Capítulo 67 :

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Arthur: Amor?

Carla: Oi — responde sem muita vontade.

Arthur: Esse filme é para adolescentes. Não estou entendendo nada. Só sei que a menina tem câncer e está participando de... — Parei de falar quando a Carla deu um gritinho quando apareceu um tal de... De Augustus Waters? Franzi o cenho e fitei-a.

Carla: Ele é um fofo — ela diz eufórica olhando para o tal do Augustus.

Arthur: Hum? Ele é um fofo? — Ela me chama de fofo. E agora está chamando esse garoto do filme de fofo? — Não gostei.

Carla: Você é meu fofo e ele é um fofo — continuo não gostando. — Olha Arthur, eles dois são lindos juntos.

Arthur: Não acredito que estou assistindo esse filme — meu celular toca me tirando a atenção. Olho para a Carla e ela está com cara de mulher apaixonada olhando para a TV.

Pego o celular para desligar. Hoje a Rafaela ligou o dia inteiro e enviou uma mensagem dizendo que precisava falar comigo urgente, assunto do meu interesse. Isso me deixou intrigado. Antes de desligá-lo, vejo que recebi algumas mensagens do Rodolffo.

Leio:

20:08h
Rodolffo: Fala aê!

20:10h
Rodolffo: Mano, estou indo para seu apartamento. TENHO BOAS NOTÍCIAS.

20:14h
Arthur: Não, Carla está aqui.

Não quero que ela saiba de toda essa merda. Isso tudo pode assustá-la. Sem contar que ela vai acabar sabendo o que tive que fazer para executar toda a ação, incluindo a parte: Rafaela Campelo.

20:15h
Rodolffo: Conseguimos a descrição e toda a movimentação dos últimos dois anos das contas em nome da Rafaela. Nosso dinheiro está intacto na Suíça.

20:17h
Arthur: É melhor não conversamos sobre isso por aqui. Falamo-nos amanhã.

20:18h
Rodolffo: Beleza! Amanhã vou correr na praia, vou sair por volta das 07h, passo aí e tomamos café da manhã juntos.

20:18h
Arthur: Encontro você na praia, vou correr também.

20:19h
Rodolffo: Vou hoje para a boate Sensations. Vamos?

20:19h
Arthur: Você acha que vou largar minha namorada cheirosa e gostosa em casa para ir a uma boate cheia de machos e fêmeas com cheiro de nicotina e álcool? NUNCA!

20:20h
Rodolffo: Mano, tu é sortudo demais! Têm essa Deusa Afrodite todos os dias. Hoje almocei no restaurante dela. Olha... A mulher é bonita. Fica tranquilo, ela não me viu e eu não cumprimentei. ;)

20:20h
Arthur: Sim. Muito sortudo! Tenho só pra mim.

20:20h
Rodolffo: O que vocês estão fazendo?

Meu amigo sempre foi bisbilhoteiro e então.

20:21h
Arthur: Assistindo o filme, A culpa é das estrelas.

20:21h
Rodolffo: Hahahahaha... Que peninha! Eu não acredito nisso. Mano, você já está pronto para receber algemas. Agora é só marcar a data do casamento. Tu tá muito, muito, mais muito fodido.

Não vou responder às provocações do Rodolffo, ele gosta de me provocar sem motivos, sempre foi assim. Quando desligo o celular de vez e ponho de volta na mesinha, olho para a Carla e ela está...

Arthur: CHORANDO? — Ela olha para mim com os olhos cheios de lágrimas.

Carla: Essa história é muito bonita, sempre fico assim, emocionada. Os pais dela sofrem tanto, quando é ela que está enfrentando um câncer terminal. É muito triste perder um filho. Foge da linha tênue da natureza. É injusto demais você enterrar um filho.

Ela parece estar envolvida completamente no filme. Fala com uma tristeza na voz e nos olhos, como se soubesse a dimensão da dor de perder um filho. Deitei no sofá e abri as pernas para que ela se acomode melhor entre elas.  Ela continua chorando, com o rosto triste olhando para a TV. Beijo o topo de sua cabeça e falo:

Arthur: Amor, é só um filme. Não precisa chorar desse jeito — passo meus braços em torno de sua cintura e ela pende a cabeça para fitar-me nos olhos. Pensei até que ela fosse falar alguma coisa comigo, mas apenas sorriu e voltou a encostar a cabeça em meu peito e prestar atenção no filme.

Carla: Que lindo! — Ela fala olhando para TV.

Depois que me concentrei no filme, entendi um pouco da história. Quando a personagem "Hazel Grace" diz para o amigo, namorado, sei lá, que as pessoas costumam prometer, o que não conseguirão cumprir, foi mais ou menos isso que entendi. A Carla me olhou com tanta ternura que eu fiquei sem reação. Ali, naquele sofá, assistindo àquele filme água com açúcar e inegavelmente para adolescentes, pude ver o quanto estou apaixonado por essa mulher. Meu coração chegou a vibrar, senti uma vontade intensa de abraçá-la e dizer tudo que sentia por ela.

Nesse momento a frase realmente fez sentido. Eu prometeria, ou melhor, eu lhe daria o mundo se ela quisesse. Sendo assim, estaria prometendo o que jamais conseguiria cumprir, já que o mundo seria impossível de ser doado. Mas eu poderia lhe dar o meu mundo, o meu tempo, a minha vida se ela quisesse.

Carla: Arthur?

Arthur: Oi meu amor.

Carla: Adoro quando você me chama de amor.

Arthur: É?

Carla: É. Sinto-me importante na sua vida.

Arthur: Carla, você é importante na minha vida.

Carla: Posso chamar você de amor também? — perguntou baixinho.

Arthur: Seria muito bom se você me chamasse de amor — sorrio. — Quer dizer, eu ficaria ainda mais louco por você — ela jogou a cabeça para trás, até encostar-se ao meu peito e deu uma gargalhada animada. — Está rindo dos meus sentimentos?

Carla: Não. Amor. Amor. Amor da minha vida — disse baixinho, sem olhar diretamente para mim. Beijei-a com ternura e voltamos a prestar atenção no filme.

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