A história do anjo Haluiah (106)

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Samantha:106

Eu esperei que a Aurora adormece. A Tatiana ficou com a menina. Eu estava com Joel na sala e esperava que a Tatiana desce. Ela mais do que ninguém precisa de saber o que se estava a passar. A humana precisava de ajudar a Aurora. A Tatiana desceu as escadas e eu levantei-me do sofá. Ela olhou para mim e cruzou os braços.

" A Aurora já está a dormir. Será que agora me podes explicar o que está acontecer?" Ela perguntou asperamente.

" Acho que é melhor sentares-te." Eu aconselhei-a. Ela assentiu e sentou-se ao lado do Joel.

" Acho que podes começar." Disse o Joel vendo que eu não começava.

Eu procurava a melhor maneira de contar, uma maneira que a fizesse acreditar em mim.

" Tatiana, certamente, tu já apercebeste que a Aurora não é uma criança normal." Eu comecei.

" Como assim?" A rapariga de cabelos encaracolados perguntou desconfiada.

" Ela deve adivinhar o que vai acontecer. Deve dar conselhos certeiros. Já devias ter ouvido falar sozinha várias vezes." Eu supus.

" Como é que sabes isso?" Ela perguntou admirada.

" Eu nem sempre fui o que sou hoje." Eu disse relembrando o meu passado.

Eu era uma menina, vivia numa província em Espanha. O meu nome de batismo era Nayara. A nossa casa era pequena, os meus pais tinham nove filhos. Lembro-me de passar muita fome, quando chovia a casa ficava alagada. Eu só tinha uma muda de roupa, tinha que a lavar à noite para vestir no outro dia de manhã. Os meus pais trabalhavam no campo. Eu talvez tivesse a idade da Aurora, mas já os ajudava.

Houve um dia, aconteceu uma catástrofe. A plantação de tomate foi devastada pela chova. Eu nunca tinha visto o meu pai chorar, até aquele dia. Ele chorava tanto ao ver tudo destruído. Eu e os meus irmãos estávamos assustados.

Eu olhei os campos destruídos. Eu sempre fui muito curiosa e algo puxa-me para aquelas plantas destruídas. Eu decidi aproximei-me das plantas e toque na planta quase sem folhas. A planta ficou mais verde. Eu retirei a mão e a planta deixou de ficar verde. Eu assustei-me. Eu toquei novamente na planta e as folhas começaram a nascer. Eu retirei-a e fiquei incrédula. Quando olhei em volta toda a plantação de tomateiros estava bonita novamente.

Ouvi a voz do meu pai gritar milagre, junto de outras pessoas que também vivam daquele negócio. Eu era demasiado pequena, não sei se o meu pai sabia que fui eu que fiz aquilo. Mas de seguida, eu fiz mais milagres. O meu irmão mais novo caiu e eu curei o arranham no seu joelho. Eu curei uma vizinha que estava com uma gripe forte.

As pessoas começaram a procurar-me para eu as curar. Nem sempre eu consegui faze-lo, mas quando era esse o caso, eu era sincera. As pessoas pagavam pela consulta. Fazia filas á porta de minha casa, eu era melhor que uma médica. Com o dinheiro que ganhava, eu consegui abrir um consultório na cidade e mudei-me para lá, deixando os meus pais naquela casa pequena e velha.

Havia pessoas de fora que vinham à minha procura. Eu fiquei famosa. Eu fiz muito dinheiro. Podia viver bem, vestir bem, ter uma vida alarga. O tempo foi passado e comecei a tornar-me uma pessoa seca. Nunca mais visitei os meus pais. A única coisa que me importava, era ganhar dinheiro e gasta-lo em coisas supérfluas como panos caros para fazer roupas bonitas. Ainda hoje, eu me preocupo muito com a minha imagem.

Antigamente as pessoas envelheciam mais rápido e começou a preocupar-me. Eu não queria envelhecer, eu não queria ficar velha e cheia de rugas. Eu queria ser bonita e jovem para sempre e continuar a fazer as minhas consultas e ganhar o bom dinheiro. Eu queria ser ainda mais rica e tempo não era muito. Talvez só tivesse essa riqueza toda quando fosse velha e eu não queria ser velha. 

Um Monstro em tiOnde histórias criam vida. Descubra agora