Ida ao jardim zoológico (104)

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Tatiana:104

Eu e o Joel entramos em casa. Vínhamos do Lince.

" Queria ter falado com a Nádia? Mas ela foi tão cedo embora com o Edu." Eu disse ao Joel.

" Falas amanhã." O Joel abraçou por trás e deu-me um beijo no pescoço. De seguida, virou-me para ele e encostou os nossos corpos um ao outro. " Em fim sós." Ele declarou e encostou os seus lábios aos meus, num beijo que eu não deixei prolongar.

" Joel, eu devia ir ver a Aurora." Eu disse de olhos fechados.

" A miúda está a dormir. Vamos para o meu quarto." O Joel propôs. Eu senti os beijos dele no meu pescoço que faziam com que eu não conseguisse recusar a proposta dele.

Ele tinha as mãos na minha cintura e fazia uma ligeira pressão, para os nossos corpos estarem unidos. As nossas respirações estavam agitadas. Nossos lábios entrelaçados como se pudessem arrancar um pedaço um do outro. Eu tinha as minhas mãos no seu cabelo preto e puxava-o ligeiramente. O cheiro dele envolvia o ar que eu respirava e era delicioso.

" Mãe! Mãe! Já chegastes?" Ouço a voz da Aurora e empurro rapidamente o Joel.

" A Aurora está a chamar." Eu disse já a subir as escadas. Entro no quarto onde está minha filha, posei a mala em cima da comoda e aproximei-me dela. Ela encontra-se sentada na cama.

" Filha! Ainda estás acordada?" Eu perguntei admirada.

" Não consigo dormir. Podes dormir comigo? Eu tenho medo." Eu sentei-me na cama e dei-lhe beijo na cabeça.

" Medo do quê?" Eu perguntei. A Aurora sempre foi uma criança tão corajosa, nunca tem medo de nada. Ela ficou pensativa.

" De nada, mãe. Apenas dorme comigo." Ela pede de forma tão querida.

"Ok! A mãe dorme contigo." Eu abracei a minha filha. Aconcheguei nos meus braços e vi o Joel na porta do quarto. Nós trocamos olhares e ele percebeu que não podíamos dormir juntos hoje. O Homem de olhos azuis foi embora, não parecia muito satisfeito.

A Aurora adormeceu num instante e eu fiquei a observar a minha filha a dormir. Ela parecia um anjinho. Tirei um pequeno caracolinho castanho claro do seu rosto. Ela é tao parecida com o Cláudio.

Ouço algo cair. Sento-me devagar na cama e olho o quarto. A minha mala está caída no chão. Eu levanto-me surpreendida e apanho a mala. Algumas coisas caíram do seu interior. Eu volto a arrumar, a minha carteira está aberta virada para cima. Os meus olhos encontram os olhos do Cláudio, de uma fotografia que eu guardo na carteira. Pego esta e observo a fotografia. Era a única recordação que eu tinha dele, tudo o resto queimou no incendio. É uma foto onde estou eu e o Cláudio, encontrei há alguns dias no meu cacifo do trabalho. Os nossos sorrisos são grandes, assim como a nossa felicidade.

Posei a mala na comoda, fui até a cama e sentei com a carteira na mão. Fiz uma festa no rosto do Cláudio. O que é que ele pensará sobre o Joel e eu? Eu sei que o Cláudio quer a minha felicidade. Eu nunca conheci ninguém tao bom e generoso como o Cláudio. Deitei-me na cama continuando a olhar a fotografia dele. Sinto saudades dele. Acabei por cair no sono sem dar contar.

Acordei assustada com um pesadelo. Eu não consigo lembrar o sonho, só sei que o Cláudio estava nesse sonho. A minha filha ainda dormia. Eu encontrava-me sentada na cama e fazia um esforço para lembrar o sonho. Vi as horas, eram sete e meia da manhã. O Joel ainda devia estar a dormir. Dei um beijo leve no rosto da Aurora e saí do quarto. Fui até ao quarto do Joel, abri a porta devagar. Pensei em deitar ao lado dele e abraçar-me a ele. Talvez até o acordasse com beijinhos ou apenas ficasse a sentir o cheiro dele.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora