O rapto (41)

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Tatiana:

Eu senti os seus lábios separarem-se dos meus. Quando abri os olhos, o Joel já não estava lá. Procurei-o, mas não o encontrei em nenhum local do jardim. Que estranho! Coloco a mão na minha boca. Este beijo não devia ter acontecido. Eu devo estar a ficar maluca. Ainda bem que ele foi embora e eu nunca mais o vou ver.

O resto do dia passou rápido. Estive com a Aurora, mas não consegui tirar aquele beijo da cabeça. Fui deitar a minha filha na cama. Tapei-a com o cobertor e dei-lhe um beijo na testa.

" Queres que a Mãe te leia uma história?" Eu perguntei-lhe.

" Sim." Eu fui buscar o livro. " Mãe!" Ela chama-me.

" Diz, filha."

" Tu gostas do vampiro?" Ela perguntou.

" Que parvoíce é essa, Aurora. Os vampiros não existem." Eu respondi com alguma vontade rir. A Aurora às vezes diz com cada disparate.

" Existem sim, mãe. Ele estava no Lince." Ela insistiu.

" Aurora! Que implicância com o Joel! Tudo bem que ele não é a melhor pessoa do mundo, mas também não é um vampiro." Eu disse, sentando-me na cama.

" Tu gostas dele?" Ela insistiu mais uma vez.

" Mas a onde é que vais buscar essas coisas? O Joel é só um amigo e nem é muito próximo da mãe." Eu esclareci.

" Mas é um vampiro." A Aurora ateimou.

" Ó minha vampirina! Toca a calar para ouvir a história." A Aurora risse e eu comecei a ler a história.

...

No dia seguinte, telefonaram-me da escola da Aurora. A escola ia fechar, pois faltou a água. A minha mãe estava a trabalhar e eu tive de levar a minha filha para o Lince. Ela estava sossegada. Eu ponha bebidas no frio e observa-a comer a sopa. Estávamos na hora do almoço.

" Aurora! Come!" Eu disse. A Aurora não gosta muito de sopa.

" Estou a comer, mãe." Ela disse.

" Estás ai, a mais de uma hora e ainda tens o prato cheio." Eu chamei à atenção.

" Ó, Mãe! Mas eu não gosto de sopa." Ela disse com uma cara aborrecida.

" Mas faz bem, Aurora." Tentei convence-la.

" Eu não tenho fome, mãe." A Aurora disse mexendo a sopa coma colher.

" Aurora, se tu comeres essa sopa toda a Carla dá-te uma fatia de bolo de chocolate." A Carla disse.

" Bolo chocolate. Eu adoro bolo de chocolate." Disse a Aurora pondo uma colher a boca.

" Gulosa!" Eu disse sorrindo.

Eu olhei para a porta e dois sujeitos encapuçados e com uma arma na mão entram dentro do café. Eu corro para a Aurora e agarro-a. Um deles aponta-me uma arma e tentam tirar-me a Aurora. Eu não deixo. Eles puxam-na, mas eu agarro-a bem. O outro homem aponta a arma a Carla que permanece quieta atras do balcão.

O homem grita para eu largar a minha filha, mas eu não a largo. Ele dispara contra mim e acerta-me no braço. Eu perco a força no braço e largo a Aurora. No instante, eles pegam na Aurora e levam-na. Eu corro atrás deles e grito por ajuda. Os homens entram numa carrinha estacionada perto do Lince e rapidamente o veículo começa a andar. Eu corro atrás da carrinha, mas, é claro, não a consigo acompanhar. Deixo-me cair de joelhos no meio da estrada. As lágrimas escorrem-me pelo rosto. Eu não acredito no que está a acontecer. Eles não podiam ter levado a minha filha. A Carla tenta levanta-me. Ela insiste que eu tenho que ir ao hospital, porque estou a deitar muito sangue do braço, mas a dor de ter levado a minha filha é muito maior do que a dor do tiro que levei no braço. A Carla fechou o café e levou-me para o hospital. Os médicos tiveram de operar-me para retirar a bala.

Assim que estava um pouco mais recomposta, assinei um termo de responsabilidade e sai do hospital. Ninguém me ia prender ali. Eu tenho que encontrar a minha filha. Eu não vou aguentar perdê-la. Eu prefiro morrer a passar por isto.

A Nádia e Edu estavam a entrar no hospital quando eu e Carla íamos a sair. Eles insistiram para eu ficar, mas não me convenceram. A Nádia e o Edu ofereceram-se para me levar a casa. A Carla também estava muito abalada com o susto e foi para sua casa. Eu avisei a polícia, ainda no hospital prestei depoimento, dei a matrícula da carrinha. Eles ainda não me disseram nada. Eu estava com muito medo. Porquê, meu deus? Porquê raptaram a minha filha? Eu não tenho dinheiro, não tenho nada. Apenas tenho a minha filha.

O que é que eu vou fazer sem ela? 

...

Obrigado por lerem. Espero que votem e comentem.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora