Dançando com o monstro (76)

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Tatiana:76

" És tao teimosa! Queres que te raptem outra vez?" Eu perguntei irritada pelo caminho à minha filha.

" Ele não me ia fazer mal." A Aurora reclama.

" Não sabes, Aurora! Não sabes!" Eu avisei. Nós estávamos já ao pé do Edu.

" Aurora! Não sabes o susto que pregastes." Disse o Edu.

" Podias estar mais atento. A sorte é que eu a vi." Eu disse ao Edu.

" Foi um segundo." Ele disse.

" Leva-a para casa, isto está muito cheio." Eu pedi.

" Mãe, eu não quero ir para casa." Ela reclama.

" Mas vais. Nem devias ter vindo. Porque é que eu vou na conversa do teu padrinho?" Eu pergunto a mim mesma.

" Anda, Aurora. A tua mãe tem razão." O Edu concordou chateado com ele próprio. Ele sabe que errou. Eu estou demasiado irritada para lhe dar algumas palavras de conforto. Ele devia estar mais atento. Ele conhece a Aurora. Que susto! Meu deus! Eu não consigo passar outra vez por um rapto. A Aurora é o que eu tenho de mais precioso na vida.

Continuei a trabalhar tentando esquecer o sucedido. Eu estava a recolher uns copos de uma mesa já vazios. Antes de ontem foi ao médico e ele disse que eu podia ir trabalhar, só não podia carregar esforços. Nesse mesmo dia, eu voltei a trabalhar. Não aguentava estar mais tempo em casa sem fazer nada. Falei com a Carla e ela disse-me que vai manter o Rui. 

O café anda com muito movimento e nós precisamos de alguém para nos ajudar. Ainda bem. O Rui anda estranho comigo, parece que me anda a evitar. Foi estranho o que ele me respondeu. Ele disse que tinha que ficar longe de mim, mas porque é que ele tem que ficar longe de mim?

" Senhora enfermeira!" Ouço a voz do Joel atras de mim. Já cá faltava. Viro-me para trás.

Eu estava fantasiada de enfermeira, usava um vestido branco e curto, justo em cima e rodado em baixo. Calçava uns ténis brancos, pois não aguentaria andar para trás e para a frente nuns sapatos de salto alto. Tinha o cabelo solto e um chapéu de enfermeira na cabeça. Ao pescoço usava um estetoscópio. As ideias da Carla até que são engraçadas, pois no baile de mascaras até os empregados usam mascaras, a única coisa que os distingue dos clientes é uma placa que usamos na roupa.

" O que é que foi Joel?" Eu perguntei asperamente.

"Desculpe encomendar, é que Senhora Enfermeira, eu tenho aqui uma dor e queria que Senhora Enfermeira visse. É aqui!" O Joel aponta com o dedo indicador para o canto da sua boca e aproxima-se de mim.

"É a onde?" Eu perguntei já com segundas intenções. Tinha o estetoscópio na mão e aproximei-me de Joel com um olhar sedutor. O homem de atraentes apontou para o canto da sua boca, preparando-se para me beijar, mas eu dei-lhe com o estetoscópio bem no sítio onde ele se está queixava e Joel queixa-se de verdade. "Isso é falta de vergonha." Eu disse.

"Au! Tu és maluca, quase me partidas um dente." Ele queixou-se.

"Foi pena, foi não ter partido." Dei-lhe um sorriso falso e virei-lhe as costas, ela agarrou o meu braço e puxou-me para ele.

Ele estava mascarado de vampiro. Não sei se é falta de imaginação ou se apenas quer andar mais a vontade para caçar. Ele usava uma capaz comprida e um fato por baixo da capa, parecia a roupa do conde Drácula. Nós ficamos frente a frente. 

Eu prometi que nunca mais o ia beijar isso não vai acontecer. Os nossos olhares cruzam-se e fica difícil resistir. A tentação é muito grande. O que é que me deu agora para sentir tanta atração por um monstro!? Os nossos lábios estão próximos. Pensa na mulher a morrer na casa de banho. Aconselho-me a mim própria. Eu desviei o olhar e vi a Nádia vir na nossa direção.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora