Duvidas e mais duvidas (128)

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Tatiana:

Sai de casa cedo, mal consegui dormir esta noite.

Eu só conseguia pensar naquele beijo, e como isso pode arruinar o meu relacionamento com o Joel.

Eu sei que o Joel tem muitos defeitos, mas é ele que apoia quando eu preciso. É a pessoa que esta ao meu lado quando eu mais preciso. Eu não o quero magoar, nem que ele se afaste de mim.

O Joel ficou em casa com a Sam, esta ainda não acordou.

Cheguei ao lince, a Carla chegou ao mesmo tempo que eu. Abrimos as duas o café.

Eu fui ao meu cacifo buscar o meu avental.

Tinha um envelope pendurado no meu armário. Eu peguei nele e fui até a Carla.

" Foste tu que puseste este envelope no meu cacifo?" Perguntei-lhe.

"Não, se tivesse alguma coisa para te dar, entregava-te em mão." Ele respondeu descontraidamente. Tem logica. Voltei ao sítio do cacifo.

Abri o envelope, tinha dois papéis dentro. Um dos papéis era um papel de desenho e outro era um guardanapo.

Eu abri o guardanapo que estava escrito.

" Peço desculpa, pelo que aconteceu na sala de arrumos. Não quero que o nosso relacionamento mude, pelo que aconteceu. Nós somos colegas de trabalho e seria estranho se deixamo-nos de falar. Peço que não dês importância a isso. Como forma de desculpa, deixo-te este presente. Espero que gostes. Bruno Aguiar." Eu li, embora a letra do Bruno fosse péssima de ler, mas eu já estava habituada a letras assim.

O Cláudio tinha uma letra horrível, mas eu conseguia lê-la. A letra até que é parecida.

Foi simpático da parte dele, ter deixado um bilhete. Ele tem razão, nós não podemos deixar o que aconteceu atrapalhar o nosso trabalho. O que aconteceu nem tem assim tanta importância.

Ele fala num presente, será esta folha? Eu abri-a folha. A minha boca abrisse no mesmo momento, eu não queria acreditar no que via, as lagrimas chegaram aos meus olhos.

A minha memória foi ativada, para o dia em que o Cláudio ofereceu-me a pintura do meu rosto numa parede velha.

Eu ouvia as nossas vozes na minha cabeça, eu recordava o calor dos seus abraçar-me por de traz.

Era exatamente a mesma pintura. Em tamanhos reduzidos, mas a mesma pintura, mesma perfeição nos traços, a mesma alma.

Esta pintura só pode ter sido feita pelo...

" Tatiana!" Eu ouvi chamar. Eu respondi a voz sem pensar.

" Cláudio!" Eu virei-me. Por momentos, eu vi o Cláudio na minha frente, essa imagem desapareceu, e quem estava na minha frente era bruno como o mesmo sorriso de sempre.

O sorriso desapareceu, e sua expressão ficou preocupada.

" Estas a sentir-te bem? " Eu senti uma leve tontura e apoie-me ao cacifo.

Ele segurou-me e ajudou-me a sentar-me num banco.

Eu recompus-me. Ele estava abaixado a minha frente.

" O que é que isto significa?" Eu perguntei, mostrando o desenho.

" Nada, é apenas um desenho de ti. Pensei que gostasses." Ele disse sorrido.

" Este desenho é exatamente a copia do desenho que o Cláudio fez numa parede e ofereceu-me no dia que fizemos um mês de namoro. A qualquer coisa muito estranha nisto."

" Coincidência." Ele disse.

" E também foi coincidência, tu sedar a Sam com um sedativo com símbolo kokio? " eu perguntei.

" Onde é que queres chegar?" ele perguntou.

" Diz-me tu onde queres tu chegar, porque eu sou vejo uma explicação para isto." Eu levantei e afastei-me dele.

" Qual é a explicação?" ele levantou-se do chão.

" o Jorge Kokio contratou-te para me enlouqueceres. Ele consigo tirar-me a minha filha e quer enlouquecer-me. Quer que volte a apaixonar pelo Cláudio que não existe. Ele conhece o filho como ninguém, ele sabe como ele se comporta, a maneira como fala, ele sabe que o Cláudio adorava desenhar o meu rosto, ele sabe como o filho me conquistou. E quer usar isso para se vingar de mim." Eu desabafei tudo o que me veio a cabeça.

" Tatiana, isso não tem nexo nenhum." Ele respondeu as minhas acusações.

" Então, dá-me explicação mais plausível." Eu exigi.

" Eu não posso contar-te, Tatiana. Eu juro que era o que mais queria era contar-te a verdade." Ele aproximou-se de e colocou-me a mão no meu rosto. Eu senti o perfume do Cláudio. " Mas eu não posso. Tu tens que descobrir. Mas eu sei que se olhar bem nos meus olhos tu vais descobrir a verdade." Ele endireitou a minha cabeça, obrigando-me a encarar os seus olhos.

A minha mente foi parar a memórias antigas, onde o Cláudio segurava da mesma maneira o meu rosto e dizia que amava. Eu olhei de novo para o Bruno e via o Cláudio.

Eu via os seus olhos, eu via os seus lábios. Eu queria beija-los. O meu rosto aproximou-se involuntariamente dele. As nossas respirações estavam pesadas. O que é que eu estou a fazer?

Eu empurrei o Bruno.

" A partir de agora a nossa relação é estritamente profissional e espero que respeites a minha decisão."

Eu sai apressada da sala.

Vejo a minha filha e a Nádia sentadas numa das mesas.

" O que é que vocês estão aqui a fazer? Não devias estar na escola aurora." Eu perguntei admirada.

" A escola está fechada. Arrebentou um cano de água, a escola estava alagada." A Nádia explicou.

" Eu avisei a madrinha, ela não me quis ouvir." A minha filha queixou-se a mim.

" É verdade, aurora. Mas a madrinha pensava que não querias ir a escola." A Nádia disse-lhe.

" Mas eu gosto de ir a escola. Posso brincar com os outros meninos e aprender coisas novas." A aurora disse.

" Tatiana, eu tenho muita pena, mas eu não posso ficar com Aurora hoje. Tenho aulas."

" Não há problema, ela fica aqui. Eu depois peço ao Joel para a vir buscar."

" Passa-se alguma coisa? Estás estranha." A Nádia reparou.

" Eu depois conto-te com mais calma." Eu disse-lhe.

" Tudo bem, eu também estou com presa. Tenho de ir. É verdade, já falei com Edu. Estou tao contente por ele. Ele e Jean fazem um casal tao bonito."

" É verdade. Ele está feliz. Ainda bem que ele mudou de ideias."

" O importante é nós procurarmos a nossa felicidade. Vou ido, para não chegar atrasada." Ela disse e deu-me um beijo de despedida e outra a aurora foi embora.

A Nádia anda tao estranha, só fala em procurar a felicidade, parece que foge do sofrimento.

A aurora sentou-se á mesa. Tirou algumas folhas da mala e um caixa de lápis e começou a desenhar. Eu ajudei-a.

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora