Vantagens de ser um vampiro (60)

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Tatiana:

Eu encontrava-me de pé, um pouco afastada do carro, encarava os seus olhos azuis.

" Só podes estar a brincar. Tu disseste que me levavas a casa." Eu relembrei-o.

" E levo, mas antes tens que ouvir." Ele chantageou-me.

" E o que é que queres que eu ouça? Que és um monstro!? Que desde que foste para a minha cidade que há pessoas inocentes que morrem!?" Eu levantei o tom de voz.

" Não são só as inocentes." Ele disse.

" Pois não. O homem que me atacou também morreu, mas eu não acredito que todas as pessoas que matastes fossem como ele." Eu disse, sem medo.

" Eu sou um monstro, tens razão. Eu sou porque gosto. E não me apontes o dedo, porquê todas as pessoas têm dentro de si um monstro. Só não permitem que ele se manifeste, porquê lhes foi incutido que não se deve fazer mal, mas a natureza de qualquer ser vivo é matar." O Joel disse.

Eu soltei uma gargalhada sarcástica.

" Estás dizer que todas as pessoas são iguais a ti. Pois, eu não sou igual a ti. Eu era incapaz de matar alguém e não há natureza nenhuma que me diga para matar outra pessoa. Tu estás muito enganado nesse teu lema de vida" Eu tentei mostra-lhe a realidade.

" Tu não sabes do que estás a falas. Toda a gente é capaz de matar. Basta a reação certa, a circunstância idealizada, local propicio e qualquer pessoa mata. Nasce connosco." Ele explicou.

" Eu não acredito no que tu me estás a dizer. Como é que uma pessoa pode pensar assim? São pessoas, tem sentimentos." Eu fiz o ver.

" Eu sou realista." Eu encarei o olhar frio dele. Ela falava como se o que ele acabou de dizer fosse a coisa mais normal do mundo. Eu estou confusa. Eu nem sabia bem que criatura estava a minha frente.

"Diz-me uma coisa que eu ainda não tenho a certeza. O que é que tu és?" Eu perguntei.

" Eu!? Eu sou um vampiro. Com muito gosto." Eu disse com orgulho.

" Como? Como eu pode-me aproximar tanto de uma pessoa como tu?" Eu virei as costas, tinha mão na cabeça. É demasiada informação para a minha cabeça

" Eu podia mentir-te e dizer que eu também tenho coisas boas, mas sou sincero. Eu disse-te, eu avisei-te várias vezes que eu não era boa pessoa... Eu não tenho nada de bom. E gosto de ser assim... Se quiseres que te explique mais sobre os vampiros, eu explicou. Se não quiseres falar mais comigo, eu compreendo. Só te peço, não contes a ninguém o meu segredo.." Ele pareceu sincero. Eu olhei para ele.

" Achas que alguém vai acreditar se eu contar que tu és um vampiro?" Eu perguntei-lhe. Nem eu própria ainda acredito. 

Os vampiros existem em filmes, não na vida real e eu tinha isso na minha vida como uma verdade absoluta e agora eu estou diante de um vampiro de olhos azuis. A minha filha sempre me avisou. Como eu ia acreditar numa criança? Todas as crianças têm a mania de acreditar em monstros, vampiros e outras criaturas irreais. Eu pensei que ela tivesse visto na televisão um filme com vampiros e ficasse com medo.

" O Jorge Kokio, o avô da tua filha, ele vai acreditar." Ele disse-me.

" Eu não tenho mais contacto com ele. Mas porquê ele acreditaria? Tu falas sempre na família do Cláudio como se a conheceste. O que é que tu sabes sobre a família do Cláudio?" Eu perguntei.

" Não vale a pena mais esconder. Os Kokio são uma família de caçadores de vampiros muito reconhecida." Ele pegou o meu braço. " Esta pulseira que o Kokio te deu, protege-te da hipnose dos vampiros." Ele explicou.

" Hipnose, como assim?" Eu perguntei. Era muita coisa para minha cabeça.

" Os vampiros conseguem hipnotizar os humanos para eles fazer o que eles quiserem. Essa pulseira é feita da flor Kokio e inibe a hipnose dos vampiros." Ele explicou.

" Mas espera! Como assim? A família do Cláudio caça vampiros? O Cláudio nunca me contou nada." Eu racionei, não fazia sentido.

" Talvez ele não confiasse em ti o suficiente para te contar ou então queria proteger. Mas é verdade." Ele disse e eu soltei um suspiro olhando o céu azul.

" Isto é muita loucura para um dia só. Mas espera! Mais uma coisa! Se tu és um vampiro, como é andas ao sol e não te acontece nada?" Perguntei, vendo o Joel confortavelmente ao sol.

" São mitos. Os vampiros podem andar ao sol. Foram lendas que os próprios vampiros alimentaram para poder andar tranquilamente por todo o lado. Tatiana, os vampiros são pessoas normais. A única coisa que muda é o que tem de se alimentar de sangue humano para ter uma juventude interna. Mas fazem xixi, comem, dormimos e fazem outras coisas prazerosas. Se é que me intendes?" Ele explicou.

" Poupa-me, Joel!" Eu travei-o.

" Claro que a mais benesses em ser vampiro. Não adoecemos, não envelhecemos, somos mais fortes, mais rápidos, temos os cinco sentidos mais apurados que os humanos. Além de podemos manipular os humanos a fazer tudo o que queremos. Já estás convencida em ser uma vampira?" Ele perguntou sarcasticamente.

" Não, nunca. Eu nunca mataria ninguém e os vampiros fazem isso." Eu esclareci.

" Faz parte do pacote." Ele respondeu naturalmente.

" Eu não vou contar sobre ti ao Kokio. Nem mesmo se ele me procurar, mas tu tens que prometer que vais desaparecer da minha vida assim que eu chegar a casa." Eu propus.

" Tudo bem. Eu acho justo." Ele disse sério.

Eu não queria ser amiga de um vampiro. Ele é um monstro. Eu não consigo conviver com uma pessoa que mata outras pessoas. Como é que ele é capaz?

Quando chegamos a casa, o Edu, a Nádia e a minha mãe estavam a porta de casa. Eu não lhes tinha dito que tinha ido a Córdova, mas já os tinha avisado que tinha encontrado a Aurora. O Joel parou o jipe à porta de minha casa. Eu e a minha filha saímos e ele preparou-se para partir. Seria a ultima vez que eu estaria com ele. A minha mãe e os meus amigos abraçavam a Aurora e eu vi o carro partir. Era a última vez que veria aquele carro. 

...

Peço desculpas pelos erros ortográficos deste e dos outros capítulos.

Espero que estejam a gostar. Obrigado por votarem e comentarem e continuem a fazê-lo. É muito importante para mim saber se estão a gostar do que eu estou a escrever. obrigado.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora