(87) Uma bomba

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Tatiana:87

Os dias foram passado e nem sinais do Joel. Chegou o dia do julgamento da custódia da Aurora. Eu saio de casa com a Aurora. O Edu vem-nos buscar. Nós estávamos perto do portão da minha casa.

" Mãe, porque é que o sol brilha tanto?" A minha filha disse olhando para o sol. Eu seguro a sua mão segura.

" Porque é uma estrela grande." Respondo, esta miúda tem com cada pergunta. Ela fica um pouco em silêncio e eu observo-a. A Aurora está pensativa e olha o céu.

" Mãe, e onde é que vão as estrelas pequeninas quando está de dia?" Eu começo a rir. Eu não sei onde é que esta miúda vai buscar tantas perguntas. " Estás a rir porquê? Não tem graça, mãe. Eu quero saber. Eu acho que as estrelas são como os vampiros nas histórias, dormem de dia. De noite estão no céu e de dia vão para a caminha dormir." Ela explica.

" Eu acho que tens razão, filha." Disse, rindo mais. " Tens que explicar isso ao teu padrinho." Eu sugeri-lhe.

Sinto-me ser observada. Nos últimos dias tenho sentido muito isso. Eu olho em redor, mas não vejo ninguém. Que estranho. O carro do Edu chega e nós entramos.

Chegamos ao tribunal. A audiência foi demorada. Quando chego a minha vez de falar, eu argumentei que o Jorge nunca quis saber da neta, nunca se preocupou em saber se ela precisava de alguma coisa. Ele argumentou que eu não tomava bem conta da minha filha e alegou o rapto. Eu levei um tiro, fiz tudo para evitar que levassem a Aurora. Deus sabe, o quanto eu sofri com isso. O juiz propôs que houvesse mais uma audiência para deliberar melhor a situação. Na próxima audiência, mais pessoas podem depor.

Eu tenho muito medo. Eu posso ter tudo de meu lado, mas mesmo assim, eu sei que o dinheiro pode fazer muita coisa mudar. Encontrei o Edu e a Aurora numa sala de espera.

" Então, como correu?" Perguntou o Edu. Antes que eu possa responder. O Jorge aproximou-se de nós.

"Ola, Aurora! Sabes quem eu sou?" Disse o Jorge.

" Sei. És o meu avô." A Aurora respondeu e o Jorge sorriu para ela. Eu não impedi nada. Ele é avô da minha filha e tem todo o direito em falar com a neta.

" Sabes, és muito bonita. Fazes-me lembrar muito o teu pai." Ele disse para a minha filha.

" O meu pai não quer que eu vá viver consigo. Ele prefere que eu fique com a minha mãe." A Aurora disse.

" Tu és muito pequenina para perceberes, Aurora. Tu ficar melhor com o avô. O avô pode proporcionar uma vida muito melhor." O Jorge tentou convence-la.

" Eu não quero saber. Eu não gosto de si." A minha filha respondeu.

" Aurora!" Eu repreendi-a.

" O avô nunca me vai dar o carinho que a minha mãe me dá, nunca vai contar histórias, nem brincar comigo." A Aurora disse para o homem alto a minha frente.

" Como é que sabes isso? Eu posso fazer isso." Afirmou o Jorge.

" Não, não pode. Você nunca fez isso com o meu pai. O seu trabalho sempre foi muito importante." A Aurora disse parecendo saber do que estava a falar.

" Mas o meu trabalho é importante." O Homem de alguma idade argumentou.

" Então, escolha entre mim e o seu trabalho? Não me vai escolher a mim. Portanto, vá embora e deixe-me ficar com a minha mãe." A minha filha gritou para o Jorge. A Aurora virou-lhe as costas, sentou-se numa cadeira e começou a brincar com uma boneca. O Jorge ficou pensativo e acabou por ir embora sem dizer uma palavra. Eu ainda estou parva com o que a Aurora disse ao Jorge. A minha filha é incrível. Às vezes até custa-me acreditar que ela só tem cinco anos.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora