Capítulo 32 :

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Quando chegamos à cozinha, disse para que ficasse à vontade. Ela sentou na cadeira alta do balcão, esperando eu preparar o café da manhã.

Na verdade, não sei preparar nada, mas, vou manter a calma e postura, pelo menos tentar preparar alguma coisa. Enquanto eu abria a geladeira e tirava o que eu achava que seria necessário para preparar não sei o que, ela puxou assunto.

Carla: Sua cobertura é linda! Sua cozinha é o sonho de qualquer chefe de cozinha, perfeita! — diz com um entusiasmo que me deixou igual a um bobão.

Arthur: Fico feliz por você ter gostado — falo segurando uma jarra de suco de maracujá. Quando virei de costas para ela, vi o quanto eu estava perdido, sem saber preparar alguma coisa comestível.

Geralmente saio para correr no domingo e como na padaria do Padoca. Sinto suas mãos em meu abdômen e sua voz...

Carla: Deixa que eu faço isso. Arruma a mesa com os pratos, copos e talheres.

Arthur: Já disse o quanto você é linda?! — Estou mesmo virando um babaca.

Carla: Sim. Mas, não sem estar querendo transar... — sorriu.

Em pouco tempo ela preparou um banquete, torradas, misto quente e fez uma vitamina deliciosa. Depois que terminamos, ela ficou calada encostada no batente da varanda com um olhar perdido em direção ao mar.

Arthur: O que houve? — perguntei abraçando-a por trás e beijando seus cabelos.

Carla: Nada — sorriu, mas, foi um sorriso que não alcançou seus olhos. — O que vamos fazer aqui dentro o domingo inteiro? — Ela perguntou.

Arthur: O quê? Vem... — A puxei pelas mãos. — Vou apresentar o segundo andar da minha cobertura. — Gostou? — perguntei quando já estávamos no segundo piso.

Carla: Sim... Mas... Juro que não havia observado uma escada na sala. Não imaginava que poderia ter esse espaço aqui em cima — sorriu.

Arthur: Sim, eu não te "dei" oportunidade para observar nada ao seu redor — segurei sua mão e a guiei até a sauna. — Aqui fica a sauna e a hidromassagem. Eu costumo chamá-la de: sala de SPA.  — E, eu vou comer você aqui, ali e lá também. — Sorrio do meu pensamento, acho que o sorriso sobressaiu malicioso, pois ela me olhou e arqueou uma das sobrancelhas.

Carla: Bacana! No condomínio onde moro tem sauna e hidromassagem, mas é quase impossível usá-los, sempre está cheio e dividir espaço com pessoas que nunca vi antes, é estranho. Se eu tivesse uma hidromassagem dessa só minha usaria todos os dias para relaxar — fitei-a sorrateiro, constatando o quanto estava encantada com todo o ambiente. Que mulher linda! — Você usa com frequência ou esporadicamente?

Arthur: Depende, quando estou acompanhado sim. Sozinho, às vezes.

Carla: Hum... Sei.

Esse hum... Sei dela, soou estranho. Será que foi por causa do que eu acabara de afirmar? Seguimos para a sala envidraçada ao lado.

Arthur: Aqui eu montei uma academia pequena, mas, possui todos os aparelhos necessários.

Carla: Nossa... Que legal! Odeio academia cheia, frequento por obrigação. Já pensei em transformar o quarto de hóspedes do meu apartamento em uma mini academia também.

Arthur: Apesar de frequentar uma academia, gosto mesmo é de vir aqui à noite e socar esse saco aqui — dou um soco no saco pendurado ao lado dela.

Carla: Aiii! Seu louco, que susto — soltou um gritinho que pareceu mais um gemido do que um grito.

Gostei. Afastou os cabelos que caiam sobre a testa. Como consegue ser tão natural? Aproximei-me e a segurei pela cintura sob o roupão que usava a girei com cuidado, para que ela pudesse olhar o que tinha atrás dela.

Carla: Que lindo! — Ela exclamou sorridente, quando avistou a piscina interligada a academia. — Nossa... Que criativo. Uma piscina que começa dentro da academia, que é envidraçada. O reflexo da água no vidro torna o ambiente claro, diferente.

Arthur: Viu? Não passaremos nosso domingo trancados o dia todo no quarto.  Podemos aproveitar tudo.

Virou-se, ficou de frente, olhou fixo em meus olhos, e ficou assim por longos segundos, sustentando o olhar, arqueou as sobrancelhas escuras e alinhadas. Pensei que fosse dizer alguma coisa, mas, não, não falou nada. Franzi o cenho em resposta, não entendi nada. Voltou a olhar compenetrada em direção a piscina.

Carla: Você é sempre assim? — perguntou sem me olhar.

Arthur: Assim... Como?

Carla: Assim... Gentil, atencioso e carinhoso? — perguntou.

Não, não sou assim. Nem sei porque estou assim. Nunca permiti que usassem minha cozinha, quem dirá a minha escova de dente.

Arthur: Nem sempre — respondi.

Carla: Entendi.

Arthur: Vamos para a piscina? — peguei em sua mão, e estava suada. Será que está nervosa? — O que foi Carla? Sua mão está molhada — falei acariciando-a na mão.

Carla: Nada demais, está calor.

Chegamos à parte externa da cobertura, onde ficava a churrasqueira e uma copa completa. Ela sentou em uma das espreguiçadeiras que ficam sobre o deck de madeira. Sentei ao seu lado na mesma espreguiçadeira, observei que está mais calada e séria.

Carla: Você faz festas aqui?

Arthur: Ah... Não. Na verdade, não tenho tempo. Sou muito ocupado, tenho que administrar duas clínicas, sem contar as cirurgias. Mas o Rodolffo se encarrega dessa parte. Sempre promove festas em sua cobertura, que por sinal é o dobro do tamanho dessa.

Carla: Rodolffo é divertido. Gostei dele.

Arthur: É? — perguntei franzindo o cenho. Será que gostou dele em outro sentido?

Carla: Sim. Ele e Juliette combinam, ela é exatamente como ele — fiquei calado. — Você deve ser mesmo muito ocupado, imagino. Eu tenho um restaurante, e isso me consome a semana inteira. Se não fosse o Alex, ficaria louca. É muita responsabilidade — o nome do babaca de novo. Bufei...

Arthur: A sei, o seu amigo e sócio. Que vez ou outra gosta de pegar no seu braço com força — amigos... Sei.

Carla: É... Aquilo que você presenciou... Não acontece com frequência — disse desviando os olhos para o sol.

Arthur: Mas acontece — disse. — Vocês não são apenas, amigos e sócios. Apesar de não nos conhecermos o suficiente, percebi o quanto ele é obsessivo por você — olhou-me surpresa, mas, acabou trocando de assunto.

Carla: Tenho vontade de fazer uma lipoaspiração — sério? Passei meus olhos avaliando seu corpo perfeito.

Arthur: Tenho certeza, que você está fazendo uma piada — disse.

Carla: Não. É sério, mas, não agora.

Arthur: Carla, você não precisa fazer nenhum procedimento estético. Posso afirmar com veemência. Você é jovem, ainda terá filhos. Pense em cirurgia plástica só depois dos filhos. Tenho pacientes novas que já não tem onde esticar, modificar. Imagino quando tiverem filhos... Irão perceber o quanto foram precipitadas — ela me olhou assustada, pensei que fosse gritar comigo.

Carla: Filhos? Não terei. Disso eu tenho certeza absoluta. Excluí dos meus planos há muitos anos. Essa suposição está fora de cogitação — nossa que desespero.

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