Nem sempre é fácil (26)

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Aconselho a lerem o capitulo ouvindo esta musica. Espero que gostem. E deixem o seu voto.

Tatiana: 

Eu não quis ir para casa, embora a Carla tenha insistido muito. Eu não quis. A minha mãe passou pelo Lince e levou a Aurora. Eu não queria voltar para casa e não encontrar o pai.

Eu acho que ninguém está preparado para morte de alguém, mesmo que sabia que essa pessoa está mal. Eu não lido bem com a morte. Eu acho que a morte do Cláudio me traumatizou, porque desde ai, eu não consigo perder ninguém próximo.

Eu preciso tanto do pai. Eu sei que já sou crescidinha, mas eu preciso dele. Ele sempre me apoiou tanto.

Lembro-me como se fosse hoje, o dia que ele soube que eu estava gravida. Eu fui para ao hospital, porque não me alimentava direito desde a morte do Cláudio. A médica contou a frente dele e da minha mãe que eu estava gravida. Eu fiquei tão contente. Eu estava a desistir da vida e aquilo ia fazer voltar á vida. Mas quando olhei para o meu pai. Ele olhava-me com o olhar perdido. Eu tive tanto medo que o tivesse dececionado comigo. Ele foi embora e não me disse nada.

No outro dia, a minha mãe foi-me buscar ao hospital e levou-me para casa. Eu passei pela sala e o meu pai estava sentado no sofá. Eu senti que devia ir falar com ele, mas tinha tanto medo.

Eu sempre fui boa aluna, tinha uma bolsa de estudos num colégio e tudo. Nunca fui de arranjar problemas. E estava gravida e o pai da minha filha tinha falecido.

Eu entrei na sala e sentei-me ao seu lado. Olhei-o por alguns segundos.

" Pai! Eu sei que estás dececionado comigo. Mas eu... Eu não sei que dizer. Só quero que me perdoes." Eu disse com as lágrimas a escorrer pela minha cara. Ele olhou para mim.

" Eu não tenho que perdoar nada e muito menos estou dececionado contigo. Apenas fui apanhado de surpresa. Eu acho que todos os pais pensam que as filhas não crescem. E eu fujo a exceção. Eu não tinha percebido que a minha menina, já estava tornara-se uma mulher." Ele disse e só consiga chorar. O meu pai abraçou-me.

" Não fiques assim. O pai está aqui e vai apoiar-te sempre em tudo. Não estás sozinha." Ele disse.

" Pai! Eu ainda sou tua menina." Disse entre soluços.

" Claro! Tu sempre serás a minha menina." Ele disse.

" Duas cervejas!" Ouço uma voz que me tira das minhas recordações.

Vou buscar o pedido. O Lince está muito cheio. Eu preferi assim. Andava de um lado para o outro e não tinha tempo para recordar múltiplos episódios da minha vida em que o meu pai esteve presente.

Colocava garrafas de cerveja no frio, antes que acabasse as cervejas frescas. Ouço a porta do Lince abrir. Olho, é o Joel. Era só o que me faltava para o meu dia ficar pior. Ele sentou-se e eu fui buscar o habitual whiskey natural que ele sempre bebia. Eu não estava com cabeça para lidar com ele. Fui até a mesa e posei nela.

" Quem disse que eu quero Whiskey hoje?" Ele perguntou.

" Sempre queres." Eu respondi.

" Mas hoje não quero. Quero uma cerveja." Ele disse. Eu peguei o whiskey e fui até ao balcão. Deixei o whiskey em cima do balcão e peguei a cerveja. Voltei a mesa e posei a garrafa sobre a mesa. E virei costa, antes que eu dê-se o segundo passo.

" E o whiskey?" Ele perguntou.

" Mas tu disseste que não querias o whiskey." Eu disse.

" Mas mudei de ideia, quero os dois." Ele disse. Ele estava a fazer de propósito, mas eu não o contrariarei. Ele estava-me a tirar do sério. Eu não queria discutir. Eu peguei o whiskey em cima do balcão e voltei.

" Aqui está." Eu disse posando o copo na mesa.

" Podes levar, demoraste muito tempo." Ele respondeu. Ele estava a tirar-me do sério.

" Estás a gozar comigo?" Eu perguntei já sem paciência.

" Não. Porquê dizes isso?" Ele perguntou e eu olhei sério para ele. Peguei o copo e dirigi-me para o balcão.

" Espera. Afinal, quero o whiskey." Ele disse. E fui a gota de água. Ele estava a gozar comigo. Num impulso, eu virei-me para ele e mandei o líquido contra o rosto dele.

" Bebe todo." Eu disse-lhe.

" Mas estás louca?" Ele perguntou surpreendido e irritado.

Eu posei o copo em cima da mesa e saio do Lince. Eu não podia ter feito aquilo. Ele é um cliente, eu não devia ter feito isso. As lágrimas escorrem pela cara. Eu sinto tanta raiva dele. Sou me apetece mata-lo. Que raiva!

" Tatiana!" Ouço a voz dele, um pouco depois. Eu viro-me para o Joel. Ele já limpou a cara.

" Deixa-me em paz. O que é que queres de mim? Queres que perca o meu emprego e que eu e a minha filha morremos há fome? Eu não estou bem, eu não estou bem. Deixa-me em paz." Eu gritei para ele entre soluços.

Eu respirei fundo e olhei para o chão. Eu não consiga parar de soluçar e as lágrimas não paravam de cair da minha cara. Então, ele fez aquilo que eu nunca esperei que ele fizesse. Ele caminhou para mim e abraçou-me. Eu fiquei sem reação. Eu ainda tentei resistir, mas era tudo o que precisava. Eu estava demasiado frágil para resistir. Cai em seus braços. Ele abraçou-me forte. E eu chorei, chorei por muito tempo. As suas mãos massajavam as minhas costas. Sentia o cheiro do seu perfume. Fui acalmando-me pouco a pouco, mantenho os olhos fechados. 

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora