O amor não morreu (18)

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Tatiana:

O Edu trouxe-me para casa. Ele e Nádia estavam muito preocupados comigo. Não me encontravam e uma carrinha explodiu perto da discoteca. Felizmente ninguém saiu ferido. A carrinha está em muito mau estado, a polícia ainda tem de averiguar se havia alguém dentro da viatura.

A Aurora já estava a dormir quando cheguei a casa. Eu fui ao quarto dela e dei-lhe um beijo leve sobre o rosto. Depois de vestir o pijama fui deitar-me. Não tinha sono. Os meus pensamentos estavam parados no homem de olhos azuis. Porque será que ele tem tanto interesse na minha pulseira? É uma simples pulseira que não tem valor monetário.

Agora já sabia o nome do homem de olhos azuis. Joel Obsidiana. Obsidiana é um nome pouco comum, mas até gosto. Eu acho que há uma pedra negra que tem esse nome.

Quando estou perto dele sinto-me estranha. Parece que não consigo controlar o que digo. Aqueles olhos tiram do sério. Se fossem só os olhos! Ele é lindo, eu não podia negar. Eu não podia estar atraída por um homem daqueles. Tantos homens bonitos que dão em cima de mim no Lince. E eu tinha de ficar logo atraída por ele. Tanto eu quis conhecer um rapaz que me voltasse a despertar interesse. Ele não desperta interesse, pelo menos eu penso que não. O homem de olhos azuis é estúpido, bruto, e irritante. Não tem nada haver comigo. Fecho os olhos e entro num sono profundo.

Entro num jardim cheio de flor. Uma borboleta branca voa a minha volta. Eu estou com um vestido azul claro vestido. A borboleta parece quer indicar-me um caminho, eu sigo-a. Até que ela desaparece. Olho para frente, um rapaz vestido de branco e cabelo castanho claro está de costas para mim.

" Cláudio!" Eu chamo-o. Ele vira-se para mim. Eu corro na direção dele e o Cláudio corre na minha. Quando nos encontramos, abraçamo-nos. Ele segura-me pela cintura e eleva-me no ar, roda comigo, até que se desequilibra e caímos os dois sobre a relva macia. Eu ri-o e ele também. Nós encontramo-nos deitados de lado, olhamos um para o outro. Paramos de rir. Ele olha-me com o seu olhar escuro. Passa a sua mão sobre o meu rosto. Eu preciso tanto sentir os seus lábios dos meus. Os nossos rostos aproximaram-se um do outro e beijamos por algum tempo. Quando o beijo acabou, olhamos um para o outro.

" Tatiana! Tens que ter mais cuidado." Ele aconselha-me, enquanto faz carinhos na minha cara.

" Eu sei. Eu fui assaltada e parece que o rapaz da discoteca também me queria faz mal." Eu contei-lhe.

" Não. O perigo não está ai." Ele disse-me.

" Então, está onde?" Perguntei confusa.

" Não contes a ninguém quem te deu esta pulseira." Ele disse segurando o meu braço. Eu sento-me e ele copia os meus movimentos.

" Porquê? O que é que tem esta pulseira? "Pergunto.

" Ela protege-te. Tatiana! Ninguém pode saber que a Aurora é uma Kokio." Ele disse, segurando as minhas mãos. Eu encaro-o.

O despertador toca e eu acordo do sonho. Que sonho tao bom. Eu adoro sonhar com o Cláudio, parece sempre tão real. Foi estranho o que o Cláudio me disse no sonho. As lágrimas escorrem a minha cara. Eu gosto de sonhar com ele, mas fico sempre nostálgica.

Porque aquele estúpido acidente de carro teve que acontecer? Ele podia estar aqui comigo. Nós formaríamos uma família tao bonita. Eu tenho tantas saudades dele, um simples sonho não dá para matar as saudades que sinto. Eu continuo a ama-lo tanto e a sentir tanto a sua falta.

O dia correu normalmente. Levei a Aurora há escola e fui trabalhar. Hoje saí mais cedo. Duas vezes por semana eu saia às dezoito horas. Fui para casa, contei uma história para a Aurora e fiquei com ela até ela adormecer.

Não tinha sono. Passei o dia todo mergulhada nas recordações do Cláudio. Fui para o quintal. A minha casa era uma vivenda e tinha um pequeno quintal da parte da frente. A minha mãe gostava muito de flores e então plantou muitas no quintal. Os muros eram baixos. Eu sentei-me no muro com os pés para a rua. Olhei o céu que estava estrelado. Desde que o Cláudio faleceu, eu gostava de ir para ali e ver as estrelas. É algo que me acalma.

Recentemente com a notícia que o meu pai tem um cancro terminal. Eu tenho vindo muito para aqui. Eu não mostro que tenho medo que ele morra. Quero dar força ao meu pai. Ele está confiante e tenta fazer a vida o mais normal possível. Embora tenha deixado de trabalhar.

Vi uma estrela cadente. Lembrei-me de um desejo que pedi a uma estrela cadente, numa noite que eu estava com Cláudio. Eu pedi para ficar com o Cláudio para sempre e a estrela não realizou o meu pedido.

" Estás a olhar as estrelas?" Assustei-me com a sua voz roca e forte. 

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora