Capítulo 159 :

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Liguei para o Arthur, mas quem atendeu a ligação foi a Sofia.

Sofia: Alô.

Carla: Sofia?

Sofia: Sou eu, Carla! O Dr. Arthur está na sala de cirurgia e deixou o celular para eu atender as ligações para ele. Tudo bom? — perguntou-me.

Carla: Mais ou menos — minha respiração falhou.

Sofia: Aconteceu alguma coisa?

Carla: Aconteceu, mas não foi nada grave. Por coincidência encontrei a Rafaela Campelo, próximo ao atelier aonde encomendei o meu vestido de noiva. Agredimo-nos! Mas ela saiu mais machucada — sorrio.

Sofia: Que doideira! Quer vir até a clínica para conversarmos? Você pode esperar no consultório do Dr. Arthur.

Carla: Estou voltando para o meu restaurante para encontrar a Juliette. Depois passo na clínica.

Sofia: Nossa Carla! Essa Rafaela deveria estar seguindo você. É muita coincidência!

Carla: Pode ser! Ela estava totalmente transtornada.

Sofia: Você quer que eu chame o Dr. Arthur? Dou o meu jeito aqui.

Carla: Não precisa, ele pode perder a concentração com tudo isso e fazer uma besteira.

Sofia: Está bem, mas assim que ele deixar o centro cirúrgico peço a ele para entrar em contado com você.

Carla: Obrigada Sofia, tchau.

Parei ao lado do carro da Juliette e buzinei. Mas ela estava concentrada olhando para dentro do restaurante, encostada no carro com uma bermuda jeans e um cropped vermelho de alça fina. Estacionei um pouco mais à frente do carro dela e a surpreendi quando me aproximei.

Carla: Juliette!

Juliette: Porra! Deu-me um susto — olhou-me dos pés até a cabeça. — Pensei que encontraria você toda desmazelada e suja de poeira de asfalto. Enganei-me!

Carla: Eu falei que eu acabei com ela. Ela só me cuspiu e puxou os meus cabelos. Por que você não entrou? — perguntei sem entender muito o porquê de ela estar parada igual a uma estátua de frente ao restaurante.

Juliette: Aquela sua funcionária que parece com a Lady Gaga, mora na mesma vila que o Felipe. Ontem ela me viu fazendo uma cena deprimente na porta da quitinete dele. Olha o nível que cheguei... Com vergonha de uma merda dessas! — ela aponta para dentro do restaurante.

Carla: Entendo, mas o que tem isso? É comum casais brigarem. Você viu meu estado quando o Arthur me deixou. Não é vergonha nenhuma você lutar por uma pessoa que realmente goste e valha à pena.

Juliette: O que tem isso? Ela dá mole descaradamente para o Felipe, eles já ficaram e tal, mas não passou de beijos. Mas só de pensar, meu sangue ferve.

Carla: Você nunca ligou em compartilhar — lembrei-a desse detalhe.

Juliette: Não, você ainda não entendeu. Eu gosto de ser compartilhada e não compartilhar o que é meu.

Carla: Bacana! — disse ainda sem entender. — Ele está aí? — perguntei.

Juliette: Ainda não chegou — ela respondeu e olhou para o relógio dourado no pulso. — Já são quase 18h.

Carla: Geralmente nesse horário ele é dispensado aqui do restaurante — falei ainda um pouco perplexa em constatar o estado em que ela se encontra. Sempre a apaixonada e sofredora fui eu, vê-la nesta situação é deprimente. — O que você pretende fazer? — perguntei preocupada com ela.

Juliette: Não sei. Carlinha, eu só posso estar doente por ele. De onde surgiu essa sina, essa necessidade excruciante de ter insanamente esse garoto? Eu vou morrer se ele não me perdoar.

Carla: Nossa... Choquei! Essa é a Juliette Freire que conheço desde o primário escolar? Amiga como eu posso te ajudar?

Juliette: Ligue do seu celular para ele, assim que atender passe para mim — fiz o que ela pediu.

Carla: Ele atendeu — falei baixinho com a mão abafando o telefone.

Juliette: Oi — ela ficou quieta. — Por quê? Eu preciso ver você agora. Não foi exatamente uma traição. Porra... Você quer que eu morra com essa angústia no peito? Eu preciso de você Felipe. Eu... Eu... Não desligue! — Ela me devolveu o celular e pela primeira vez desde que nos conhecemos, vejo Juliette chorar por um homem. — Ai minha amiga... Não sei o que fazer — abracei-a com ternura e tentei confortá-la igual fez comigo durante tantos anos. Acabei chorando também.

Carla: Juliette, me conte toda a verdade. Eu preciso saber o que realmente aconteceu — ela se afastou e fitou-me com o olhar triste.

Juliette: Amiga, antes de ontem ele me procurou em meu apartamento com um buquê de flores, mas assim que eu o atendi, se deparou comigo nua e acompanhada de dois bofes, um deles era o Rodolffo.

Rodolffo e Sofia não estão em um relacionamento sério, mas achei os dois tão fofos juntos que jamais imaginaria essa atitude vinda dele. Quer dizer, dele espero tudo!

Carla: Você é louca? Por que o atendeu? Você queria magoá-lo? Sua desvairada da cabeça!

Juliette: Eu sei, mas no mesmo instante que vi o desprezo nos olhos dele, arrependi-me amargamente. Eu não queria ter feito aquilo, mas eu precisava provar a mim mesma que todo esse sentimento devastador e doloroso que estou sentindo, eu poderia controlar e voltar a ser quem eu sempre fui antes de nos envolvermos.

Carla: Juliette ele está magoado e desprezando você com total razão. Desculpe, mas você foi uma filha da puta fazendo essa babaquice com o garoto.

Juliette: Eu sei. Eu havia prometido a ele enquanto gozava que não o trairia. Eu estava gozando... Eu menti!

Carla: Entendo! Já passei por isso — sorrio saudosamente. — Formar uma opinião em relação a este assunto é muito complicado, consigo entender tanto o lado dele quanto o seu. Ju se vocês haviam combinado algo, era para ser respeitado.

Juliette: Tudo começou no aniversário do Rodolffo, quando ele desistiu bem na hora do vamos ver. O Felipe não teve muitas experiências, tudo para ele é novidade, então achei que ele fosse gostar tanto quanto eu. Enganei-me!

Carla: Se você viu que o menino não era adepto a isso, para que insistiu nessa história?

Juliette: EU NÃO SEI! — ela gritou e suas lágrimas intensificaram-se.

Carla: Desculpe! — Ela fechou os olhos com força e fez um coque nos cabelos, abriu os olhos e falou:

Juliette: Não me conformo com o desprezo dele, nunca passei por isso antes. Essa porra toda me pegou desprevenida.

Carla: Vamos entrar e tomar um suco de maracujá — eu disse tentando diminuir a angustia dela.

Juliette: Não. Vou atrás dele — ela disse abrindo a porta do carro. — Vou tentar reconquistá-lo de novo — entrou em seu carro vermelho e saiu feito uma doida.

Carla: Que dia! — Olho para a parte interna do restaurante e aceno para o Marcelo que recebia alguns clientes.

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