Tatiana:
O jardim que o Joel me trouxe era lindo. Estávamos no alto e conseguíamos ver bem o céu e a lua que estava brilhante. Sentamo-nos na relva.
" É aqui que moras?" Perguntei.
" Hoje sim, amanhã já não sei. A minha casa é o mundo." Ele respondeu.
" Então, era aqui que a tua mulher gostava de vir. Realmente é lindo." Eu confirmei.
" Quando morávamos aqui. Ela gostava muito de vir para aqui." Ele confessou.
" É engraçado. Eu sempre vivi aqui e não me lembro de te ver." Eu confessei.
" A minha vida sempre foi o mundo. Eu e a camila sempre viajamos muito. Nunca paramos muito tempo no mesmo sítio." Ele disse.
" Um assassino viajante. Mais uma coisa a apontar." Eu disse e olhei para as estrelas. Ele riu. Até estava a ser agradável a nossa conversa.
" Eu disse que havia muitas coisas que não sabias sobre mim. Bem, agora é a tua vez. Já contei um pouco da minha vida, agora é tua vez." Ele disse.
" O que é que queres que conte? Não só uma viajante como tu. Na verdade quase nunca sai de Sintra. Tenho uma filha com cinco anos. E a minha vida é entre o Lince e a Aurora." Eu contei.
" E o pai dela?" Ele perguntou.
" Faleceu, antes mesmo de eu saber que eu estava gravida." Eu contei.
" Deve ter sido difícil para ti criar uma criança sozinha." Ele disse.
" Não posso dizer que não foi. Tive que deixar os estudos, comecei a trabalhar cedo, mas os meus pais ajudaram-me muito." Eu contei.
" E a família do teu namorado?" Ele perguntou.
" O Cláudio não tinha mãe. Ela também faleceu. Alias a Aurora tem o nome da avó. Na altura eu contei ao Jorge, o pai dele. Mas ele nunca quis saber da neta." Eu contei.
" Espera! Tu estás a falar do Jorge Kokio?" Ele perguntou admirado.
" Sim." Eu confirmei.
" O teu namorado era o Cláudio Kokio? A tua filha é uma Kokio?" Ele levantou-se.
" Sim, Joel. Tu conhece-os?" Eu perguntei levantando-me também.
" Nem sabes como? Diz-me? Sabes sobre a família?" Ele perguntou agitado.
" Sei o quê? Eu não tenho mais contacto com a família dele." Eu disse.
" Há quanto tempo o Jorge não vem a cidade?" Ele perguntou aumentando o tom.
" Não sei. Ele nunca procurou a Aurora." Eu disse. Ele veio na minha direção e colocou-me a mão do pescoço e apertou-me.
" Diz-me a verdade! Há quanto tempo ele não vem há cidade?" Ele perguntou novamente.
" Não sei. Larga-me!" Eu senti os dedos dele apertarem bastante. Estava a ficar sem ar. Ele olhava-me nos olhos. O Joel largou-me e virou-me as costas. Ele despenteou o cabelo pareci pensativo.
" O que é que foi isto? Tu conheces a família do Cláudio?" Eu perguntei confusa.
" Vai-te embora!" Ele ordena-me espaçando as palavras. Ele continuava de costas para mim.
" Não! Agora, vais-me explicar." Eu disse decidida.
" Vai-te embora!" Ele gritou.
" Não vou!" Eu confortei-o. Ele olhou para mim.
" Eu estou a ordenar-te! Sai!" Ele ordenou.
" Eu já disse que não vou a lugar nenhum. De onde conheces o Jorge Kokio?" Eu insisti. Ele aproximou-se de mim. Olhou-me com olhar intimidante. Eu olhei-o fixamente.
" Tu não tens medo de morrer? Eu podia matar-te aqui e agora. Enterrar o teu corpo neste jardim e nunca mais ninguém te encontraria." Ele ameaçou-me.
" Mas não vais fazer." Eu disse encarando os seus olhos.
" Como tens tanta certeza? Não és tu que dizes que eu matei aquele homem que te assaltou." Ele duvidou.
" Eu vejo nos teus olhos." A sua expressão modificou. Ele parecia admirado. Ele ficou em silêncio por algum tempo.
" Eu matei aquele homem e matei todas as pessoas que apareceram mortas violentamente em Sintra." Ele disse friamente. Eu processei um pouco. Estaria ele a mentir? "Eu matei, porquê gosto de matar."
" És monstro!" Eu recuei um passo para trás. Ele pegou-me no braço com força e puxou-me para si. Senti medo.
" Sou. Eu sou monstro e agora devia matar-te. Porque é coisa certa a fazer." Ele disse num tom forte e ameaçador.
" Larga-me! Deixa-me! Eu tenho uma filha." Eu supliquei.
" Não tentes fazer-me sentir qualquer tipo de sentimento, porque eu não vou sentir." Ele apertou-me com força o braço, estava quase a ponto do partir.
" O que é que vais fazer comigo?" Eu perguntei. Ele soltou uma gargalhada.
" Finalmente! Consigo despertar algum medo em ti." Ele empurrou-me com força para o chão. Eu caio no chão e raspei o braço.
" Tens cinco minutos para desapareceres da minha frente. Um." Ele começou a contar. Eu levantei-me. " Dois." Ele contou. Eu o olhei. Ele olhava-me com um olhar sem sentimento." Três" Decidi ir. Aquele olhar assustava. Parecia que era capaz de fazer tudo." Quatro." Eu comecei a caminhar apressadamente. Quem me mandou vir para aqui, no meio da noite, com um estranho? Nunca devia ter vindo. Eu até estava a gostar de falar com o Joel, ele parecia uma boa pessoa. Mas estava enganada, ele é um monstro. Eu devia ir a polícia e denuncia-lo.
Caminhei até casa, pensando em tudo.
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Um Monstro em ti
VampireJoel Obsidiana é um vampiro assassino que há alguns anos atras viu o seu grande amor ser assassinado a sua frente. A dor e o sofrimento fizeram com que ele soltasse um monstro. Ele mata e sente satisfação nisso. Tatiana Silva perdeu o seu grande a...