca as suas mãos com força nos meus ombros.

"Estou a rezar para que não resulte, para eu te poder arrancar a garganta." Ele disse friamente. Sinto o meu corpo gelar. E se ele descobrir que eu estou a usar a pulseira. O que é que ele fará com a Nádia?

"Vá! Despacha-te que eu estou farto de te aturar." Eu disse, tentando não demonstrar o medo.

"O franguinho está com presa! Então vamos lá." Os olhos dele começam a brilhar, o brilho é hipnotizante. Eu fico fixo nos olhos dele. A minha visão fica estranha. "Tu vais esquecer o que viste na noite do baile, os vampiros não existem e coisas sobrenaturais só existem em filmes. E tu achas que a Nádia está muito feliz comigo." Joel parece que vai soltar-me, mas agarra os meus ombros novamente. "Ah! E vais esquecer o beijo que Tatiana te deu." Deu-me vontade de rir e eu contive. Não podia rir estava a ser hipnotizado. Este gajo é mesmo estupido.

"Estás agarrar-me porquê?" Eu pergunto quando os olhos dele param de brilhar.

" Por nada. Ainda me vais ser muito útil." Ele disse.

" Porquê? Queres alguma bebida?" Eu pergunto.

" Não." Ele responde.

" Acho que devias convidar a Nádia para sair quando ela sair do hospital. Ela fica muito feliz quando está contigo." Eu disse, disfarçando. Há qualquer coisa nele que parece está desconfiando.

" É. Eu vou-me embora." Ele tira o olhar de mim e dá um olhar para a Tatiana.

"Vai pela sombra e não voltes." A Tatiana aconselhou-o, pareci irritada.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora